Capítulo 14 Você está preso

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                                               ESTEFANO CATTANEO DONATELO

Tenho que controlar a vontade imensa de encher a cara desse sujeito de porrada. Ele permanecia de joelhos mãos na cabeça, olhava sempre para o chão.

---- Você é tão covarde que a dez anos atrás fez seu pai de escudo para fugir da polícia.

nesse momento ele levantou a cabeça e me olhou,o Cris que estava atrás dele o chutou nas costas, fazendo com que ele se desequilibrasse caísse para frente mas logo se recompôs e voltou a posição de ordem com os olhos para baixo. Claro que ele não viu meu rosto por que estávamos todos com nossas toucas pretas e o uniforme preto, não usávamos mais essa roupa, só em ocasiões como está, mesmo assim mereceu o chute.Coloquei o meu celular para gravar e disse:

----Fale o que você fez a dez anos, como foi a morte do seu pai?

Ele demorou uns segundos para falar, lhe dei um tapa na cara dizendo em voz alta:

----- Fala como foi, quero detalhes...

Ele então narrou o que aconteceu. Que ele bateu de frente com o bope estava armado e atirou, não acertou ninguém, entrou em uma viela e quando o policial atirou ele mesmo tinha cruzado com seu pai e o puxou para usá-lo como escudo, em seguida conseguiu fugir e se escondeu em casa, deixando o corpo do seu pai caído no chão.

----Isso foi atitude de homem?

-----Não senhor. Eu só tinha 17 anos senhor, agi sem pensar.

Desliguei o telefone e coloquei novamente no bolso. ----- Levanta.

Ele levantou devagar, mas permaneceu olhando para o chão. O segurei pelo braço com força, por que quero deixar marcas e o conduzi para o outro comodo da casa.

-----Vamos ver o que encontramos por aqui. Nos leve para conhecer sua casa.

Não soltei o braço dele nem um momento, ele gemeu de dor em várias vezes. Eu usava luvas que deixam somente as pontas dos dedos de fora. Reviramos a casa, encontramos uma ponto 40 (arma de fogo) e algumas gramas de maconha.

----Você vai com a gente. Está preso.

----Na moral senhor. O que eu fiz para você? 

----Pra mim nada mas você devia cuidar por onde anda.

O levei para fora ainda o segurando pelo braço. Como ele era reincidente talvez ficasse mas uns dois anos preso. A não ser que alguém pague sua fiança por posse  ilegal de arma.Saímos da casa e descemos de volta para a viatura. Efetuamos a prisão do sujeito e voltamos para o quartel.

Estou fechando meu armário, acabamos de nos trocar vesti uma calça de moletom preta e camiseta preta. Assim que me virei vi o Cris vestindo a camiseta e me olhando.

----O que foi?

----Você não parece satisfeito.

----- Ela vai ficar arrasada quando souber que ele foi responsável pela morte do próprio pai. E eu gostaria de ter mandado ele para o inferno... Ele a deixou com o braço roxo, a forçou a lhe dar dinheiro...

----Por isso você quase arrancou o braço dele fora? Agora está explicado.

---- Ela me pediu para não atirar quando eu tivesse chance. Queria ter enchido a cara dele de porrada mas sou o primeiro tenente e tenho que me controlar.

Digo desanimado por que é assim que me sinto. Sento no banco que havia no meio do vestuário os outros caras já estavam saindo. E concluo:

----Se alguém pagar a fiança dele, em poucos dias ele está na rua e se ele a procurar novamente não vou conseguir me controlar. Ninguém vai me segurar se ele encostar nela de novo.

----Você gosta bastante dela. Até que enfim uma mulher conseguiu te tirar da pista...

Me levantei e passei por ele dizendo:

---- Não é nada disso, não viaja. O que temos é um acordo de sexo sem compromisso e o que fiz por ela faria por qualquer um.

----Tá bom, vou fingir que acredito.

Saímos do vestuário e fui fazer o relatório da missão. 

Horas depois fomos chamados para uma missão não programada no Vidigal. Relataram um tiroteio e uma criança havia morrido de bala perdida.Fomos recebidos com muitos tiros, era uma briga entre gangues rivais. O Jonas acabou levando um tiro na perna de raspão. Depois de algumas horas restabelecemos a paz no local, deixando alguns corpos pelo caminho.

Na madrugada fiquei com o pessoal que estava fazendo o curso e mais 20 % pediram pra sair. Quando esse curso se inicia tem um total de 80 homens, agora já estava com 20 e ainda faltam duas etapas. Acredito que teremos mais umas 15 desistências.

Depois de 24 h de plantão cheguei em casa exausto e fui direto tomar um banho. Ao deitar na cama senti o cheiro da Borboleta e desejei que ela estive aqui comigo. Que porra de uma carência desgraçada,soquei o travesseiro várias vezes irritado comigo mesmo e depois de uma eternidade acabei caindo no sono vencido pelo cansaço.

Na manhã seguinte sai para comprar umas coisas e quando cheguei em casa peguei o celular na mão e fiquei olhando a foto do contato dela no wattsap pensando se deveria mandar uma mensagem. Talvez só confirmar o nosso jantar de amanhã. Optei por não mandar nada, ela poderia interpretar de outra maneira e está claro para nós dois que o que temos não passa de atração física. Larguei meu celular na bancada, nisso ouço meu sobrinho Arthur de 10 anos meu chamando.

---Entra Arthur. Estou na cozinha.

Arthur era alemão igual pai dele, alto magro, inteligente e educado. Estava guardando as compras que fiz para o jantar de amanhã quando ele entrou.

---Com licença tio. Você vai sair?

---- Hoje vou trabalhar as 19 h. Você precisa de alguma coisa?

----Posso ficar aqui um pouco? Meus pais estão discutindo....

Olhei preocupado para ele que me tranquiliza:

---Não é nada sério mas achei melhor deixá-los a vontade. Parece que o papai deu carona para uma loira da empresa.

O Patrick meu cunhado era dono de uma empresa de cosméticos. Sorri com o motivo da briga. Esse é um dos motivos de eu fugir de relacionamentos, o ciúme exagerado.

---Fica a vontade. Acho que você vai poder me ajudar com uma coisa que vou instalar lá no banheiro. Só vou terminar de guardar isso...

O moleque se joga no meu sofá e fica mexendo no celular. Jogando com certeza.Pelo menos agora tenho uma distração e quem sabe tiro um pouco minha borboleta da cabeça.

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obs: As estatísticas para passar em um curso da coesp, segundo minhas pesquisas são realmente de 5%. Algumas mulheres já tentaram passar e até hoje nenhuma conseguiu. 

O caveira e a borboletaOnde histórias criam vida. Descubra agora