Bora para o capítulo 1?! Obrigada demais pelo apoio tão maravilhoso no prólogo, gente🥰❣❤
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Maria Eduarda
Estou nadando num mar de papéis e roupas.
Meu escritório está uma baderna!
Suspiro pesado e encaixo melhor o lápis que está prendendo meu coque. Contemplo a amostra da coleção de verão que estará à venda nas trinta lojas da Élégance, distribuídas no estado de São Paulo, a partir do final do mês.
São vestidos rosa-choque, macacões amarelos ouro, saias verde limão, calças pantalonas vermelho vinho.
Meu Deus, como tem mulher que consegue usar cores tão berrantes sem ficar cega ou cegar alguém?
Eu não deveria estar pensando assim. Meu papel é desenvolver estratégias que convençam as consumidoras a adquirirem essas "peças berrantes"; não dissuadi-las de se vestirem com as roupas da empresa varejista na qual sou gerente de planejamento estratégico.
O problema reside num fato: sou uma mulher monocromática, que possui em seu guarda-roupa peças pretas, azuis-marinhos e brancas. Exclusivamente.
Uma batida suave à porta me desperta dos meus pensamentos errantes. Elaine, minha secretária, entra na minha sala, segurando sua inseparável agenda.
— Me chamou? — ela pergunta, ajeitando seus óculos de aro vermelho.
A Nani, além de minha funcionária, é uma amiga. Nós nos conhecemos na faculdade, doze anos atrás. Eu estava iniciando a graduação de Administração de empresas; ela fazia o curso de Secretariado Executivo. Mas antes de ser minha secretária e braço direito, Elaine foi assistente da presidente da Élégance. A Clarice é o cérebro criativo por trás da marca. É a empresária e estilista mais talentosa que tive o prazer de conhecer.
— Chegou minha salvação! — Sopro o ar com força e desisto de fixar o lápis nos meus cabelos lisos, que nem o aparelho de babyliss dá jeito por muito tempo. — Preciso que você descubra por que o pessoal da fábrica não me enviou uma amostra de camisas e regatas. Elas não foram feitas? Eles pretendem colocar nas lojas apenas calças e saias? O topless estará na moda no verão e esqueceram de me avisar?
— Ou pode ser que a moda da próxima estação seja usar vestidos por cima de saia e calça. Estou vendo vestidos aí nessa montanha de roupas. — Ela me oferece uma risadinha sarcástica.
— Não estou com cabeça para piadinhas, Elaine. Aliás, minha cabeça está a ponto de explodir como uma bomba atômica! Que dor desgraçada! — Desabo na minha cadeira de couro, de frente para meu computador, massageando minhas têmporas.
— Eu vou verificar para você. Tente relaxar um pouco, Duda. Você tem trabalhado demais. Isso não faz bem pra saúde. E eu me preocupo com sua saúde. Não tem só você nesta empresa. Ela pode não estar entre as maiores varejistas do segmento de moda. Mas tampouco é uma empresinha de fundo de quintal, com um único funcionário tendo que exercer dez funções diferentes.
— Eu sei que você tem razão. — Coloco uma mecha de cabelos atrás da orelha e passo a recolher os papéis que estão espalhados por minha mesa. — Mas sou movida a trabalho... bem executado. Batalhei pra caramba até chegar a esse cargo de grande responsabilidade. Fazia faculdade à noite, trabalhava em período integral, comecei como estagiária aqui, fui galgando degrau por degrau... mesmo com meu pai empenhado em sabotar minha vida profissional no início.
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Marcas do Passado [DEGUSTAÇÃO]
RomansaNa adolescência, Maria Eduarda tinha um amor platônico por Saulo, irmão mais velho de sua melhor amiga e nadador olímpico. Assistir ao desempenho do rapaz na piscina e receber seu tratamento gentil ajudavam Duda a esquecer, por alguns momentos, a vi...