A dor de uma cicatriz

80 9 6
                                    

Já no outro dia, Emily estava acabada. Quando se levantou da cama, quase caiu de fraqueza. Foi até seu banheiro, com o rosto inchado de tanto chorar. Seu celular começou a tocar; era Henry, seu assistente.

- Oi! - fala Emily.

- Aonde você está? Estamos te esperando para as fotos. - fala Henry.

- Fotos? Aí, meu Deus! É hoje o ensaio de fotos. Calma, já estou chegando! - fala Emily.

Emily desliga o celular e começa a se arrumar rapidamente. Ao chegar à empresa, já é levada para o camarim para se preparar. Quando estava apenas com suas peças íntimas, alguém abre a porta.

- Aí! Me perdoe! Pensei que era o banheiro. - fala Cinthia.

Emily se vira para ela com uma expressão de deboche.

- Sério? Tem uma placa imensa na frente da porta, escrito: Camarim Emily. - fala Emily.

- Eu nem percebi! Perdão! - fala Cinthia.

Cinthia olha para Emily de cima para baixo. Ela foca fixamente no abdômen de Emily e vê uma cicatriz não muito notável. Ao vê-la, abre um sorriso perverso.

- Tá olhando o quê?! Gostou? - pergunta Emily, franzindo as sobrancelhas.

- Não, não é nada, só fiquei... abismada ao ver essa cicatriz. Fez alguma cirurgia? - pergunta Cinthia.

Emily abaixa a cabeça.

- Pode sair? Por favor! - pede Emily.

Cinthia resmunga e sai da sala. Depois de tirar todas as fotos, Emily volta para casa. Ao entrar no seu carro, ela começa a ver relances, memórias. Ela conseguia se lembrar do choro e da dor, do sangue escorrendo de suas pernas. Esses pensamentos vão embora com a notificação de mensagem que chega ao celular de Emily.

Era Melody.

*Amiga! Você não sabe quem foi solto da prisão... Fábio... Mas fica tranquila, vou ficar perto da sua mãe para qualquer coisa. - mensagem de Melody.*

Ao ver isso, Emily começa a ter lembranças piores, os gritos, a dor. Minha mãe conheceu ele em um site de namoro. Quando o conheci, ele era tão legal... Depois de dois meses, ele começou a mostrar seu lado ruim. A maioria das vezes que eu chegava da escola, via minha mãe chorando. Ele tentava me... invadir... tocar em mim. Minha mãe me trancava no quarto e ficava na porta, impedindo-o de entrar, mas nem sempre dava certo...

*Outra notificação de mensagem*

O barulho de outra notificação tirou Emily de suas lembranças pavorosas novamente. Era Carter.

*Emy, Vanessa quis buscar Riley para passar a noite com ela. Que tal vir passar a noite aqui?*

Emily respira fundo e responde: *Boa ideia, apareço aí umas 20 horas.*

Emily desliga o celular e encosta sua cabeça no banco. Depois de um tempo, vai embora. Cinco minutos depois das 20 horas, Emily chega à casa de Carter. Carter abre a porta e sorrir ao vê-la.

- Oi, meu bem! - fala Emily, dando um selinho em Carter.

Emily entra, e ao jogar sua bolsa no sofá, Carter a pega no colo.

- Que isso? - pergunta Emily.

- Achou mesmo que íamos ficar aqui assistindo a filme e conversando? Não, não, vamos logo para o quarto. - fala Carter, subindo as escadas.

Emily ri. Os dois entram no quarto e, depois de uns 30 minutos, se jogam na cama, ofegantes e suados. Carter deita a cabeça no ombro de Emily, que a acaricia.

A garota inesquecível Onde histórias criam vida. Descubra agora