Onze

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O lugar onde eu estava era escuro. Meio sombrio. Era gelado e talvez solitário.

Eu não enxergava nada. Nem eu mesmo. Mas eu sentia que estava deitado em uma superfície plana. Talvez eu esteja deitado no chão do abismo.

Eu não me importaria de morrer aqui. Agora.

Afinal, eu não tinha nada.

A areia era a única que tinha me acompanhado desde sempre, a única que nunca tinha me deixado, mas até ela se cansou.

A lembrança do momento em que fui perfurado se repete como um looping infinito em minha mente.

Eu nunca tinha sentido dor física.

A areia estava sempre ali me auxiliando, me protegendo.

As vezes eu caio na inconsciência, não sei quanto tempo passa. Mas algo sempre me acorda.

Uma voz. Sempre a mesma voz.

"Lute por mim e eu viverei por você".

Eu não sei o que significa essa frase. Na real eu não consigo pensar em muitas coisas no momento.

Eu não consigo ficar muito tempo acordado. E quando eu fico, eu estou sempre em estado vegetativo. Não penso em nada em específico.

Minha mente fica em Branco, e a única coisa que eu consigo raciocinar é que eu morri.

Será que isso é a pós morte? Eu vou ficar assim pra sempre?

Seria trágico. E eu não sei se suportaria. É tedioso. Eu me sinto imponente. Agoniado. Sufocado.

Não sei. Eu não consigo pensar em muita coisa. Mas eu não gosto da sensação de ficar aqui.

Estava prestes a cair na inconsciência de novo, quando ouço uma voz. Era uma voz diferente, e eu nunca a tinha ouvido.

"Volte, volta para mim, para nós. Apenas volte bebê"

Eu não conhecia essa voz. Não tinha lembranças com ela. Mas eu sentia que a conhecia.

Eu tive reconhecimento. Me senti quente.

E então, senti dor.

Abri meus olhos com calma e me deparei com um teto escuro, em um lugar fechado.

Meu abdômen doía como o inferno, e eu nunca tinha sentido tamanha dor em minha vida.

Me sentei com cuidado no que parecia ser uma caverna.

O que aconteceu?

Enquanto tentava raciocinar, ainda confuso, uma fina camada de areia veio em meu rumo.

Eu fiquei estático, não sabia como reagir.

Foi então que a areia me abraçou.

Ela me envolveu dentro de si e fez um casulo em minha volta. Me senti acolhido. E então, eu chorei.

Agarrei a areia que se tornou sólida, e a abracei enquanto lágrimas desciam pelo meu rosto e eu soluçava em um choro sofrido.

-vo'você me a'aban'donou!- digo entre soluços enquanto choro agarrado a única coisa que esteve presente em toda a minha vida.

A dor em meu coração cobriu a dor física. Eu me entreguei a areia e dormi em meio ao choro.

Quando acordei de novo, já não sentia tanta dor física e então eu fui explorar o local.

Quando estava dormindo, a areia me mostrou o que aconteceu depois que eu desmaiei.

E eu perdoei a areia depois de ver o que ela fez por mim.

A caverna era extensa, tinha um lago no meio dela com águas cristalinas, e várias repartições.

Dava pra morar ali tranquilamente.

Fui em busca da saída da caverna, e depois de subir por um corredor escuro, finalmente encontrei a saída em um local discreto a baixo de uma Rocha.

Já estava de noite, não tinha noção de que horas ou que dia.

Ao meu redor, só havia uma imensidão escura e fria. Eu estava longe da cidade.

O silêncio era reconfortante. O vento frio me abraçava e as estrelas pareciam dançar para mim.

Sentei em cima da Rocha e simplesmente observei.

Me sentia em casa.

Eu não tinha para quem voltar.

E eu não queria voltar para a cidade, não ainda.

Eu gostava do submundo, e um dia eu ainda ia voltar. Mas não agora.

No meio da noite, tomei duas decisões.

A primeira, eu iria me fundir com a areia. Seríamos um só.

Eu sou o mestre da areia, mas eu nunca a tinha reivindicado.

Ali, sozinho, sendo observado pelas estrelas, cortei minha mão deixando pingar sangue na areia.

Desenhei alguns símbolos e deixei meu sangue circular pela areia.

De repente, uma luz verde saiu dos símbolos e entrou dentro de mim.

Senti arrepios pelo meu corpo, e a luz me envolvia todo.

A parte da areia que estava os símbolos, veio até mim e se fundiu em mim.

Eu fiquei tonto por alguns segundos e o deserto se agitou.

Quando tudo se acalmou, e eu parei de brilhar, senti o poder em minhas veias.

Estava feito. Eu era o mestre da areia. Eu e a areia éramos apenas um.

Para testar um pouco, peguei uma lâmina que eu encontrei perdida ali, e cortei minha mão fora.

Minha mão virou e se regenerou.

Sorri quando minha mão voltou ao normal.

Me matem agora seus filhos da puta!

A segunda decisão que tomei, era que eu iria viajar.

Eu nunca saí dessa cidade, não conheço o mundo. Então, eu vou sair, conhecer e curti o mundo. Quando eu sentir que já está bom, eu volto.

Olhei mais uma vez para a caverna, olhei para o rumo onde deveria ficar a cidade, e saí na direção oposta.

A areia abria caminho para mim e me guiava.

Eu renasci, é agora que eu recomeço minha história.

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Essa faculdade tá fritando meus neurônios e me deixando sem inspiração.

Vocês sentiam um de javú com a caverna?

Vocês tem alguma dica, alguma coisa que vocês querem que eu coloque na fic?

Eu não tenho mais rascunhos, daqui pra frente eu vou escrevendo e postando, então se vocês quiserem que eu coloque alguma coisa, só dizer.

E é isso, bebam água, passem protetor solar, descansem bastante e se cuidem.

Dois beijossss

O Deserto Me Trouxe Você Onde histórias criam vida. Descubra agora