Vamos andar sem rumo e ver no que dá.

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Após uma boa refeição, tanto Orm como Lingling estavam exaustas o suficiente para apenas quererem dormir. Ambas tinham vindo direto do aeroporto e lidado com seus próprios estresses diários, elas mereciam esse descanso.

Eram três da manhã quando a tailandesa acordou sentindo um vento frio. Forte o suficiente para seu corpo estremecer, com certeza não ajudava o fato de estarem em época de inverno e principalmente com toda aquela ventania. Por puro reflexo olhou por toda a extensão do quarto a fim de encontrar a origem de todo aquele ventaval, o quarto ainda era desconhecido em primeiro momento e até mesmo se sentiu desnorteada ao perceber que aquele parecia em nada com seu quarto em L.A, sentiu falta do papel de parede rosa pastel. Sentia falta dos quadros pendurados na parede ou do closet amarrotado de blusas sociais, as inúmeras gravatas de estampas infantis ou até mesmo a cômoda de vó que combinava em nada com o restante da mobília do quarto, mas que mesmo assim mantinha por lá. Um sentimento nostálgico e melancólico a fazia estremecer e ter seus olhos marejados. Por um momento sentiu falta da presença do homem que jurou amar até que a morte os separem.

Mesmo com todas as luzes apagadas, a lua conseguia iluminar o suficiente para ela observar bem o ambiente e viu a porta ao lado da cama aberta. Porta essa que dava para uma pequena varanda com duas cadeiras.

Pela primeira vez ela se tocou de que estavam ocupando uma das suítes mais caras do hotel, aquilo seria uma hospedagem e tanto para uma viagem em casal.

Ling dormia de maneira serena, aquela pessoa quebrava toda a sensação de solidão que estava vivendo por tanto tempo, era cômico como uma desconhecida conseguia fazê-la se sentir segura apenas por está lá.

Seu sono parecia pesado. Seus cabelos desgrenhados caiam pelo travesseiro e ela se mantinha completamente encolhida, talvez também vítima do mesmo frio que havia atacado agora a pouco.

Orm resolveu fechar a porta antes que se resfriassem.

Mas ao se aproximar pode notar a neve que antes caia levemente, agora estava mais intensa, a lua estava grande e bonita, parecia que teriam um natal acompanhado de lua cheia.

Esse inverno realmente estava sendo rigoroso, mas ela gostava de inverno, de frio e de natal, chocolate quente também seria bom. Tudo isso parecia ser a combinação perfeita.

Natal tinha uma sensação mágica de pureza e nostalgia, até mesmo sua infância parecia mais fresca em sua memória.

Fechou a porta.

Agora o quarto parecia mais confortável e aconchegante com esse simples ato. Mas sabia que precisaria de uma roupa mais grossa para se agasalhar enquanto dormia. Afinal, estava apenas com um pijama de seda com estampa de morangos.

Caminhou rumo à cômoda em que deixou suas roupas organizadas e pegou um moletom rosa bebê, extremamente velho e surrado, ela o tinha desde a faculdade. Ao vestir a peça de roupa esbarrou na bandeja que tinha sido entregue junto com os pedidos para o jantar, mas só em lembrar começava a sorrir. Ling comendo toda aquela comida como uma criança era uma lembrança extremamente fofa, além de todo o encorajamento para que Orm se permitisse viver fora de dieta, pelo menos até a virada de ano.

Resolveu pegar a bandeja e colocá-la em outro cômodo da suíte e de preferência em algum lugar em que ninguém corresse o risco de esbarrar e derrubar tudo. Já que Ling quase a derrubou umas três vezes de tão desaforada pela comida.

Voltando para a cama observou que Ling havia mudado de posição e agora estava de lado.

Com todo cuidado possível subiu na cama em meio as cobertas para melhor se aconchegar e voltar a dormir. Demorou breves segundos para se sentir realmente aquecida e ao fechar seus olhos percebeu que Ling se mexia e isso a fez olhar curiosa para observar o que estava acontecendo ou se algo tinha a acordado, mas o que viu foi a mulher ainda dormindo se aconchegando em seus braços, encostando a cabeça em seu peito e abraçando sua cintura.

[LingOrm] Christmas MiracleOnde histórias criam vida. Descubra agora