As Escolhas Que Não Fiz

Aceitação e Despedidas

A revelação de Eduardo deixou Alice atordoada. As palavras dele ecoaram em sua mente por dias, tornando impossível para ela se concentrar em qualquer outra coisa. A confissão que ela sempre sonhou ouvir finalmente aconteceu, mas ao invés de trazer alívio, trouxe uma nova carga de incerteza e dor.

Alice passou noites em claro, revivendo cada momento, cada conversa que tiveram no passado. Ela se perguntava como poderia ter sido diferente se Eduardo tivesse tido coragem de falar antes. No entanto, ao mesmo tempo, ela sabia que viver no “e se” não mudaria a realidade que eles enfrentavam agora. Eduardo estava casado, comprometido com outra pessoa, e Alice precisava respeitar isso — mesmo que seu coração ainda estivesse profundamente ligado a ele.

Os dias passaram lentamente, e Alice tentou manter a normalidade em sua vida, mas tudo parecia fora de lugar. Cada lugar que visitava, cada conversa que tinha, parecia de alguma forma ligada a Eduardo. Ela se sentia presa em um ciclo de arrependimento e dor, e sabia que precisava encontrar uma maneira de seguir em frente.

Certa tarde, quando Alice estava prestes a sair do trabalho, Eduardo apareceu em sua mesa. Ele estava mais sério do que o habitual, o que a fez perceber que algo importante estava por vir.

"Podemos conversar?" ele perguntou, sua voz tranquila, mas carregada de tensão.

Alice assentiu, e os dois saíram juntos para o café onde tinham se reencontrado semanas antes. O ambiente estava silencioso, quase deserto, criando a atmosfera perfeita para uma conversa séria. Eles se sentaram em uma mesa afastada, e por alguns minutos, nenhum dos dois disse uma palavra.

Finalmente, Eduardo quebrou o silêncio. "Alice, eu tenho pensado muito sobre o que conversamos da última vez. Sobre o que poderia ter sido, e sobre o que é agora."

Ela o observava atentamente, sentindo que estava prestes a ouvir algo que poderia finalmente trazer algum tipo de resolução.

"Eu não posso mudar o passado," ele continuou, "e não posso desfazer as escolhas que fiz. Eu escolhi me casar, construir uma vida com outra pessoa, e não seria justo com ela ou comigo mesmo tentar reviver algo que ficou no passado. Mas eu precisava que você soubesse o que eu sentia, para que talvez pudéssemos encontrar algum tipo de encerramento para tudo isso."

Alice sentiu uma dor aguda no peito ao ouvir aquelas palavras, mas ao mesmo tempo, uma pequena parte dela sabia que ele estava certo. Havia algo de honrado em sua atitude, em reconhecer os erros e as omissões, mas também em aceitar as consequências de suas escolhas.

"Eu entendo," Alice respondeu, sua voz calma, apesar da turbulência interna. "Eu também me pergunto o que poderia ter sido, mas acho que... é hora de aceitar que algumas coisas simplesmente não estavam destinadas a acontecer."

Eduardo parecia aliviado com a resposta dela, mas ao mesmo tempo, havia tristeza em seus olhos. "Eu só espero que um dia você consiga encontrar alguém que te faça feliz, Alice. Alguém que possa te dar o que eu não pude."

Ela sorriu levemente, tentando segurar as lágrimas. "E eu espero que você encontre paz com as escolhas que fez, Eduardo."

A conversa terminou em um silêncio confortável, ambos sabendo que, finalmente, haviam dito o que precisava ser dito. Eles se levantaram, trocaram um abraço apertado, e se despediram.

Ao sair do café, Alice sentiu como se um peso tivesse sido tirado de seus ombros. A dor ainda estava lá, mas de alguma forma, era mais leve. Ela sabia que ainda teria momentos em que se perguntaria sobre o que poderia ter sido, mas agora estava pronta para seguir em frente.

Alice voltou a se concentrar em sua vida, em seus próprios sonhos e ambições. Aos poucos, ela começou a redescobrir a alegria em coisas simples, a encontrar paz na aceitação de que algumas histórias não têm o final que desejamos, mas ainda assim, podem nos ensinar muito.

O tempo passou, e as lembranças de Eduardo foram se tornando mais distantes, menos dolorosas. Alice sabia que nunca o esqueceria completamente, mas agora, ao invés de arrependimento, ela sentia gratidão. Gratidão pelo que aprendera, pelo amor que um dia sentiu, e pela força que encontrou em si mesma para seguir em frente.

Assim, Alice finalmente se despediu do passado, pronta para abraçar as novas oportunidades que a vida ainda tinha a oferecer.