Segunda Chance - Taekook

Capítulo 4

Jungkook acordou com a cabeça pesada e o corpo exausto. Ainda estava no hospital, mas algo parecia diferente naquela manhã fria. O silêncio da sala, o cheiro característico de desinfetante, e a sensação de estar perdido em si mesmo pesavam sobre ele. Ao abrir os olhos, a visão estava turva, e ele demorou alguns segundos para se orientar. As lembranças da noite anterior surgiram de repente como uma onda de choque. Jungkook sentiu o coração apertar ao recordar o que acreditava ser apenas um sonho – a visão de Taeyang, ou alguém que se parecia com ele.

Mas, antes que pudesse refletir profundamente, os enfermeiros entraram e começaram a prepará-lo para a alta hospitalar. Yoongi havia deixado instruções para que Jungkook fosse liberado naquela manhã, e seus pais estavam prontos para levá-lo para casa. Os olhos de Jungkook ainda estavam cheios de incerteza, a mente em turbilhão, sem saber se o que vivenciou era real ou apenas uma alucinação.

No caminho para casa, ele ficou em silêncio. Cada rua parecia mais fria e cinza, como se o mundo estivesse ecoando a ausência de Taeyang. Ele questionava, repetidamente, se o que viu no terraço fora verdade. Teria Taeyang realmente voltado para salvá-lo? Ou estava perdendo sua sanidade por completo?

— Querido, você está melhor? — Sua mãe pergunta.

— Eu não sei, acho que estou ficando louco de vez — Ele disse completamente vago, olhando pela janela esquerda do banco de trás.

A mulher suspirou com tristeza, ela e sua esposa estavam preocupados, souberam que Jungkook tentou fazer aquilo de novo. Ver seu único filho se afundar em uma vasta tristeza é demais para seu coração, faz tempos que ela não o via sorrir, onde estava aquele seu menino sorridente e orgulhoso? Parece que tudo isso fora juntamente com Taeyang...

Enquanto isso, na casa dos Kim, Taehyung passava os dedos por antigas fotos que estavam em uma caixa no sótão. As imagens amareladas capturavam momentos felizes de sua infância ao lado de Taeyang. Eles, ainda crianças, sorrindo e se divertindo em brincadeiras inocentes. A dor da ausência do irmão era palpável, mas, ao ver aquelas lembranças, Taehyung sabia que precisava ser forte, tanto por si quanto por Jungkook.

Taehyung contou ao pais sobre outra tentativa de suicidio, ficaram abalados com outra notícia daquelas. Taehyung lhes contou sobre o que havia acontecido na noite anterior, e a reação de ambos foi de puro pavor. Eles mal podiam acreditar que Jungkook havia chegado tão perto de cometer outro erro irreversível. A preocupação e o medo em seus rostos refletiam o fardo que os pais dele carregavam após a perda de Taeyang.

Taehyung sabia, então, que precisava fazer algo. Conversando com Yoongi, eles discutiram os próximos passos. Jungkook estava em um estado extremamente frágil, e não bastava simplesmente deixá-lo sozinho. Ele precisava de apoio, de alguém que o ajudasse a superar o luto de uma forma que os remédios e tratamentos não estavam conseguindo.

— Olha Taehyung, é muito simples, é como conversamos, você também é médico e tenho certeza que já lhe deu casos traumáticos piores que o de Jungkook. A Partir de hoje você terá que cuidar dele, como excelente médico que é — Yoongi estava confiando cegamente no militar — Você terá que ficar lá, por tempo indeterminado, eu não sei se o que estou pesando pode dar certo, mas irei torcer com todas as minhas forças. Ver o Jungkook assim dói muito, e não queremos perder ele pra depressão assim.

— Eu entendo doutor Min, mas você sabe bem que não sou o Taehyung, temos apenas a mesma aparência, não posso ultrapassar muito o limite.

— Eu entendo o que quis dizer — Mas deixaremos bem claro para ele que você é o outro Tae, e não o Tae que ele perdeu — Yoongi, com toda a experiência e preocupação que sentia, sugeriu que Taehyung fizesse algo que ele mesmo já considerava: ficar perto de Jungkook.