O Peso das Decisões

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O relacionamento com Davi havia se tornado um fardo pesado para Alice. As primeiras semanas de romance, que antes traziam a excitação do novo, foram rapidamente substituídas por dúvidas e desconforto. A atenção constante que ele lhe dava agora parecia sufocante. As discussões, antes pequenas e sem importância, começaram a se tornar frequentes, cada uma delas deixando Alice mais exausta e distante.

Enquanto Davi tentava controlar cada aspecto de sua vida, Alice se sentia cada vez mais aprisionada. Ela não reconhecia mais aquela pessoa que parecia tão encantadora no início. As atitudes possessivas de Davi a deixavam nervosa, e o que ela mais desejava era voltar ao tempo em que tudo era simples, quando Eduardo estava por perto, oferecendo sua companhia tranquila.

Eduardo continuava a fazer parte do círculo social de Alice e Davi, mas ele parecia perceber que algo estava errado. Embora mantivesse sua distância, os momentos em que ele e Alice trocavam olhares silenciosos tornaram-se cada vez mais carregados de significados não ditos. Eduardo nunca perguntava sobre o relacionamento de Alice com Davi, mas ela sentia que ele sabia que as coisas não estavam bem.

Uma tarde, depois de mais uma briga com Davi, Alice se viu sozinha na sala de descanso do escritório, tentando conter as lágrimas. Eduardo entrou, como sempre, quieto e observador. Ele hesitou por um momento ao perceber o estado de Alice, mas se aproximou, sentando-se ao seu lado.

"Você está bem?" Eduardo perguntou, sua voz suave, sem forçar uma resposta.

Alice, sentindo-se no limite, desabafou. Contou a ele sobre as constantes brigas, sobre como se sentia presa, e sobre como Davi não era o homem que ela pensava que fosse. Eduardo ouviu em silêncio, seus olhos mostrando uma compreensão profunda, mas também algo mais — uma tristeza que ele tentava esconder.

Quando Alice terminou, sentindo-se mais leve por ter finalmente compartilhado suas frustrações, Eduardo apenas disse: "Você merece ser feliz, Alice. Não se esqueça disso."

Aquelas palavras, simples como eram, mexeram profundamente com Alice. Elas eram um lembrete de que ela ainda tinha escolhas, de que ainda podia buscar a felicidade que tanto desejava. Mas junto com esse conforto veio a dor de uma realização: se ela tivesse escolhido Eduardo desde o início, talvez nunca tivesse passado por tudo aquilo. Talvez, ao lado dele, a vida fosse diferente — mais serena, mais plena.

Nos dias que se seguiram, Alice tomou a decisão difícil de terminar com Davi. A conversa foi dolorosa, mas necessária. Davi, inicialmente surpreso, tentou convencê-la a reconsiderar, mas Alice estava decidida. Ela precisava recuperar a si mesma, encontrar novamente aquela pessoa que havia se perdido no meio de tanto caos.

No entanto, mesmo após o término, Alice não conseguia evitar os pensamentos sobre Eduardo. A proximidade diária no trabalho era um lembrete constante do que poderia ter sido. Ela se perguntava se ele também sentia algo por ela, ou se ele, como sempre, preferia manter seus sentimentos escondidos, protegidos pela sua reserva habitual.

Mas o tempo estava passando, e Eduardo, sempre tão distante, nunca deu um passo em direção a ela. Assim, Alice começou a se perguntar se ele já havia percebido seus sentimentos, e se, por algum motivo, escolheu ignorá-los. Cada encontro casual, cada olhar trocado, carregava um peso que ambos pareciam evitar.

E, assim, o arrependimento começou a se instalar. Alice não só lamentava o relacionamento fracassado com Davi, mas também a oportunidade perdida com Eduardo, aquela que talvez nunca tivesse realmente existido. Ela estava aprendendo da maneira mais difícil que, às vezes, as decisões que tomamos podem nos assombrar por toda a vida.

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