Capítulo 3

170 42 10
                                    

Chegando à casa dos pais, Taehyung hesitou por um momento na porta, tomando fôlego antes de tocar a campainha. A porta foi aberta pela mãe, Lee Yeonju, que o encarou por um instante, como se não acreditasse que ele estava realmente ali. Os cabelos escuros de Taehyung, um pouco mais compridos que os de Taeyang, caíam sobre sua testa. Sua pele amorenada estava ligeiramente desgastada pelo sol e pelo trabalho árduo, mas o pequeno sorriso que ele ofereceu era familiar, um eco distante do irmão perdido.

ㅡ Taehyung...ㅡ A voz de Yeonju estava embargada de emoção, e ela não conseguiu conter as lágrimas que rolaram pelas bochechas enquanto o abraçava. ㅡ Meu filho... Você voltou.

Taehyung a envolveu nos braços, sentindo o aperto de anos de saudade e a dor recente da perda.

ㅡ Eu estou aqui, mãe, ㅡ sussurrou ele, tentando transmitir alguma segurança em meio à tempestade de sentimentos ㅡ E como está você e o papi?

O pai, Kim Seohan, surgiu no corredor, com seus olhos marejados ao ver o filho.

ㅡ Taehyung, é tão bom ter você em casa ㅡ disse ele, a voz grossa de emoção.

ㅡ É bom ver vocês. Me desculpem, eu estava no cemitério, Yoongi me mandou uma carta informando que o Tae... ㅡ Era duro dizer aquilo ㅡ Que ele nos deixou, me desculpem, eu não pude estar presente, eu não pude estar no velório, eu não puder acompanhar tudo.

ㅡ Tudo bem meu filho, decidimos não ter dado a notícia, sabíamos que estava em missão. Você chegou na hora certa, fez seu prato predileto, sei que você e o Tayang caminham muito quando pequenos.

Durante o jantar, eles tentaram manter um tom leve, compartilhando histórias e lembranças. Taehyung se esforçava para esconder o luto, mantendo-se forte para não sobrecarregar os pais. Mas era impossível ignorar a ausência de Taeyang. Sua cadeira vazia à mesa era um lembrete constante do que haviam perdido.

A conversa tornou-se ocasionalmente mais sombria, e o silêncio caía sobre a mesa como uma sombra, até que Seohan, parecendo se lembrar de algo importante, levantou-se e saiu da sala. Quando voltou, trazia consigo um envelope. Seu rosto estava sério enquanto entregava a carta a Taehyung.

ㅡ Seu irmão deixou isso para você ㅡ disse Seohan, com a voz baixa ㅡ Ele escreveu essa carta pouco antes do... acidente. Disse que era para ser entregue a você, caso algo acontecesse.

Taehyung pegou o envelope com mãos trêmulas, reconhecendo a caligrafia de Taeyang no endereço. Ele olhou para os pais, que pareciam tão ansiosos quanto ele para saber o conteúdo da carta, mas Taehyung sabia que precisava ler isso sozinho. Era algo entre ele e Taeyang.

ㅡ Vou subir e ler no meu quarto ㅡ disse ele suavemente, levantando-se da mesa. Seus pais apenas assentiram, compreendendo a necessidade de privacidade do filho.

No quarto que ele e Taeyang compartilharam na infância, Taehyung fechou a porta atrás de si e sentou-se na beira da cama. Respirou fundo, tentando acalmar as batidas aceleradas do coração. Com cuidado, ele abriu o envelope e retirou a folha de papel, desdobrando-a lentamente.

A escrita de Taeyang parecia um abraço, familiar e reconfortante, mesmo em sua ausência. Taehyung começou a ler, sentindo a presença de seu irmão ao seu lado com cada palavra.

"Meu querido irmão Taehyung,

Se você está lendo esta carta, significa que algo aconteceu comigo. Eu sei que não sou do tipo de se preparar para o pior, mas a vida me ensinou que algumas coisas estão fora do nosso controle, somos médicos, você sabe, e, por isso, quero ter certeza de que algumas palavras sejam ditas, mesmo que eu não esteja mais aqui para dizê-las pessoalmente.

Segunda Chance - TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora