II

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Nada disso evitava os gritos de desaprovação daquele ser inflexível e rigoroso, abjeto e inconsequente. Ao contrário. Quanto mais linda e sexy ela se apresentava, mais parecia inspirar nele um comportamento irascível e injusto, fruto de sua personalidade obscura e doentia e no fundo, frágil e carente, como de todos os machistas inveterados. "Ajoelha agora, piranha imunda e beije os pés do seu Homem! Aviltada, com os joelhos comprimidos e doloridos de encontro ao piso rígido e gelado, aquela beldade obedecia beijando os pés imensos e, mesmo assim, recebia tapas em seu belo rosto que, a princípio, terno e magnificamente maquiado, ia ficando avermelhado, com sua ternura rudemente eclipsada pelos golpes constantes. Lágrimas enegrecidas pelo lápis de olho escorriam em sua face marmórea sem que ele permitisse o choro e nem deixasse que ela desviasse o olhar de sua fisionomia monstruosa e cruel.  "Olhe pra mim sorrindo, sua vagabunda! Se porte dócil e agradecidamente diante de seu Dono. Nem sonhe em exibir um brilho sequer de contrariedade em seus olhos de cigana oblíqua e traiçoeira. Cogite meramente a hipótese de ser intransigente ou minimamente mal criada com seu proprietário e sentirá as consequências na pele e na alma!"

Escravas BrancasOnde histórias criam vida. Descubra agora