Segunda Chance - Taekook

Capítulo 5

Oi gente, desculpa a demora

O dia amanheceu cinza e chuvoso, como se o mundo lá fora estivesse compartilhando da mesma tristeza que Jungkook carregava consigo.

A chuva incessante batia contra as janelas da casa, e o som repetitivo parecia ecoar por toda a casa silenciosa. Taehyung acordou. Era seu primeiro dia assim por dizer naquela casa, agora seu novo lar temporário, e o peso da responsabilidade que assumira não lhe permitira uma noite de sono tranquila. Pensou em tudo que ocorrera desde que voltara a Seul — o velório do irmão, o primeiro encontro com Jungkook, a missão quase impossível de separar-se emocionalmente da sombra de seu irmão enquanto tentava ajudar o viúvo a encontrar um caminho de volta para a vida.

Após levantar-se, Taehyung se dispôs a preparar o café da manhã. O relógio marcava exatamente 9h, e ele se movimentava pela cozinha com familiaridade, como se já tivesse feito isso várias vezes. Na verdade, cozinhar tinha se tornado quase terapêutico para ele; uma forma de controlar pelo menos um aspecto da vida em meio ao caos. Enquanto mexia os ingredientes, a chuva lá fora não dava sinais de que iria cessar.

Ele colocou a mesa com cuidado, garantindo que tudo estivesse pronto antes de subir até o quarto de Jungkook. Por mais que entendesse a necessidade de descanso do ortopedista, Taehyung sabia que Jungkook não podia se perder em dias vazios e intermináveis. Ele precisava, aos poucos, encontrar uma rotina, um motivo para se levantar a cada manhã, mesmo que fosse algo pequeno como tomar um bom café.

Parando diante da porta do quarto de Jungkook, Taehyung hesitou por um momento. Ele respirou fundo, buscando coragem para o que viria a seguir, e bateu suavemente, três toques firmes e ritmados. Não houve resposta imediata. Ele sabia que Jungkook ainda estava dormindo, perdido no silêncio e na escuridão do quarto.

Taehyung abriu a porta devagar, evitando fazer qualquer ruído brusco. O quarto estava quase completamente escuro, com as cortinas pesadas bloqueando qualquer luz que pudesse entrar. Ele caminhou lentamente até a cama, onde Jungkook estava deitado, profundamente adormecido. Seu rosto parecia sereno, mas havia uma tristeza silenciosa que mesmo no sono não se dissipava.

Com cuidado, Taehyung tocou o ombro de Jungkook, sacudindo-o levemente para despertá-lo.

— Jungkook... — chamou com suavidade, mas sua voz carregava um tom de firmeza. — Já está na hora de levantar.

Jungkook abriu os olhos lentamente, piscando várias vezes enquanto se ajustava à pouca luz que entrava no quarto. Por um instante, sua expressão era de confusão, como se estivesse lutando para distinguir entre o sonho e a realidade. Quando seu olhar encontrou o de Taehyung, ele se sobressaltou ligeiramente, lembrando-se da conversa da noite anterior.

— Taeyang...? — murmurou em um reflexo involuntário, mas logo a realidade o atingiu com força. — Desculpe, Taehyung...

Taehyung apenas assentiu, compreensivo. Ele sabia que a semelhança entre os dois irmãos era um peso que Jungkook carregaria por muito tempo.

— Está tudo bem. Eu sou eu, Jungkook. Não precisa se desculpar. — Taehyung manteve o tom calmo, mas direto. — O café está pronto. Pensei que você pudesse gostar de comer algo.

Jungkook se sentou na cama, passando as mãos pelos cabelos bagunçados. A exaustão estava clara em seus olhos, e o vazio da perda ainda marcava profundamente suas feições.

— Obrigado... — respondeu ele, a voz baixa e cheia de uma melancolia que Taehyung reconhecia muito bem. — Eu realmente pensei que fosse um sonho... ou talvez um pesadelo. Ainda é difícil acreditar que você está aqui, tão... igual a ele. Me desculpe, vai demorar um pouco para me acostumando, de saber diferenciar, saber que você não é ele.