As Escolhas Que Não Fiz

Primeiros Laços e Primeiros Erros

Alice já estava acostumada ao novo ambiente de trabalho. O que antes era um território desconhecido, agora começava a se transformar em um lugar de conforto. As semanas passavam rapidamente, e as rotinas do escritório se tornavam parte da sua vida. Mas, além das tarefas diárias, algo mais profundo estava acontecendo: as conexões que ela estava formando com Davi e Eduardo.

Davi, sempre expansivo e com um sorriso fácil, era o centro das atenções. Ele sabia como animar o ambiente, e seus comentários espirituosos frequentemente arrancavam risadas dos colegas. Eduardo, por outro lado, era a figura oposta. Quieto, observador, ele parecia estar sempre a par de tudo, mas preferia ficar à margem, apenas oferecendo suas opiniões quando necessário.

Alice gostava da companhia dos dois. Os almoços se tornaram momentos de descontração, onde eles compartilhavam histórias, sonhos e risos. Com Davi, tudo era leve, divertido, mas superficial. Ele fazia Alice se sentir especial, sempre a envolvendo em conversas e prestando atenção em seus mínimos gestos. Eduardo, contudo, oferecia algo diferente. Suas palavras eram poucas, mas quando ele falava, Alice sentia que havia uma profundidade ali, um entendimento que ia além das palavras.

Foi durante um desses almoços que Davi tomou coragem e convidou Alice para sair. Sem pensar muito, ela aceitou. Afinal, ele era divertido e parecia estar genuinamente interessado nela. O primeiro encontro foi agradável; eles riram, conversaram e, pela primeira vez, Alice se permitiu imaginar um futuro ao lado de alguém. Davi, com seu jeito envolvente, rapidamente a convenceu a começar um relacionamento.

No entanto, o que Alice não esperava era o quanto Davi mudaria assim que eles se tornaram um casal. O que antes era charme, agora parecia controle. Ele queria saber de cada movimento seu, de cada pessoa com quem ela conversava. Aos poucos, Alice começou a se sentir sufocada. As conversas que antes a faziam sorrir, agora a deixavam ansiosa. E enquanto isso acontecia, ela não podia deixar de notar Eduardo, sempre ali, quieto, mas presente, oferecendo um conforto silencioso que Davi nunca poderia proporcionar.

Apesar de tudo, Alice tentou fazer o relacionamento funcionar. Talvez fosse sua inexperiência, talvez o medo de estar sozinha. Mas, cada vez mais, ela se via pensando em Eduardo, em como ele era diferente de Davi, em como ele poderia ter sido a escolha certa desde o início. Mas o tempo estava passando, e as escolhas que ela fez já haviam começado a moldar seu futuro.

E assim, mesmo sem perceber, Alice começou a construir as bases para um arrependimento que carregaria consigo por muitos anos.