PRÓLOGO

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  A casa vazia de vista para a praia escura me fazia bem. Eu não me sentia solitária e com toda certeza sei que aqui é o melhor refúgio para mim e meus pensamentos.

Os tons escuros estavam por todos os lados, mas não significavam tristeza, pois momentos bons estavam ali entranhados entre as paredes. Dentre todos os grandes cômodos da casa, eu passei mais tempo na sala de estudos me entretendo com coisas novas quando a governanta Lillian não estava me ensinando ética, etiqueta e a história da magia e de minha família.

  Encaro mais uma vez o quarto cinzento que me fizera companhia em noites de insônia junto de algum livro escrito por algum trouxa, livros esses que contavam sobre o mundo, um mundo que eu nunca vi pessoalmente. Cheio de alegria, cores, parques, amigos, e muitas outras coisas.

Eu não veria esse lugar por um longo tempo, mas não sei dizer se isso é realmente ruim ou bom. A governanta havia me contado ontem a noite que sairiamos após o almoço e que era para mim fazer uma pequena mala com roupas. Até agora, não tenho muita certeza para onde vamos.

Segundo Lillian e suas histórias nas quais não sei dizer ao certo quais são verdadeiras e quais são devaneios de sua cabeça, ela diz que sou de uma longa linguagem Puro-Sangue, o que em suas palavras quer dizer que tenho Puro-Sangue bruxo em minhas veias e sei usar magia, o que faz certo sentido. Fiz coisas desaparecerem sem querer nos últimos meses, sem falar que fiz o cabelo da própria governanta e minha única companhia mudar de um lindo tom de loiro para um laranja horroroso por causa de uma pequena intriga que tivemos. Não sei descrever como, mas, esse tipo de coisa vem ficando comum para mim.

Ela também diz que meus pais eram importantes antes de morrerem, e que eu devo seguir o exemplo de suas histórias, histórias essas que a mulher fez questão de me contar várias vezes sem se cansar, ela parecia.... Os admirar.

Outra coisa que ela vive dizendo é que meus padrinhos são poderosos, ainda mais do que meus pais eram. Mas ela quase nunca menciona os nomes deles ou seus feitos, sempre que os faz é de um modo diferente do que faz com meus pais, parece que ela tem um certo medo de dizer seus nomes.

Lúcio e Narcisa Malfoy são eles.

Há uma pintura deles no corredor do meu quarto, eles tem um ar diferente, um ar que combina com a casa, um ar de alguém que eu deveria temer. O olhar dos dois combinam e é misterioso.

  Nunca os vi pessoalmente, mas Narcisa envia cartas de forma periódica perguntando sobre meus ensinamentos e evolução, sem falar que ela também envia dinheiro suficiente para Lillian receber uma quantia como salário e sobrevivermos com a outra parte comprando itens em um armazém local.

— Tahlia! -Ouvi a voz de Lillian no andar de baixo. — Venha logo ou iremos nos atrasar, querida!

  Ela tinha uma entonação estridente e mandona na voz, eu deveria a ouvir. Vesti meu casaco e saí do quarto fechando a porta. Esta foi a minha última vez em casa por longos meses e nem sabia.

ANGRY AND DESIRE | Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora