Capítulo 3

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Bruna Lavra

Quando acordo a noite já tinha caído e o relógio da cabeceira já marcava mais de meia-noite, as meninas também já estavam no quarto. Kayle dormia na horizontal na beira da cama quase caindo e Gaby estava do meu lado com os pés em cima das costas de Kayle e um dos braços largados por cima do meu.

Com cuidado consegui sair da cama sem acordar elas e fui para fora com o objetivo de chegar a cozinha e comer algo ou beber uma água. O objetivo estava quase completo, a cozinha já tinha achado, só faltava a comida que parecia se esconder de mim.

Desistindo de procurar no escuro, o que admito que foi burrice, liguei a luz, finalmente enxergando a geladeira. Suspiro feliz quando dou a primeira mordida em uma banana.

— Estava morta de fome e nem notei — falo sozinha, dessa vez pegando uma cesta de morangos com chocolate que achei.

— É, eu percebi — olho para trás assustada com a voz masculina.

— Que susto — minha mão vai para o peito para diminuir o batimento cardíaco.

— O assustado deveria ser eu com uma desconhecida assaltando a minha geladeira — sua voz carregava humor.

Porém, meus olhos se arregalam quando me dou conta de quem é o homem na minha frente.

— Sr. Alejandro — me recordo o nome que Gaby falou em uma de nossas conversas — Sou Bruna, amiga de sua irmã — sorrio simpática estendendo minha mão para um aperto, mas a recolho percebendo os dedos sujos de chocolate — Me desculpe, acabei dormindo demais e perdi o jantar, acordei agora e vim fazer um lanchinho — estava de costas lavando a mão na pia — Senhor? — quando me viro o mesmo já estava mais próximo com o semblante fechado com os olhos direcionados aos meus, mas logo escorregaram para o meu corpo.

Me fazendo perceber a roupa completamente indecente que eu estava na frente de um estranho.

— O que está fazendo? — sua voz parecia zangada quando corro para o outro lado da ilha, no centro da cozinha, me abaixando.

— Eu sinto muito Sr. Alejandro, não foi minha intenção aparecer em uma roupa tão impropria na sua frente, para ser sincera não esperava encontrar ninguém — digo com pesar, mas não obtive nenhuma resposta além do silêncio — Se importa em virar de costa para que eu possa subir? — de novo eu não obtive resposta então só corri de volta para o quarto sem fazer questão de verificar se ele estava olhando ou não.

Chegando no quarto após fechar a porta, senti minhas bochechas queimarem pela vergonha. Então, decidida a ignorar a lembrança do momento constrangedor, me deitei na cama com as meninas sendo abraçada por Gaby e sentindo Kayle usar me panturrilha como travesseiro.

(...)

— O que vocês estão fazendo? — depois de tentar ignorar os gritos das meninas e voltar a dormir, desisti.

— Gabryelle está usando o meu sutiã — Kayle grita correndo atrás de Gaby que se tranca no banheiro — Gabryelle abre essa porta ou eu juro que vou arrombar.

— Epa! Ninguém vai arrombar nada — digo levantando da cama, batendo na porta do banheiro — Gaby abre logo.

— Não, Kayle vai me bater — o grito dela ressoa pelo quarto.

— Eu não vou só te bater, eu vou te espancar, sua maluca — Kayle tenta passar por mim, mas seguro ela.

— Ninguém vai bater, arrombar, ou seja lá o que for — bato novamente na porta — Gaby, eu juro que não vou deixar ela te pegar.

— Promete? — pergunta e eu concordo.

Assim que a porta é aberta, Kayle pula em Gaby e eu não faço nada para impedir.

— Bruna, você prometeu sua mentirosa — Gaby me acusa assim que Kayle solta ela, vitoriosa com o sutiã em mãos.

Antes que pudesse responder, a porta foi aberta pelo irmão de Gaby.

— Porque escutei gritos? — a voz grossa soou pelo quarto.

— Problemas de meninas — digo rápido antes que ele decidisse nos expulsar por causar confusão em sua casa.

— Dessam para o café e não demorem — foi tudo que ele disse antes de bater a porta do quarto com força.

O FazendeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora