Segunda Chance - Taekook

Capítulo 2

Dois meses se passaram desde então, mas para Jungkook, o tempo parecia ter parado. A cada amanhecer, ele sentia como se estivesse sendo forçado a acordar em um mundo que já não fazia sentido. A presença de Taeyang, que um dia iluminara sua vida com amor e alegria, havia sido brutalmente arrancada dele, deixando um vazio insuportável.

No hospital, Jungkook era conhecido não só por sua habilidade excepcional como ortopedista, mas também por seu sorriso contagiante e sua postura calorosa. Mas agora, aquele sorriso estava ausente, substituído por um olhar perdido e vazio. Durante as cirurgias, suas mãos ainda executavam os procedimentos com precisão, mas seu coração não estava mais ali. Ele operava no automático, como se fosse apenas uma sombra do homem que um dia fora.

A culpa o corroía por dentro, em um ciclo vicioso de autocrítica e arrependimento. Cada vez que Taeyang o chamava para passar mais tempo juntos, cada pedido de férias que ele adiou, agora voltavam para assombrá-lo. Ele se torturava com pensamentos de que, talvez, se tivesse sido mais presente, Taeyang poderia estar vivo.

Seus colegas começaram a notar a mudança. O sorriso fácil havia desaparecido, e ele andava pelos corredores do hospital como se carregasse o peso do mundo sobre os ombros. O Dr. Min Yoongi, o psiquiatra, e amigo de seu falecido marido, observava com crescente preocupação o comportamento de Jungkook. Quando o ortopedista finalmente desabou em lágrimas no refeitório do hospital, incapaz de conter a dor que o consumia, Yoongi soube que era hora de intervir.

Em seu consultório, Min ouviu pacientemente enquanto Jungkook despejava sua dor, a voz trêmula enquanto falava sobre os pesadelos que o assombravam quase todas as noites.

ㅡ Eu vejo o rosto dele, ㅡ Jungkook confessou, os olhos vermelhos de tanto chorar. ㅡ Eu vejo o Taeyang, sorrindo, e depois... depois ele se vai, e eu não posso fazer nada para trazê-lo de volta. Eu falhei com ele, Yoongi. Eu falhei com o homem que mais amei na minha vida.

Com a experiência de anos lidando com traumas e perdas, ouviu com empatia, permitindo que Jungkook expressasse sua dor. Após ouvir tudo, ele se inclinou para frente e falou com suavidade, mas com firmeza.

ㅡ Você não falhou Jungkook, você foi a melhor coisa que o Tae pode ter. Não deixe os pensamentos negativos tomarem conta de você.

Yoongi suspirou e nunca imaginou que Jeon poderia chegar a esse nivel.

ㅡ Jungkook, você está sofrendo de depressão pós-perda. É uma reação normal diante de uma perda tão devastadora como a sua. Mas, se continuar absolvendo esse sentimento e se culpando por coisas que estão além do seu controle, não vai conseguir encontrar um caminho para a cura.

A recomendação de Yoongi era clara: Jungkook precisava de tempo longe do hospital, um afastamento que permitiria que ele lidasse com seu luto sem a pressão das responsabilidades médicas. O hospital, compreendendo a situação, concedeu a ele uma licença prolongada. Seus pais, que viam seu filho se afundar em tristeza, ficaram ao seu lado, assim como os pais de Taeyang, tentando oferecer o máximo de apoio possível.

As noites eram as piores para Jungkook. Na escuridão do quarto que um dia compartilhara com Taeyang, ele se encolhia na cama, abraçando o travesseiro que ainda carregava o perfume do marido. Chorava até que as lágrimas se esgotassem, os soluços rasgando seu peito. A dor era tão real, tão tangível, que parecia que seu coração estava sendo rasgado a cada batida. Os pesadelos continuavam, trazendo à tona a imagem de Taeyang, ora feliz, ora preso na explosão, inatingível e distante.

A realidade era cruel, e a ausência de Taeyang era um abismo que engolia qualquer vestígio de alegria que Jungkook tentasse encontrar. Ele sabia que precisava se levantar, seguir em frente, mas cada passo parecia mais difícil do que o anterior. O peso da saudade o mantinha preso no mesmo lugar, incapaz de enxergar uma luz no fim do túnel.