Reencontros e Revelações

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Meses se passaram desde o casamento de Eduardo, e Alice fez o possível para enterrar os sentimentos que ainda a atormentavam. Ela tinha se convencido de que era hora de seguir em frente, de deixar o passado para trás e de aceitar que alguns capítulos da vida devem ser fechados, mesmo que dolorosamente. Mas, apesar de seus esforços, as lembranças e as dúvidas continuavam a surgir nos momentos mais inesperados, como se a história que ela tentava esquecer ainda não estivesse completamente encerrada.

Foi durante uma tarde fria de inverno que o destino decidiu reescrever o que Alice pensava ser definitivo. Ela estava sentada em um café aconchegante perto do escritório, um de seus novos refúgios onde se permitia momentos de introspecção, quando, ao levantar o olhar da xícara de chá, viu Eduardo entrando. Ele estava sozinho, com o rosto levemente marcado pelo tempo, mas ainda com aquele ar sereno que sempre a fascinou.

Alice sentiu seu coração acelerar. Não sabia se deveria acenar, se deveria fugir, ou simplesmente fingir que não o havia visto. Mas antes que pudesse decidir, Eduardo a notou e, com um leve sorriso, caminhou em sua direção. Ele parecia diferente, mais maduro, mas ainda com aquele olhar que a fazia se sentir compreendida de uma maneira que ninguém mais conseguia.

“Há quanto tempo, Alice,” Eduardo disse, sentando-se à sua mesa sem esperar convite. Havia uma familiaridade reconfortante em seu tom de voz, como se os meses de distância não tivessem apagado a conexão que sempre existiu entre eles.

“Sim, parece que se passou uma eternidade,” Alice respondeu, tentando manter a voz firme. Ela notou a aliança no dedo de Eduardo, um lembrete doloroso de que as coisas tinham mudado.

Eles conversaram por um tempo sobre trivialidades — trabalho, amigos em comum, como a vida havia mudado desde que Eduardo se casou. Alice fingia desinteresse, mas por dentro, cada palavra trocada era uma batalha para manter as emoções sob controle. Então, Eduardo fez uma pausa, seu olhar tornando-se mais sério.

“Alice, tem algo que eu sempre quis dizer... mas nunca encontrei o momento certo,” ele começou, olhando diretamente nos olhos dela. “Lembro de como éramos próximos, de como sempre senti uma ligação especial entre nós. Mas eu... nunca soube como interpretar aquilo, como agir em relação a você.”

Alice sentiu um nó se formar em sua garganta. Aquelas palavras, aquelas possibilidades que ela tanto desejou ouvir, agora soavam quase irreais. Ela não sabia o que responder, não sabia se estava pronta para escutar o que ele tinha a dizer.

“Eu sempre soube que havia algo mais,” Eduardo continuou, sua voz agora mais baixa, quase um sussurro. “Mas nunca tive coragem de admitir, para mim mesmo ou para você. E então... o tempo passou, e as escolhas foram feitas.”

Alice sentiu uma onda de emoção tomar conta de si. Lágrimas começaram a se formar em seus olhos enquanto ela ouvia Eduardo falar. Era como se o peso de todos aqueles anos estivesse finalmente sendo liberado, como se tudo aquilo que ela sempre quis ouvir estivesse finalmente sendo dito.

“Por que você nunca me disse nada?” Alice perguntou, a voz embargada.

Eduardo suspirou, desviando o olhar por um momento. “Medo, talvez. Medo de complicar as coisas, de perder o que tínhamos. E depois, quando percebi, já era tarde demais. Eu já estava comprometido com outra pessoa, e você parecia ter seguido em frente.”

Alice ficou em silêncio, absorvendo tudo o que ele havia dito. O que ela mais temia era ouvir o que ele iria dizer em seguida, as palavras que poderiam partir seu coração de vez.

“Mas mesmo agora, Alice, não consigo evitar de me perguntar como as coisas teriam sido se eu tivesse feito uma escolha diferente. Se eu tivesse tido a coragem de admitir o que realmente sentia por você.” Eduardo parou, observando a reação de Alice, como se esperasse algum sinal de que ela sentia o mesmo.

Alice abriu a boca para responder, mas as palavras não vieram. Havia tantas emoções conflitantes dentro dela — alegria por finalmente ouvir o que sempre desejou, mas também tristeza e arrependimento por tudo que foi perdido. Ela sabia que o passado não poderia ser mudado, mas a realidade que estava diante dela parecia pedir uma decisão, uma que poderia finalmente trazer o encerramento que ela tanto buscava.

E naquele momento, Alice percebeu que, independentemente das escolhas de Eduardo, ela também tinha o poder de escolher como lidaria com o que estava sendo revelado.

As Escolhas Que Não Fiz Onde histórias criam vida. Descubra agora