CAP. 14

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"A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez." — Friedrich Nietzsche

Para falar a verdade, eu não esperava ver Leon Kennedy alcoolizado tão cedo desde que nos conhecemos, mas eu presenciei isso na noite anterior. Enquanto meus pensamentos voavam longe se iludindo com a ideia de receber um oral do mesmo, eu me sentia cada vez mais mal humorada e irritada.

Eu nunca fui de mudanças repentinas de humor, mas também não era a garota mais feliz do mundo. Acho que durante a noite entre a bebedeira e a faladeira alegre de todos, eu me encontrei um pouco assustada com tantas coisas repentinas que houveram acontecido ultimamente.

Meu novo emprego, a volta com meu pai, o "processo" de Haden, Leon e Calvin no mesmo cômodo. Jesus Cristo, minha cabeça estava cheia, e ainda tinha a faculdade para me ocupar mais um pouco.

Depois que o "bar" no centro estava para fechar e nós finalmente decidimos que era hora de ir embora, Mike se responsabilizou por levar o carro de Leon até sua casa e eu carregar o mesmo até a minha. E, mais uma coisa que encheu minha cabeça de paranóias tão irritantes que dificultaram até mesmo meu sono: Leon Kennedy não morava em nenhum dos vários andares do prédio de sua empresa, ele tinha uma casa e longe daqui!

Me senti frustrada por achar que, possivelmente, o fato de ele não querer me levar pra sua casa era porque ele poderia estar escondendo uma... esposa? Eu achava que não era possível, mas não era como se fosse fácil eu descobrir. Todos na nossa nova rodinha de amigos, basicamente, trabalhavam pra ele, nenhum abriria a boca para entregar o próprio chefe.

Quando chegamos em meu apartamento, minha cabeça estava quente e cheia, deixando-me irritada. Principalmente porque eu odiava cuidar de gente bêbada, mesmo sendo Leon, um dos caras mais fofos e gentis que eu já houvera conhecido em toda a minha vida, não deixou de ser irritante e trabalhoso.

Ele não era de vomitar e nem fazer escândalo por aí, mas era um homem alto e muito pesado. Colocá-lo em minha cama, tirar sua blusa e seus sapatos foi cansativo, quase como se eu estivesse num concurso de peso-pena.

Eu ainda não queria entender o porquê de tanta frustração de Leon. Eu ainda queria me fazer de sonsa, ignorar tudo que ele dizia ou expressava emocionalmente, eu não queria entendê-lo para não lhe dar falsas esperanças e coincidentemente, "quebrar seu coraçãozinho".

Eu não merecia alguém como ele, tão...

E eu entendia muito bem isso. Pessoas confusas machucam pessoas incríveis.

Já quando o mesmo se encontrava tomando boa parte do espaço de minha pequena cama, com um braço esticado sob o lado que eu sempre deitava e suas costas tocando a parede, eu notei o quão silencioso ele era. Ele respirava calmamente com os lábios entreabertos e com o nariz redondinho vermelho pelo frio lá fora.

Eu me aproximei naquela noite após cerrar as janelas pelos vendavais que corriam pelo apê, e me sentei ao seu lado, vendo o quão rápido ele desmaiou em minha cama. Toquei seu rosto e afastei seus cabelos de seus olhos para não o incomodar enquanto ele dormia, e, logo não resistir a tocar seus lábios. Leon estava tão calmo, mas tão estranhamente exausto. Era como se ele não dormisse a dias.

Mas eu ficava feliz em saber que, ao meu lado, ele conseguia dormir bem e descansar. Eu queria tanto afastá-lo antes que tudo em nossos corações se tornasse mais concreto e puro, queria machucá-lo por um único momento na vida que fosse quando eu o afastaria pelo bem de nós dois. Mas eu também queria o proteger. Queria que ele estivesse por perto, queria o ajudar a se livrar de todas as suas frustrações e medos. Eu queria estar ali por ele como ele estava mostrando que estava por mim.

𝑵𝒐 𝑷𝒉𝒐𝒕𝒐𝒔 - 𝑳𝒆𝒐𝒏 𝑺. 𝑲𝒆𝒏𝒏𝒆𝒅𝒚 | +18Onde histórias criam vida. Descubra agora