07. Thaisa Daher - Imagine (PART 01)

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Braga, Portugal.

S/n pov"

Finalmente estou oficialmente divorciada, estava sendo muito difícil para mim esse vai e volta de Portugal desde que me estabilizei no Brasil. Eu amo Braga, mas nunca foi meu desejo vim morar nesse país, tudo ocorreu devido a minha burrice adolescente.

Aos dezenove anos eu conheci meu ex marido nas passarelas da moda, ele era um modelo famoso em São Paulo e eu me apaixonei, sempre fui intensa e quis viver esse amor o que resultou numa gravidez precoce e um rapaz no começo de carreira não querendo assumir a criança.

Seria menos pior ele assumir que ia ser pai e casar comigo do que sair na imprensa que rejeitou o próprio filho, assim com quatorze semanas de gravidez eu me casei e ele recebeu uma proposta de trabalho na Europa, o que culminou nos mudarmos para cá.

Ele nunca me amou, mas eu sempre fui apaixonada por ele. Com a chegada do meu primeiro bebê eu percebi que estaria sozinha na jornada da maternidade, pois o homem com a qual me casei só fazia trabalhar e sair para curtir, mesmo com todo luxo e dinheiro a felicidade não habitava no meu lar.

Com o passar dos anos veio nosso segundo filho, apesar deles serem o amor da minha vida, eu tinha uma família desestruturada e com isso cheguei a conclusão que deveria me separar. Foram três longos anos de discussão na justiça sobre a partilha dos nossos bens, a guarda das crianças mais a pensão alimentícia até que finalmente eu consegui assinar os benditos papeis.

Pensando em comemorar esse momento tomando um bom vinho e comendo no melhor restaurante da cidade, decidi vim ao Salgueiro. A temática é bem requintada, luzes baixas, música ambiente e sem muito tumulto, apesar de ser difícil fazer reserva de última hora, os clientes não demoram ao jantar e logo surge uma mesa.

Ledo engano.

Ao pisar no hall de entrada percebi que ficaria ali a noite toda e ainda nem tinha dado sete horas. Observei o ambiente ao meu redor com muitos casais, amigos e familiares em fila na recepção em busca de uma mesa. Passei por todos e entrei no grande salão escutando o falatório que havia entre as mesas, a agonia dos garçons entre elas e música suave que soava do pequeno palco.

Complicado, mas isso não iria estragar minha noite. Preciso pelo menos beber uma taça de vinho. Fui em direção ao pequeno bar do local, que também está lotado, mas tem um banco vazio precisando ser ocupado.

"Por favor, querido, um vinho branco!" ajeitei meu vestido preto curto sobre minhas coxas grossas.

O barman pareceu não me escutar, ele continuou a manipular uma bebida no copo enquanto fingia que escutava um cliente falar em seu ouvido. Automaticamente coloquei meus braços sobre o balcão frio para sobressair minha voz.

"Ei... por favor!" chacoalhei minhas mãos em seu campo de visão mas sem sucesso, o homem nem me olhou.

Fui passada a frente por duas senhorinhas bem vestidas que pediram um whisky e um malte e para minha indignação elas conseguiram tomar a atenção do atendente.

"Ótimo!" minha insatisfação é palpável. Pelo visto vai ser complicado ser atendida nesse lugar.

Peguei meu celular dentro do meu decote para checar as notificações, verificar se tinha alguma mensagem da babá ou algo importante. Distraída com meu aparelho pude sentir o odor suave do Miss Edp, meu perfume preferido. Isso tomou minha atenção para saber de onde vinha, olhei para o lado e uma cabeleira loira tomou meu campo de visão me deixando confusa ao mesmo tempo que uma taça de vinho foi colocada a minha frente.

"Pra você!"

A voz soou firme em meus ouvidos me levando em sua direção. Observei a dona dos cabelos loiros que havia chamado minha atenção agora pouco. De primeira fiquei um pouco perdida tentando me lembrar da onde conhecia aquela mulher, mas nada me recordava conhecer uma pessoa tão alta como ela.

Em sua face há um sorriso de lado, diria até que um pouco malicioso, mas o que me prendeu nela foi as suas tatuagens, ela tem um dos braços fechados por desenhos ao qual não consigo compreender que vai subindo por todo seu ombro. Além do vestido branco decotado que cai muito bem em seu corpo.

Lindíssima.

Minhas bochechas esquentaram e tenho certeza que estão coradas agora. Me deu vontade de dizer alguma coisa, mas a beleza dessa mulher me impactou de uma forma que me deixou muda.

"Vinho branco... ouvir você pedindo ao atendente e por coincidência foi a mesma bebida que pedi há uns minutos atrás... demorou, mas saiu."

Olhei para a taça com o líquido que tanto desejo. Voltei minha atenção para ela tentando disfarçar meu nervosismo.

"Muito gentil da sua parte, mas não posso aceitar sua bebida"

"É só uma bebida... a propósito Thaisa!" Ela deu de ombros sutilmente e se apresentou de forma cálida.

Sorri em resposta sentindo uma pontada no estômago, realmente não sei o que está havendo comigo a presença dela está me deixando desconfortável.

"Como se chama?"

"Ah, me desculpe... S/n" sem querer meus olhos foram em direção a seu decote, mas também uma mulher alta desse jeito com os seios quase na minha cara, eu sentada parecia uma criança perto dela.

Thaisa pareceu notar meu olhar nada discreto sobre ela e deu um sorrisinho faceiro.

"Você não tem sotaque, é brasileira?"

É pelo visto Thaisa está muito interessada em conversar, não que eu não esteja, mas essa loira está me deixando desconcertada eu sempre fico assim perto de uma mulher bonita.

Assenti tomando um gole do vinho branco, pensando em como fazer o assunto render.

"Pelo visto você também... está acompanhada?" perguntei.

Ah sim, não sou uma pessoa iludida, mas não gosto de ser pega de surpresa. Se esse mulherão veio até mim é por algum motivo e esse motivo tem a ver com beijo na boca e pegação, e pra ser sincera isso me deixa animada, apesar de toda minha timidez, faz muito tempo que não saio com alguém.

"Por quê?"

Esse cheiro dela está me atiçando. Afastei o banco com o intuito de levantar, pois ela está muito perto e sentia que a qualquer momento poderia cair com sua aproximação. De repente Thaisa segurou no meu braço me ajudando a ficar em pé.

A mão dela está quente.

"N-não quero atrapalhar... eu vim pra jantar, mas pelo visto vai ser difícil ficar, estou quase indo embora."

Ela ergueu as sobrancelhas numa expressão de surpresa e sorriu, um sorriso lindo.

"Está sozinha?" Agora foi sua vez.

Sua mão ainda permanecia no meu braço, porém ao fazer a pergunta ela apertou com mais precisão o local, atraindo minha atenção.

"Sim, vim provar o melhor filé de Braga antes de voltar ao Brasil."

"Bom... somos brasileiras, estamos sozinhas e amamos o melhor filé região... acredito que o universo me trouxe aqui por um propósito, S/n."

Os olhos negros em minha direção agora estão nublados, me trazendo um frio no pé da barriga, além de que seu aperto no meu braço passou para um toque gentil massageando minha carne fazendo esquentar. Meu coração passou a bombear mais rápido que o normal, prendi o folego quando ela chegou mais perto e colocou sua boca na minha orelha.

"Quer jantar comigo em outro lugar?"

O sussurro de sua voz arrepiou minha espinha. 


...

Thaisa atacante queria tanto ser a S/n kkk

Beijos até a próxima <3

One shot - Atletas femininasOnde histórias criam vida. Descubra agora