Quando eu me perdi..

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Eu me perdi no meu próprio quarto, jogada ao chão, segurando os joelhos de tanta dor que sentia. Tudo começou em abril, quando minha mãe começou a namorar um cara que conheceu na internet. Ele parecia gentil e educado; me tratava bem. Até que um dia percebi que ele seria um demônio na minha vida. Era uma sexta-feira, o dia em que ele ia à minha casa passar a noite com minha mãe. Eu ficava no meu quarto para não os atrapalhar. Minha mãe sempre pedia lanches e, nesse dia, decidiu que ia fazer um prato especial.

Com isso, ela me falou que ia até o mercado porque tinha esquecido de comprar algo importante para a receita. Naquele momento, algo na minha cabeça dizia para eu ir comprar para ela, mas decidi ficar em casa sozinha com aquele monstro.

Sempre, antes de ir para o meu quarto, eu tomava um banho. Peguei minhas coisas e fui para o banheiro. Enquanto estava indo para lá, percebi que ele me observava da sala. Isso me deixou desconfortável, mas deixei para lá e entrei no banheiro. Na casa da minha mãe, sempre tínhamos uma segunda chave de todos os cômodos, até mesmo do banheiro.

Ele achou a chave. O espelho do banheiro estava embaçado por conta da água quente, e, sem que eu percebesse, fui pega de surpresa: ele abriu a porta com toda a delicadeza para eu não vê-lo. Ele abriu a porta do box com força, e eu me assustei e logo gritei: "O que faz aqui? Seu maluco!" Ele não me respondeu, e foi nesse dia que me senti calada para sempre. Ele me tocou sem meu consentimento; foi como se tivesse tirado parte da minha alma.

Ele me ameaçou dizendo: "Se contar para qualquer pessoa, mato sua mãe e seu namoradinho de merda também!" Eu me guardei, pensando que só eu seria torturada, mas ele também machucava minha mãe. Ela sempre tentava me defender, barrando a porta do meu quarto quando ele tinha ataques de raiva, mas nunca conseguia contê-lo.

Cada vez que ele me batia ou me tocava, era como se eu fosse um vidro que se rachava a cada acontecimento. Eu me perdi quando pensei que seria livre, mas acabei em uma poça de sangue. Aconteceu em uma quinta-feira de julho. Quando cheguei da escola, decidi que não suportaria mais esses abusos. Contei à minha mãe e arquitetamos um plano.

Precisávamos de provas, então decidimos gravá-lo. Quinta-feira era o dia em que ele voltava bêbado do bar, então preparamos tudo. Quando ele foi bater na minha mãe, percebeu a câmera. Ele a quebrou e começou a gritar: "Foi você, né, Emma? Sua vaca!" Eu corri para o meu quarto, e ele logo veio atrás, caindo pela casa embriagado.

Consegui me trancar no quarto, e ele batia na porta e chutava. Minha mãe tentava impedir, e, quando tentou tirá-lo de lá pela quinta vez, ele a empurrou da escada. Minha mãe caiu escada abaixo e desmaiou. Ele arrombou meu quarto e começou a me bater; me socava e me chutava. E ele não me chutava em qualquer parte; ele me chutava no abdômen. Eu não contei, mas ele deve ter me chutado naquela região por cerca de 15 vezes.

Depois de um tempo, ele parou e saiu de casa. Só lembro de me encolher de dor e ver minha mãe gritando desesperada pelo telefone para chamar uma ambulância. Eu olhei para baixo e vi que tinha começado um sangramento, e, depois disso, tudo ficou escuro e frio...

- Emily, meu amor! - grita Carter, trazendo Emily de volta ao presente.

Emily abre os olhos e respira aliviada.

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