𝚌𝚊𝚙𝚒́𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟾

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Paul despertou com um raio de luz que entrou pela janela direto em seu olho, o sol estava amanhecendo do lado de fora, e após algumas piscadas sonolentas percebeu que estava abraçado de frente com Franco, que adormecia profundamente com uma expres...

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Paul despertou com um raio de luz que entrou pela janela direto em seu olho, o sol estava amanhecendo do lado de fora, e após algumas piscadas sonolentas percebeu que estava abraçado de frente com Franco, que adormecia profundamente com uma expressão de serenidade... Poucos centímetros separavam seus lábios, ele conseguia sentir o vapor quente que saia das narinas com a respiração dele, Paul admirou aquela visão quase celestial do homem que ele amava dormindo ao seu lado pela primeira vez... E ele notou que o pau de Franco estava duro e fazendo volume na calça jeans.

Se sentou na beirada da cama, apoiou os cotovelos nas coxas e esfregou o rosto com as mãos, respirando fundo e bagunçando o próprio cabelo suado, seus pensamentos estavam embaralhados e ele não sabia o que fazer com aquele sentimento que sufocava seu peito.

Ele desceu as escadas e foi para a cozinha, passou um café preto e bem forte e encostou no balcão pra tomar, decidiu colocar um pouco de whisky pra ajudar a se sentir melhor.

-Foi a minha primeira noite sem pesadelos em uma semana - disse Franco, encostado no batente da porta, acendendo um cigarro - Dormi igual uma pedra.

Paul assentiu, oferecendo café:
-Com whisky, ou sem?
-Você me conhece né, já sabe a resposta.

Os dois foram para a varanda apreciar o nascer do sol no horizonte, sentaram nos degraus e ficaram em silêncio, até que Franco falou:
-Quero ir no rodeio essa noite.

Paul ficou surpreso, não esperava por aquilo naquele momento:
-Tem certeza?

-Tô me matando aos poucos ficando preso nesse lugar o tempo inteiro - ele suspirou, segurando o choro - Preciso lembrar como é ter uma vida normal de volta, sem chorar toda vez que ouço a porra da buzina de um caminhão.

...

E assim eles fizeram, vestiram os chapéus, calçaram as botas texanas e as calças de montaria, encheram a traseira da caminhonete de whisky e cerveja e saíram acelerando quando deu sete horas da noite.

O rodeio estava lotado, a cidade inteira tinha ido prestigiar, era o único evento anual de graça então as pessoas sempre ficavam animadas.

Barracas de comida e bebida cercavam o parque de diversões, um pouco mais à frente ficava a arquibancada e o centro do rodeio, aonde acontecia a competição e as cavalgadas

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Barracas de comida e bebida cercavam o parque de diversões, um pouco mais à frente ficava a arquibancada e o centro do rodeio, aonde acontecia a competição e as cavalgadas.

Os dois cowboys se sentaram na traseira da camionete e começaram a beber como se não houvesse amanhã, viraram whiskey puro, depois cerveja atrás de cerveja, Franco estava rindo depois de muito tempo, não falava nada com nada e estava eufórico.

Ele puxou Paul até o touro mecânico e disse:
-Talvez eu quebre o pescoço - rindo segurando no ombro do amigo - Então por favor, grave isso.

Segurando firme, ele montou e girou com violência encima do touro mecânico, as coxas fortes mantendo o corpo dele firme e curvado pra frente, o chapéu saiu voando revelando aquele cabelo brilhoso e úmido de suor, ele ria e levantou um braço gritando igual cowboy.

Quando saiu, estava cambaleando de bêbado e de tontura, os dois andaram abraçados até a arquibancada e vibraram muito com as atrações e a competição de laço, Paul estava feliz por sentir que seu amigo ainda tinha alguma alegria dentro de si.

-Vou dar uma mijada - disse Franco, no ouvido dele - Já volto.

-Beleza.

O problema foi que após vinte minutos, Franco ainda não tinha voltado do banheiro, Paul começou a desconfiar e decidiu ir atrás do amigo, procurou na fila das cabines e nada dele, então saiu andando pra ver se o encontrava, e conforme não foi achando começou a sentir uma sensação ruim, uma angústia.

Chegou na caminhonete e nada de Franco, ele então soube que algo ruim estava para acontecer, e por puro instinto, saiu correndo em direção a rodovia.

Franco estava parado no meio da pista, e seu corpo já estava iluminado com a luz alta de um caminhão que se aproximava à toda velocidade, Paul sentiu um frio na espinha antes de sair correndo, ele apenas focou no amigo e sentiu o chão deslizar sob seus pés... O caminhão já buzinava incessantemente quando no último segundo Paul empurrou Franco para fora da pista usando o próprio corpo, os dois rolaram no chão sentindo a rajada forte de vento que ficou após o caminhão passar.

Quando pararam de rolar, Franco ficou por cima, ele inflou as narinas e deu um soco certeiro no nariz de Paul:
-SEU DESGRAÇADO - gritou, com a voz rouca - NÃO DEVIA TER ME TIRADO DE LÁ, EU FINALMENTE CRIEI CORAGEM!

Paul, que cuspiu sangue pro lado, empurrou ele de cima e ficou de pé, batendo na poeira da roupa, e quando se virou novamente sentiu o impacto de outro soco, os dois começaram uma luta corporal violenta, pontapés e joelhadas trocadas até que ambos estivessem sangrando e ofegantes, quando Franco caiu de joelhos, chorando com o rosto lavado de vermelho vivo:
-Eu não mereço viver, não depois de tirar a chance da minha própria filha de existir nesse mundo!

Paul ajoelhou na frente dele, segurou o rosto do Franco com ambas as mãos e o olhou nos olhos:
-E eu não mereço te perder Franco - ele sentiu as lágrimas escorrerem - Eu preciso de você pra respirar, meus dias só tem alguma importância porque eu sei que vou ter você no fim de tarde, sei que vou ouvir sua risada e me sentir visto sempre que seus olhos cruzam com os meus, eu te amo como nunca amei nada e nem ninguém em todos os anos da minha vida, eu posso me arrepender do que estou dizendo, porque é loucura, mas eu te amo e vou lutar por você até o fim, mesmo que isso custe a minha vida, eu abro mão do meu sonho e das minhas vontades só pra ficar do seu lado, eu te amo com toda a porra da minha alma.

Franco ficou boquiaberto, sem palavras, os olhos cheios d'água e sangue escorrendo nos cantos do lábios, até que ele após piscar algumas vezes, beijou Paul.

Os dois se beijaram ali, ajoelhados na beira da rodovia, em meio a sangue e lágrimas, aqueles dois homens não sabiam o que estava acontecendo, mas sabiam que suas almas estavam eternamente entrelaçadas.

𝐀 𝐮́𝐥𝐭𝐢𝐦𝐚 𝐯𝐢́𝐭𝐢𝐦𝐚 𝐧𝐨 𝐓𝐞𝐱𝐚𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora