KATHERINE MILDORAN
A água gelada me envolveu com uma força brutal, cortando minha pele como lâminas afiadas. Fui puxada para baixo pela correnteza, meus braços e pernas se debatendo freneticamente em busca de uma saída, de qualquer coisa que pudesse me salvar do turbilhão de águas escuras. O choque da queda me deixou desorientada, e por um momento, não consegui distinguir o que era cima ou baixo. Tudo ao meu redor era caos — o som ensurdecedor da cachoeira, a escuridão opressiva, o frio implacável.
Finalmente, consegui romper a superfície, arfando por ar. Meus pulmões queimavam, o corpo cansado pela luta contra a correnteza. Meus olhos procuravam desesperadamente algum lugar para me segurar, uma margem, uma rocha, qualquer coisa que pudesse me tirar da água. A cada segundo, sentia a força do rio me puxando mais para longe, me levando para um lugar que eu não conhecia e não queria descobrir.
Um assobio dele ecoou por sobre o som da água, distante, mas inconfundível.
O pânico me atingiu com força renovada, impulsionando meus braços e pernas a continuarem lutando contra a correnteza, mesmo que o corpo estivesse no limite. Eu não podia deixar que ele me encontrasse, não de novo. Cada segundo longe dele era uma vitória, uma pequena esperança de que eu pudesse escapar desse pesadelo.
Mas a correnteza era implacável, e meus músculos começaram a falhar, a força me abandonando aos poucos. A água estava cada vez mais fria, cada vez mais pesada, e por mais que eu lutasse, parecia que eu estava sendo arrastada para um destino inevitável.
De repente, meus dedos tocaram algo sólido — uma raiz, forte e presa na margem. Com um último esforço desesperado, agarrei-me a ela, usando o que restava de minha força para puxar meu corpo para fora da água. Minha visão estava turva, mas consegui me arrastar para fora do rio, meus pulmões arfando por ar, meu corpo tremendo incontrolavelmente. O frio era insuportável, meus dentes batiam, e tudo em mim doía.
Mas eu estava viva. Havia escapado, pelo menos por enquanto.
Deitei-me na margem por alguns segundos, tentando recuperar o fôlego, minha mente um turbilhão de pensamentos. O medo ainda pulsava em minhas veias, mas junto com ele havia uma nova determinação. Eu tinha que me manter em movimento, tinha que encontrar um lugar seguro antes que ele me encontrasse.
Com dificuldade, levantei-me, cambaleando um pouco enquanto meus pés tocavam a terra molhada e instável. Olhei em volta, tentando entender onde estava, mas tudo parecia um borrão de sombras e formas indistintas. Precisava continuar, precisava sair daquela floresta antes que ele...
— Katherine... — A voz dele ecoou, próxima desta vez, e um calafrio percorreu minha espinha.
Ele estava me seguindo, a escuridão parecia ajudá-lo a se mover silenciosamente, como uma sombra que se infiltrava na noite.
Minha respiração acelerou, e eu me forcei a começar a correr, mesmo que cada passo fosse uma luta contra a exaustão e o frio. Não havia tempo para pensar, para sentir a dor ou o medo. Eu apenas corria, meu corpo movido pela pura adrenalina e pelo instinto de sobrevivência.
Mas por mais que corresse, sabia que ele estava próximo, sentia sua presença como uma sombra atrás de mim, uma ameaça constante que não se afastava. A floresta parecia se fechar ao meu redor, as árvores se tornavam mais densas, os caminhos menos claros.
De repente, tropecei em uma raiz exposta e caí, o impacto me deixando tonta. Olhei ao redor, desesperada, tentando encontrar forças para me levantar novamente. Mas antes que eu pudesse, senti uma mão fria e firme segurando meu tornozelo, puxando-me de volta para o chão.
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MY DARKSIDE
Mystery / ThrillerKatherine sempre soube que havia algo de estranho em seu fascínio pelo medo. Desde criança, ela buscava a adrenalina de filmes de terror e histórias de arrepiar. Agora, como estudante universitária, seu passado sombrio parece insignificante comparad...