Não quero mais (Parte 1)

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Pov Brunna

- Eu não aguento mais, Ludmilla. Eu me casei com você e não com seus amigos. - eu disse, extremamente nervosa.

- Nossos amigos, Brunna. Nossos.

- Nossos o cacete. Eles são meus amigos simplesmente porque sou casada com você. Você não ouviu o que eu ouvi. Você não faz ideia de como eu me senti ouvindo da boca daqueles dois que eu atrapalho sua vida, que você só continua comigo porque me acha gostosa e pode me comer a hora que quiser. Você não faz ideia do lixo que eu me senti. - gritei, com lágrimas escorrendo dos meus olhos.

Ludmilla me olhava com raiva, tristeza, decepção. Era um misto de sentimentos que seus olhos transmitiam. Eu estava extremamente machucada e eu esperava que ela ficasse do meu lado, mas a única coisa que ela estava tentando fazer era justificar as atitudes e falas daqueles filhos da puta. Eu estava cansada. Eu amo ela, sempre aguentei muitas situações caladas para evitar brigas, mas dessa vez foi a gota d'água. Ela permanecia calada, me olhando, e aquilo estava me matando de ódio.

- Se você, enquanto minha esposa, não é capaz de me defender, de ficar do meu lado, esse casamento não serviu de nada.

- Caralho, Brunna. Não serviu de nada? Eu faço tudo por você. Tudo. E você também não enxerga isso.

- EU faço tudo por você. Eu deixo de lado a minha família, os meus amigos e até mesmo o meu trabalho pra estar com você em todos os momentos. Isso nunca foi problema pra mim, mas não ter reciprocidade dói. Tô cansada, Lud. Acho que a gente se precipitou. Casamento é coisa séria e você ainda não está preparada pra isso. Eu te amo muito, mas eu não quero mais. Não assim.

Minha voz estava falhada, meu coração doendo. Aquele era o pior dia da minha vida. Entrei no closet e peguei uma mala, colocando algumas roupas dentro dela. Ludmilla veio atrás, revoltada.

- Não quer mais, Brunna? Você está se separando de mim? Que porra você está fazendo?

Não respondi nada. Continuei fazendo a mala quando ouvi a porta do quarto batendo. Ela saiu. Realmente era o fim.

*

Já fazia uma semana que eu tinha saído de casa. Estava morando provisoriamente no antigo apartamento do Érick. Ludmilla não me procurou. Tia Sil me ligava todos os dias, me pedindo pra voltar, porque a Lud precisava de mim e que o nosso amor não podia acabar assim. Eu negava todas as vezes, porque minha esposa nem ao menos se importou com minha ausência.

Eu estava destruída. Não queria falar com ninguém, tanto é que ninguém, além do Érick, sabia do ocorrido. Eu só queria que tudo voltasse ao normal. Minha vida nos últimos dias se resumia em chorar até dormir e foi isso que aconteceu novamente.

Pov Ludmilla

Hoje faz uma semana que a Brunna me deixou aqui. Eu queria morrer toda vez que lembrava dos seus olhos castanhos carregados de lágrimas, tristeza e decepção. Fui a pior esposa do mundo. Eu tinha que ter protegido ela, ficado ao seu lado, mas a idiota aqui preferiu tentar explicar as atitudes nojentas daqueles que se diziam meus amigos.

Naquele dia, assim que saí do nosso quarto, batendo a porta com força, saí com meu carro dirigindo sem rumo. Lágrimas me cegavam os olhos. Eu estava me sentindo uma merda e só precisava beber pra esquecer. Já era 22 horas. Parei em um posto, entrei numa conveniência e comprei algumas cervejas e uma garrafa de vodca. Dirigi até nosso apartamento. Tinha tempos que a gente não ia ali. Entrei e me joguei no sofá de qualquer jeito, começando a beber. Perdi a noção de quanto tempo fiquei ali bebendo. Eu já não estava me aguentando em pé e já não tinha mais lágrimas pra chorar. Até que recebi uma ligação. Meu coração acelerou. Pensei que fosse meu amor, mas era minha mãe. Ignorei a chamada. Mas ela tornou a ligar. Duas, três, quatro vezes. Na quinta vez eu decidi atender. Coloquei o celular no ouvido, mas não falei nada.

One shot BrumillaOnde histórias criam vida. Descubra agora