Capítulo 06 - Linhas de Conflito

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O frio fazia meus ossos doerem, e os quatro grupos de oito homens sentiam o mesmo. Observava cada um deles. Fazia 10 graus Celsius e a chuva começava a cair. A lama começava a se formar sob nossos pés. Eram cinco da manhã, conforme meu relógio. Os soldados estavam visivelmente cansados, e este batalhão iniciante significava trabalho dobrado.


— Em posição, soldados! — gritei, sem piedade.

Os soldados se moveram rápido, mas ainda sonolentos. Queria ver quem superava o cansaço, o frio, a escuridão. Formaram uma linha, com as faces endurecidas, e eu comecei a andar entre eles.

— Hoje, vocês vão descobrir do que são feitos. — Parei em frente a um recruta exausto. — Acham que cinco da manhã é cedo? No campo de batalha, não há horário. O inimigo não espera vocês estarem descansados. — Gritei, fazendo um homem pular de susto.

— Qual seu nome, jovem?

— Leonardo, senhor!

— Pois bem, soldado Leonardo, deite-se com o rosto na lama. — Ele se jogou no chão.

— Estão querendo rir do colega de vocês, soldados? — Perguntei, passando de um por um. Alguns tentavam segurar a risada.

— Todos no chão! — Gritei, e os homens se jogaram na lama, sujando os rostos. Exceto um garoto loiro, que parecia em choque.

— Não ouviu o que falei, soldado 23? — Berrei, vendo uma lágrima escorrer. — Está chorando? No meu batalhão não tem tempo para chorar! — Puxei o garoto pelo colarinho, e ele se jogou no chão, machucando o tornozelo.

— Levantem! Soldado 04 e 06, levem o 23 para a enfermaria agora! — Eles o levaram.

Era exaustivo pra caralho, mas era meu trabalho. Não podia dar moleza. Quem entra no meu batalhão luta até o último segundo. Aqui é faca na caveira!

Na minha sala, com a luz da tarde entrando pela janela, o telefone piscava insistentemente

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Na minha sala, com a luz da tarde entrando pela janela, o telefone piscava insistentemente. Sabia quem estava do outro lado.

— Capitão Nascimento. — Disse secamente.

— Boa tarde, capitão. Precisamos falar sobre o caso do garoto. — A voz era calma, mas com um tom político que todos nós conhecemos.

— O caso do garoto? — Perguntei, querendo ganhar tempo. — Foi uma operação complicada. Era inevitável.

— Entendo, capitão, mas a situação está complicada. A imprensa está em cima e temos gente influente querendo respostas. Essa operação não pode virar um problema maior.

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