27- VAZIO

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NATASHA








Eu era incapaz de descrever o tamanho da minha dor. Por mais que tentasse ser forte para encontrar Levi e Lívia, eu me sentia esgotada de todas as maneiras, mas a pior de todas era o psicológico.

Não estava sabendo lidar com mais nada. Dois dos meus filhos foram levados de mim, e agora perdi mais um por causa daquele maldito.

Nas últimas horas desde que recebemos a notícia que eu tinha perdido meu bebê, recebi muitas visitas. Mas eu não conseguia falar com ninguém, não conseguia olhar para ninguém.

Era como se eu tivesse construído um casulo ao meu redor que impedisse qualquer um de se aproximar. Além da imensa dor que sentia, também carregava a culpa, e talvez me sentir culpada seja o que esteja me deixando tão fraca e vulnerável.

Wanda mesmo tentando ser forte para me dar apoio era visível a tristeza em seu olhar. Ainda não conversamos sobre o assunto. Mas sei que ela não saiu do meu lado nem por um segundo além de ir ao banheiro.

Ela estava inquieta. Andava dentro do quarto a todo momento. Não conseguia parar por mais de dois minutos. O silêncio ensurdecedor do quarto permitia que eu ouvisse suas respirações tensas e pesadas.

A ruiva estava agoniada com tudo o que vem acontecendo. E a notícia parecia ter engatilhado algo dentro dela.

Sua expressão estava indecifrável. E por mais que eu tentasse fazer algo por ela para que pudesse acalmá-la. Eu não conseguia. Eu não tinha sanidade para formular meia frase sem desmoronar em um choro doloroso.

Eu tinha esquecido o quanto era ruim esse sentimento de perda, dor e luto.

Eu estava sendo consumida pelo vazio. Como se uma parte minha tivesse sido arrancada brutalmente de mim. E de certa forma foi.

O pior momento foi quando tive que fazer uma cesariana para retirar o bebê. A pouco mais de 24 horas atrás. Por já ter passado das 13 semanas de gestação, o bebê já estava todo formado.

Optamos pela cesárea para que pudéssemos pegar nossa pequena nos braços pela primeira e última vez. Sim, íamos ser mamães de uma princesinha.

Eu vi com meus próprios olhos, Wanda se fazendo de forte na minha frente enquanto segurava nossa filha. O sentimento de culpa foi ainda mais avassalador. Pois foi naquele momento que soube que ela realmente desejava ter um filho.

Ela segurou nossa anjinha com tanto amor, tanto carinho, na mesma intensidade que também existia a dor nos seus braços e nas suas palavras.

Quando fui levada de volta para o quarto me deparei com Yelena, Kate, Peter, Kara, Lena, Sam e Pietro e mais alguns funcionários. Eles passaram horas dentro do quarto compartilhando da nossa dor e nosso luto.

Ninguém ousou dizer uma única palavra. Foram horas sendo torturadas pelos seus olhares e silêncio. Até que não aguentei e ordenei que todos voltassem ao trabalho.

Alguém tinha que continuar com as buscas. E eu infelizmente não podia sair da cama. E desde que eles saíram, um muro parecia ter se erguido entre Wanda e eu.

Nossas trocas de palavras eram curtas. Ela na verdade sempre perguntava se eu precisava de algo. Se estava com sede ou queria ir ao banheiro.

E agora olho fixamente para a porta, aguardando ansiosamente para que ela retorne logo. Não faz mais de dois minutos que ela saiu. Mas o fato dela simplesmente ter saído sem dizer nada me deixou agoniada e quase entrando em desespero.

Tirei o lençol das minhas pernas e forcei meu corpo para frente com muito custo e sentindo as dores tomarem conta de todos os lugares.

- Ei, ei, ei... Amor, onde pensa que vai?- Senti as mãos quentes da Wanda em meus ombros me impedindo de levantar.

IRRESISTÍVEL (WANTASHA- G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora