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fiquei até mais tarde no escritório aquele dia. depois que vi aquela extraordinária mulher, semanas trás, algo em mim despertou; principalmente por não ter encontrado nada a respeito dela ou de qualquer fundador da empresa na internet. minha investigação não estava dando em nada, além de dores de cabeça e noites de sonhos estranhos com a minha chefe.

estava concentrada em meus afazeres e já finalizando uma matéria sobre 61. aniversário da empresa quando ouvi a voz dela bem atrás de mim. sequer ouvi seus passos baterem no piso quando saiu de sua sala.

- outra vez, Carter?

senti todos os pelos do meu corpo se eriçarem ao som da voz dela. Engoli em seco e girei minha cadeira na direção dela e vi aquela mulher alta com os braços cruzados rente ao peito, me olhando com uma sobrancelha muito bem desenhada arqueada sobre aquele par de olhos verdes tão vívidos que poderiam ver minha alma.

ãh... eu estou acabando. só mais alguns parágrafos.

meu corpo inteiro ficou tenso diante dos olhares dela, até que seus lábios voltaram a se mexer.

- muito bem, termine tudo e vá para casa. está tarde para andar na rua sozinha.

- a senhora também está sozinha, não está?

me xinguei internamente por não conseguir conter minha língua, procurando me manter calma para ela não perceber meu nervosismo.

- sou grande o bastante para saber me cuidar.

- e eu não sou? - merda! - perdão, eu não quis soar tão...

- arrogante? - ela completou, se aproximando, apoiando uma mão na mesa e abaixando um pouco para olhar diretamente nos meus olhos. Me encolhi na cadeira, sentindo uma queimação no rosto diante do olhar intenso - já te falaram que você é muito arrogante, senhorita Carter?

Seus olhos incrivelmente verdes esmeralda encaravam os meus com algo além de um puro desafio.

- Algumas vezes, senhora.

- Senhora? - ela ri com escárnio. Sua risada, apesar de soar sarcástica, tem um som penetrante que me faz pensar em como a mulher na minha frente é terrivelmente atraente - até agora a pouco estávamos tendo uma conversa como duas pessoas normais - ela volta a ficar séria. Se afasta de mim, mas mantém o olhar de encontro ao meu - Mas você acabou de me lembrar do meu cargo aqui e já passa da meia noite. Vá para casa e termine isso amanhã.

- mas...

- é uma ordem.

Por mais que eu quisesse retrucar, ela era minha chefe e como funcionária meu dever era servir.

Peguei minha coisas, fechei todas as abas do computador e o desliguei. Levantei e fiquei cara a cara com a mulher novamente. Mais uma vez pude ver a nossa grande diferença de tamanho quando precisei levantar o queixo para avistar aquela mulher de belas feições.

Ela estava ainda mais bonita que na outra noite. Agora usava uma blusa social branca e carregava o Blaser azul cor de vinho, da mesma cor da calça, no braço. Em seus lóbulos pendían dois brincos de argola e seus lábios possuíam uma coloração de um vermelho ainda mais escuro que o outro. Era a perfeição em pessoa na minha frente.

Ela me olhava de uma forma diferente, beirando a estranheza, mas havia algo nela que me fazia lembrar de alguém. Uma lembrança vaga, quase inexistente, mas estava ali me cutucando e incomodando. Eu não desistiria da minha busca enquanto não encontrasse algo relevante sobre a mulher.

- venha. Vamos embora antes que fique mais tarde e mais perigoso nas ruas.

Ela deu alguns passos em direção ao elevado e esperou até que eu fosse até lá para apertar o botão. As portas se abriram quase imediatamente e nós adentramos. Assim que as portas voltaram a se fechar, senti uma enorme necessidade de ir além na nossa "relação". Além só mais, eu já tinha falado idiotices demais, uma a mais não faria diferença.

- por que sempre vem trabalhar tão cedo e só sai do escritório depois que todos já foram embora?

Vi seu rosto se modificar de um sério amigável para um sério quase irritado.

- isso não é da sua conta.

E com essas poucas palavras nos calamos e seguimos caminhos diferentes quando saímos do prédio.

Minha Chefe Me MordeuOnde histórias criam vida. Descubra agora