CAPÍTULO 07

112 17 0
                                    


Dois anos atrás

Tem várias vantagens de ser dona de uma empresa de segurança e ser muito boa com a tecnologia. Registrar Natasha é tão fácil que eu poderia fazer com os olhos fechados. Crio toda a documentação com Nat do meu lado, e Lucky dormindo no chão.

— O que você acha de Elizabeth? — perguntei a Natasha que estava muito ocupada com suas mãos na boca. — É meu segundo nome, vai ser o seu também para combinar comigo, gostou?

Ela só piscou os olhos me encarando sem entender o que estou dizendo.

— Vou levar isso como um sim. — digo balançando a cabeça e volto a preencher os campus. Data de nascimento, mãe... — Isso parece uma péssima ideia, mas vamos lá. Katherine Elizabeth Bishop. — pai ausente. Avós, Dereck Bishop e Eleanor Bishop.

Fui inventando o resto das coisas. Quando terminei Natasha estava registrada e diante da lei ela é minha filha.

— Bem, agora só preciso marcar uma consulta para você ser vacinada. — digo guardando o documento em uma pasta depois de imprimir. — É um pouco perigoso você ter meu sobrenome mas não se preocupe quando você for para o orfanato e alguém lhe adota esse registro deixa de existir, e eu vou garantir que você tenha uma boa família, mas só se seus pais não virem te buscar, o que eu duvido que façam pois você nem estava registrada, tem algo muito estranho nisso tudo.

Natasha me ouvia atentamente mesmo não entendendo nada, o que me fez rir. Eu a peguei, depois de deixar o notebook, me virei para apoiar minhas costas no braço do sofá e levantando um pouco minhas pernas para Nat ficar sentada na minha barriga e apoiar suas costas na minha coxa.

Ela agarrou meu dedo e tentou colocar na boca, eu sorri colocando um pouco de força para evitar, minhas mãos estavam naqueles documentos então nem é bom tocar no seu rosto.

— Não importa o que aconteça, eu vou garantir que você tenha uma família e seja feliz. — prometi.

*

Sinto o impacto quando sou jogada no chão com uma facilidade incrível. Mesmo assim eu me levanto sentindo todo o meu corpo reclamar por essa ação, mas também não posso desistir.

Tentei lançar mais um golpe que é totalmente bloqueado por Kingpin. Todas as minhas tentativas mal arranham e ele continua me jogando ou me esmurrando e eu acabo voltando.

— Você é uma tola Katherine, que nem a sua mãe e morrerá sendo uma tola. — disse com as mão em volta do meu pescoço começando a apertar sem nem pensar. Então ele me derruba no chão ainda me sufocando, batendo minhas costas no chão repetidas vezes. Minha visão escurece e o ar não consegue chegar nos meus pulmões, só consigo ouvir meus ossos estalarem enquanto ele me quebra.

— Senhor, olha o que eu encontrei. — um homem apareceu com algo nos braços. Assim que minha visão voltou e tomei consciência, tentei me levantar, mas meu corpo não respondia mais.

— O que temos aqui... — Kingpin me deixou e foi até o homem, ele pegou a bebê nos braços.

— Por favor... — tentei dizer, mas era apenas um sussurro.

— Ela é muito bonita e tão nova. — divagou olhando para Natasha com malícia. — Que pena.

— Não, por... favor. — implorei tentando me mexer. Ele me ignorou, o homem ao seu lado lhe deu uma faca, seus olhos foram para mim, sorrindo ao vê meu desespero.

Ele pegou a faca e apontou para Natasha.

— Não! — gritei, sentando-me de sobressalto. Tudo ao meu redor parecia sumir enquanto a realidade voltava lentamente. Estava na sala do meu apartamento, aparentemente adormecida no sofá. Meu coração batia descompassado e a respiração estava ofegante.

Levantando-me rapidamente, corri para o quarto em busca de Natasha. Ela estava lá, dormindo tranquilamente na minha cama, cercada de travesseiros. Alheia ao caos que eu estava vivendo.

