𝚇𝚎𝚛𝚒𝚏𝚎 - Pᴀʀᴛᴇ 2

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𝐂𝐥𝐚𝐬𝐬𝐢𝐟𝐢𝐜𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨: 𝐄𝐧𝐞𝐦𝐢𝐞𝐬 𝐭𝐨 𝐋𝐨𝐯𝐞𝐫𝐬; 𝐫𝐨𝐦𝐚̂𝐧𝐭𝐢𝐜𝐨; 𝐟𝐨𝐟𝐨.

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Sentada na cela fria, os pensamentos corriam soltos em minha mente. Eu tentava entender como uma noite aparentemente comum havia se transformado em um pesadelo. A incerteza era sufocante, e a única coisa que parecia certa era que eu precisava manter a calma. Se não tivesse cometido nenhum crime, tudo isso se resolveria. Mas, até lá, eu estava presa, sem poder fazer nada além de esperar.

Apesar do frio extremo que eu sentia — e minhas roupas úmidas só serviam para amplificar ainda mais a sensação de frio congelante da cela — eu acabei pegando no sono, que me embalou em uma noite ingrata e sem sonhos.

O que me despertou na manhã seguinte foram os primeiros raios de sol penetrando na diminuta janela situada quase no topo da parede. Precisei de alguns segundos para me recordar dos acontecimentos da noite passada e lembrar que eu não estava no conforto da minha casa, mas sim em uma cela cinzenta e intimidante. Meu corpo doía devido à rigidez da cama improvisada de cimento, mas eu não sentia mais frio, pelo contrário. Algo bem quentinho me envolvia. Esticando meu corpo, sentei-me. Um casaco preto me cobria, e em um dos bolsos frontais, situados logo abaixo da gola, o nome "Hutcherson" estava bordado.

Enquanto eu ainda tentava me adaptar à luz, ouvi o portão da cela ranger.

— Srta. S/S — começou um policial, que eu ainda não havia visto, hesitando por um momento. — Parece que houve um mal-entendido.
Eu olhei para ele, confusa, sem saber o que esperar.
— O sistema cometeu um erro ao associar seu carro com uma ocorrência recente. Acabamos de receber a confirmação de que você não está envolvida em nada ilegal — explicou ele, impassível.
— Eu tentei dizer isso o tempo todo — respondi, sem conseguir esconder o tom de frustração.
— Você pode ir.
— Onde está Hutcherson? — perguntei, repentinamente. Que diferença isso fazia? Eu estava sendo liberada. Mas por alguma razão que eu não conseguia entender, gostaria que tivesse sido ele a vir me dar esta tão aguardada notícia.
— Envolvido em alguns assuntos da cidade. Sabe como é, ele é o xerife.
— Claro — respondi, escondendo minha decepção. — Pode devolver isso para ele, por favor? E agradecê-lo em meu nome? — falei, entregando-lhe o casaco que me aqueceu durante a noite.
— Ok — respondeu ele, com frieza, pegando o casaco de minha mão. — Aqui está a chave de seu carro e seus pertences.
— Obrigada.

Sem olhar para trás, fui para o meu carro, dei partida e retornei para casa. No meu celular, diversas mensagens me parabenizando pela entrevista no jornal, dizendo que se sentiam orgulhosos, que fui muito bem, que a entrevista foi ótima. Agradeci a todos, sem ter a menor ideia de como tinha sido a entrevista. Procuraria mais tarde no YouTube, de qualquer forma. Naquele momento, eu só queria tomar o banho que tanto ansiava desde a noite anterior, desde todo o mal entendido. O alívio que eu sentia naquele momento era inexplicável, eu finalmente podia comemorar o fato de não ter estado envolvida em nada de ilegal, meu nome e minha reputação estavam a salvos.

Ainda assim, parecia faltar algo, e eu me perguntava se Hutcherson algum dia se desculparia pelo ocorrido. Afinal, tudo não havia passado de uma confusão dele e de sua equipe, e uma confusão responsável por me fazer passar a noite em uma cela! O mínimo que ele tinha que fazer era um pedido formal de desculpas.

Meu banho foi longo, com direito a chocolate e vinho. Por sorte era domingo e eu tinha o dia todo em casa, sem precisar me preocupar com o brechó. Vesti um shorts de ginástica e uma regata e me joguei no sofá, pronta para ver minha entrevista. Foi quando a campainha tocou. Respirando fundo, fui atender a porta. Quando abri, lá estava ele. Lá estava Hutcherson, com a mesma expressão séria e os olhos que pareciam ler além do que eu mostrava. O uniforme impecável só reforçava a aura de autoridade que ele emanava.

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𝐈𝐦𝐚𝐠𝐢𝐧𝐞𝐬 𝑱𝒐𝒔𝒉 𝑯𝒖𝒕𝒄𝒉𝒆𝒓𝒔𝒐𝒏Onde histórias criam vida. Descubra agora