01. Vargas e Zehra (PART 01)

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Essa one é dividida em duas partes 🌞



...


Vargas pov"

Meus nervos estão à flor da pele e estou me controlando para não sair quebrando tudo à minha frente. Normalmente sou uma pessoa bastante calma e compreensiva com tudo, mas quando estou na quadra dou minha vida para levar a vitória e quando isso não acontece me deixa muito irritada, dessa vez perdemos para o Brasil nas olimpíadas por 3x0.

Quando o placar finalizou e notei que não haveria mais chances para vencer, foi como uma facada no peito, era o nosso último momento para conseguir a medalha de bronze e eu tinha feito de tudo para conseguir, mas pelo visto encontramos um time melhor que nós.

Os semblantes tristes das minhas colegas no final da partida em nada se comparava ao olhar de decepção do nosso técnico, ele não tem culpa, ninguém tem culpa, somos as melhores dentro do nosso limite, pois quando o ultrapassamos esse limite percebemos que não existia apenas Vakifbank no mundo. 

Minha raiva passou na frente da tristeza quando vi as brasileiras comemorando sua vitória, nada mais que justo, se fosse ao contrário estaria nas nuvens também. 

Olhei para a arquibancada e vi a pequena plateia turca indignada com o nosso resultado do outro lado estava os torcedores do Brasil urrando em glória, suspirei tentando conter a raiva que me consumia, principalmente quando visualizei minha colega de time preferida triste de cabeça baixa, Zehra. 

Zehra Gunes é a central do Vakifbank, minha companheira de trabalho, amiga e confidente. Para ser sincera ando confusa em relação a ela, venho há um tempo tentando não pensar nisso e focar no que realmente interessa, todavia sempre que paro para admirá-la vem um misto de sentimentos que não consigo decifrar. 

Serei sempre grata a ela por tudo que fez e vem fazendo na minha vida, lembro de quando pisei a primeira vez no Vakifbank, mal falava turquês e não conhecia ninguém, meu inglês era basicão e não me via interagindo com as meninas com medo de cometer algum erro, mas ao contrário do que eu imaginei, as meninas me receberam bem e logo me entrosei. 

Foi ela quem gerou em mim esse sentimento de pertencimento e gratidão, sempre simpática e atenciosa me ensinando sobre seus costumes e até mesmo a própria língua turca que na época eu era iniciante, me recordo que passava noites em claro conversando com a Gunes nossos assuntos sempre fluíam, nos conectando a cada dia. 

Ela chegou até me apresentar para sua família, seus pais e irmãos são pessoas boníssimas e tranquilas, assim como ela me fez sentir a vontade. 

Observando todo o contexto fica claro que Zehra é uma pessoa extremamente importante na minha vida, poderia dizer que era quase uma irmã se não fosse todo esse turbilhão de sentimentos que sinto quando a vejo ou quando ela me toca. 

Ela é tão linda, inteligente, esperta e de um coração incrível não tinha como não se encantar por aquela mulher. Suspirei com meus pensamentos intrusos e segui para o vestuário, minha intenção era sair o mais rápido possível daquele ginásio e nunca mais voltar. 

...

O clima dentro do ônibus estava tenso, entramos caladas e permanecemos assim toda a viajem. As meninas estavam amuadas em seus bancos, sem conversinha ou olhares, apenas silêncio. Nosso treinador sentou na frente junto com o motorista, pois nem ele tinha coragem de olhar na nossa cara.

Me sentei lá fundo e coloquei meus fones de ouvido para me isolar de tudo, a raiva já tinha diminuído um pouco e ficou apenas a frustração do fracasso.

One shot - Atletas femininasOnde histórias criam vida. Descubra agora