Respirei fundo tentando acalmar meu coração.

Só foi um pesadelo.

Desde o Natal, os pesadelos têm se tornado constantes. Mal conseguia dormir, e a solidão estava me consumindo, sufocando-me lentamente. Meus pensamentos, sempre sombrios, estavam me destruindo, me empurrando cada vez mais para o abismo do desespero.

Clint me mandou para Wakanda. Passei um ano lá, ocupando minha mente apenas com o treinamento. Fiz amizade com Shuri, e por um tempo, consegui lidar com os pesadelos, embora nunca realmente me livrasse deles. Quando voltei para casa, meu apartamento estava impecável, nem parecia que havia sido queimado, mas o vazio persistia. Eu não me sentia em casa. As lembranças voltaram como uma onda, me arrastando para baixo.

Até que Yelena começou a aparecer, não todos os dias mas era constante, no meio da noite ela entrava pela janela e a gente se juntava no sofá para assistir algo ou quando eu voltava de algum lugar e ela já estava lá fazendo alguma coisa para comer.

Eu não tive pesadelos por um tempo, eles pararam e agora estão voltando.

Voltei para a sala decidida a trabalhar já que não vou voltar a dormir. Meu celular diz que a hora é 04:57, Natasha geralmente acorda às 06 horas então tenho tempo. Entro na caixa de mensagens no contato do Clint, desejo digitar "Você não faz ideia de como minha semana está!" mas no lugar eu apenas desligo meu celular e me encolhi no sofá, puxando meus joelhos para perto do peito e passando os braços em volta do tornozelos.

E fico em silêncio, sozinha.

Com Clint duas semanas depois

— Já se passaram quase três semanas e não encontramos nada. — disse Wanda se mexendo no sofá desconfortavelmente. Clint soltou um suspiro pesado.

— Não há nada na Rússia, Ucrânia, Canadá, ainda não recebemos notícias do pessoal daqui dos Estados Unidos... — Clint listou. — Precisamos de mais ajuda e acho que sei uma pessoa qualificada para isso.

— Quem?

— A irmã mais nova da Natasha, Yelena Belova. — Clint responde. Ele não queria falar com Yelena ainda, queria encontrar Natasha primeiro, mas com a demora e suas opções limitadas.

— Você tem certeza? — Wanda perguntou, Clint assentiu, ela tinha o mesmo pensamento que Clint mas com a situação em que estão essa é a melhor opção.

— Já mandei uma mensagem para ela, chegará aqui dentro de duas horas.

Algumas horas antes com Yelena

Yelena estava voltando para Nova Iorque depois de finalizar uma missão onde libertou duas viúvas. Ela estava cansada e um pouco ansiosa para ver Kate, essas duas semanas foram longas e ela não queria nada além do que relaxar e está com sua arqueira favorita.

Yelena também sabe que não é bom deixar Kate sozinha por muito tempo, ela percebeu que Kate pode ser um perigo para si mesma em momento de crise. Yelena não queria acreditar que a doce Kate bishop poderia fazer algum mal para si mesma, mas era uma realidade, e esses é uns dos problemas, porque sem querer Kate bishop virou uma prioridade e ela não consegue pensar na possibilidade de perdê-la.

Seu celular tocou o nome de Clint Barton brilhando. Depois do natal eles passaram a se comunicar às vezes, era raro, mas acontecia. Ela atendeu no segundo toque.

— Barton.

— Yelena preciso que você venha para a minha casa. — disse sem rodeios, nem um "oi" recebeu e isso fez ela entrar em alerta imediatamente.

— Kate está bem? — perguntou rapidamente. Mil pensamentos horríveis passando por sua cabeça.

— Sim, ela está. — garantiu, Yelena se conteu para soltar um suspiro mas estava aliviada e agradecida por saber disso. — Não tem nada a ver com a Kate não se preocupe, mas temos que conversar sobre algo, não posso dizer aqui então venha o mais rápido possível.

— Estou a caminho. — e então desligou.

Sua rota mudou rapidamente.

Bring me to lifeWhere stories live. Discover now