As Escolhas Que Não Fiz

Caminhos que se Separam

Depois do término com Davi, Alice começou a reconstruir sua vida. Ela se dedicou ao trabalho, tentando afastar os pensamentos que insistiam em retornar, como fantasmas de um passado recente. O escritório, que antes parecia ser um lugar de esperança e novas possibilidades, agora era um campo minado de lembranças dolorosas e perguntas não respondidas.

Eduardo permaneceu próximo, mas ainda inacessível. Apesar do apoio silencioso que ele sempre oferecia, algo parecia ter mudado entre eles. As conversas que antes fluíam com naturalidade agora eram pontuadas por silêncios incômodos. Alice queria se aproximar, queria que Eduardo soubesse o quanto ela valorizava sua presença, mas as palavras sempre falhavam quando mais precisava delas.

O tempo passou, e Alice se forçou a seguir em frente. Ela começou a sair com novas pessoas, a experimentar novos hobbies, tentando preencher o vazio deixado por suas experiências recentes. Mas, no fundo, uma parte dela ainda se perguntava sobre Eduardo, sobre o que poderia ter sido se as coisas tivessem acontecido de outra forma.

Foi durante uma dessas manhãs cinzentas, onde a rotina parecia mais pesada do que o normal, que Alice soube da notícia. Uma colega de trabalho mencionou casualmente que Eduardo estava noivo. A informação caiu sobre ela como uma pedra, esmagando qualquer esperança que ela ainda nutria em segredo. Eduardo, o homem que sempre esteve ao seu lado, agora estava comprometido com outra pessoa.

Alice sentiu uma dor aguda no peito. Embora nunca tivessem falado abertamente sobre seus sentimentos, ela não conseguia evitar a sensação de que tinha perdido algo precioso, algo que nunca teve a chance de florescer. A ideia de Eduardo construindo uma vida com outra pessoa a deixava desconcertada. O que antes era apenas uma suposição, agora era uma certeza cruel: ele havia seguido em frente, enquanto ela ainda estava presa nas escolhas que não fez.

Nos dias que se seguiram, Alice tentou agir como se nada tivesse mudado. Ela parabenizou Eduardo com um sorriso que escondeu sua tristeza. Ele, com a mesma gentileza de sempre, agradeceu, sem dar indícios de qualquer coisa além de uma simples felicidade. Era como se tudo o que eles haviam passado juntos estivesse escondido sob uma camada de conveniência social, de um futuro que não poderia mais ser alcançado.

Alice começou a se afastar, de forma sutil, mas consciente. Ela parou de buscar Eduardo nos corredores, evitou os almoços onde ele estaria presente, e mergulhou ainda mais no trabalho. Era sua maneira de lidar com a dor, de tentar enterrar os sentimentos que, por tanto tempo, ficaram à margem de sua vida.

Com o passar dos meses, Alice viu Eduardo menos frequentemente. Ele estava envolvido com os preparativos do casamento, e a distância entre eles, que antes era apenas emocional, tornou-se também física. O dia do casamento chegou, e Alice, decidida a se proteger, escolheu não comparecer. Não poderia suportar ver a confirmação final de que o homem por quem ela nutrira sentimentos por tanto tempo estava, agora, fora de seu alcance para sempre.

Mas a ausência de Eduardo trouxe um vazio ainda maior. Sem ele por perto, Alice sentiu a solidão se instalar com mais força. Ela começou a se questionar sobre suas escolhas, sobre como tudo poderia ter sido diferente. Talvez, se tivesse tido coragem de confessar seus sentimentos, as coisas não teriam chegado a esse ponto. Talvez, se tivesse seguido seu coração desde o início, não estaria agora enfrentando esse abismo de arrependimento.

A verdade, porém, era que as escolhas estavam feitas, os caminhos traçados. E enquanto Alice tentava continuar com sua vida, a sombra de Eduardo permanecia, uma lembrança constante do que poderia ter sido. Ela sabia que nunca poderia voltar atrás, que as oportunidades perdidas nunca seriam recuperadas. Tudo o que restava agora era tentar encontrar a paz dentro de si mesma e seguir em frente, mesmo que o peso das decisões passadas continuasse a acompanhá-la.