Prólogo

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Talitha

Depois de me encher com deliciosas tortas de carne e suco de abóbora, finalmente me sinto mais adepta a descansar no corredor térreo ao lado do salão principal.

Pelo meu sobrenome, não sou muito bem-vinda nas conversas ou até mesmo nas aulas, então me acostumei a passar o tempo sozinha, principalmente, neste corredor - onde eu posso observar todos ao redor sem ser notada. Até porque todos ficam mais preocupados com os atrasos para a aula do que para a minha presença.

Eu juro que os dias se passam tão lentamente, que é capaz de eu ver o nascimento de mil tartarugas indo e voltando dos hospitais próprio para elas. Aliás, isso seria uma curiosidade interessante. Como se chamaria? Hospitarugas?

Enfim, de qualquer modo, estou me sentindo mais tranquila com a solidão. Tem uma garota da Sonserina que não larga do meu pé.

Eu pensei em perguntar o porquê, mas ela diz para os amigos que eu não tenho pai e isso me faz ser estranha, então presumo que seja isso. Mas de verdade, de que culpa eu tenho? Eu queria ter família, e também queria que ela entendesse que isso não é do meu controle.

Na verdade, tem muita coisa que eu não tenho controle. Principalmente, daquela voz irritante que sempre pede para eu escutar.

Mas eu criei um método mais eficaz, não é muito benéfico mas é eficaz.

Eu comecei a fumar a um mês atrás, e isso meio que me levou a usar outras coisas para colocar meu nervoso para fora.

Mas isso é totalmente aceitável, não é?

É por uma boa causa.

Mas a verdade é que não me sinto tão bem depois de usar.

Talvez seja uma questão de costume.

Devo utilizar mais para me sentir bem?

Eu não tenho muita certeza, mas a única que tenho é que eu faria o possível para não escutar essa voz nunca mais.

Inclusive, quando eu olho para algumas pessoas que passam pelo corredor, acabo imaginando se algumas delas também têm esse problema.

Mas não um problema qualquer.

Um problema do tipo, “Será que ela também começou a fumar com 13 anos?”, “Será que ela sofre violência doméstica?” ou até mesmo “Será que o pai dela matou alguém?”.

Na verdade, essa questão de eu saber minha origem é bem indiferente. Tudo que eu sei é que apenas fui deixada em frente a um orfanato antigo com um tipo de certidão me chamando de Talitha M. Black.

Mas não era uma certidão correta, era uma diferente.

Diferente do tipo que abrevia seu nome do meio sem importar com o futuro improvável de você se tornar uma órfã e precisar dessa informação.

Mas o nome Black também não me ajudou muito, só descobri pequenas histórias contadas pela Pomona Sprout sobre o que era ser esse nome. E confesso não ter gostado muito.

E com certeza não gosto do fato das pessoas cochicharem pelos cantos achando que não escuto. Eu juro que se pudesse, esmagaria o dedo mindinho e provavelmente quebraria o nariz de cada um.

Começando pela Érica.

Eu meio que odeio ela.

Será que se eu fizesse cocô no travesseiro dela seria o suficiente para me vingar? Ou eu também poderia fazer xixi por um mês dentro de uma bacia e jogar nela enquanto me escondo?

Depois de Tudo - Fred Weasley (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora