Capítulo 3: Refúgio Temporário**

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Capítulo 3: Refúgio Temporário**

Michael e Alice caminhavam rapidamente pelas ruas desertas de Salvador, suas mentes ainda processando o caos que havia se instaurado. O silêncio opressor era cortado apenas pelo som distante de gritos e, ocasionalmente, o ruído de algo desconhecido movendo-se nas sombras. Cada passo era uma mistura de medo e determinação, ambos cientes de que a sobrevivência dependia de encontrar um lugar seguro rapidamente.

"Você conhece bem essa área?" perguntou Alice, tentando manter a calma.

"Sim," respondeu Michael, com a voz firme, mas tensa. "A delegacia está a apenas algumas quadras daqui. Espero que haja outras pessoas lá... e que seja seguro."

Eles avançaram por mais alguns metros, cada um perdido em seus próprios pensamentos, até que Michael parou abruptamente e fez um sinal para Alice ficar quieta. Ele ouviu o som de passos pesados e arrastados vindo de uma esquina próxima. Segurando a faca com mais firmeza, Michael gesticulou para que Alice o seguisse por um beco estreito.

No beco, as sombras pareciam mais densas, mas pelo menos ofereciam alguma proteção. Michael podia sentir seu coração batendo rápido no peito, mas manteve o foco. Depois de alguns minutos de avanço cauteloso, eles finalmente saíram do beco e viram a delegacia a poucos metros de distância.

O prédio parecia intacto, mas as janelas quebradas e a porta principal semiaberta indicavam que algo não estava certo. Michael se aproximou lentamente, seguido por Alice, e empurrou a porta com cuidado. O interior estava escuro, com apenas algumas luzes de emergência ainda funcionando. Eles entraram, prontos para qualquer coisa.

"Vamos ver se encontramos alguém," sussurrou Michael, avançando pelo corredor principal.

O prédio estava silencioso, o que só aumentava a sensação de perigo. Michael e Alice se moveram pelos corredores vazios, passando por salas de interrogatório e escritórios abandonados. O cheiro de mofo e de algo queimada pairava no ar. Quando chegaram ao salão principal, onde normalmente os policiais se reuniam, encontraram sinais de luta: cadeiras viradas, documentos espalhados pelo chão e marcas de sangue nas paredes.

"Será que ainda há alguém aqui?" Alice perguntou, com a voz tremendo.

"Não sei," Michael respondeu, mas logo um som vindo de uma sala próxima chamou sua atenção. "Espere aqui."

Ele se aproximou da porta entreaberta e, com cautela, a empurrou para abri-la completamente. No interior, um homem estava sentado contra a parede, segurando uma arma e respirando com dificuldade. Ele parecia ferido, com um corte profundo no braço.

"Ei," Michael chamou, mantendo a faca abaixada, mas pronta para qualquer reação. "Você está bem?"

O homem ergueu a cabeça com esforço, os olhos semicerrados de dor. "Quem... quem é você?" ele perguntou, a voz fraca.

"Sou Michael, e esta é Alice. Estamos tentando encontrar um lugar seguro. Você é policial?"

"Sou... era," o homem respondeu com um suspiro. "Meu nome é Silva. Os outros... estão todos mortos ou... ou fugiram."

Michael e Alice se entreolharam, a gravidade da situação pesando ainda mais sobre eles.

"O que aconteceu aqui?" Michael perguntou.

"O caos. Essas... coisas começaram a aparecer do nada, atacando qualquer um que viam pela frente. Tentamos nos defender, mas... era muita coisa para nós," Silva explicou, lutando para manter os olhos abertos. "Acho que sou o único que sobrou."

"Precisamos encontrar um lugar seguro," disse Michael, mais para si mesmo do que para os outros. Ele olhou ao redor, tentando pensar em um plano.

Silva tossiu e indicou um armário trancado do outro lado da sala. "Há algumas armas lá... e talvez alguns suprimentos. Se vamos sobreviver... precisamos estar armados."

Michael assentiu, levantando-se e indo até o armário. Ele encontrou as chaves no bolso do próprio Silva e, com um clique, destrancou o armário. Dentro, havia algumas armas de fogo, munição, um kit de primeiros socorros e algumas garrafas de água.

"Isso vai ajudar," disse ele, distribuindo as armas e suprimentos entre eles. Alice pegou uma pistola e uma caixa de munição, tentando manter as mãos firmes. Michael encheu os bolsos com munição extra e colocou uma arma no cinto, mantendo a faca em sua mão.

"Onde vamos?" Alice perguntou, agora armada, mas ainda visivelmente assustada.

Michael pensou por um momento. "Podemos tentar fortificar a delegacia por enquanto, mas não sei quanto tempo podemos ficar aqui. Precisamos de um plano a longo prazo... talvez tentar encontrar outros sobreviventes ou um lugar mais seguro."

"Temos que cuidar dos ferimentos de Silva primeiro," Alice sugeriu, pegando o kit de primeiros socorros. "Ele não vai conseguir ir a lugar nenhum nesse estado."

Michael concordou, ajudando Alice a limpar e enfaixar o braço ferido de Silva. O ex-policial agradeceu com um aceno cansado, ainda lutando para se manter consciente.

"Fiquem de olho nas portas," Michael disse a Alice, enquanto ela terminava de cuidar de Silva. "Eu vou procurar mais suprimentos e ver se há alguma comunicação que possamos usar."

Alice assentiu, observando Michael sair da sala com passos determinados. Ela sabia que estava em boas mãos, mas o medo do desconhecido ainda pairava no ar. Silva, por sua vez, lutava contra a dor e o cansaço, tentando não perder a esperança.

Enquanto Michael explorava o restante da delegacia, ele sabia que o tempo estava contra eles. Precisavam encontrar uma maneira de sobreviver a esse novo mundo, e rápido. O refúgio temporário na delegacia poderia lhes dar algum tempo, mas o verdadeiro desafio ainda estava por vir.

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