Show de Fogos

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{-O verdadeiro líder é aquele que apesar do medo, age para proteger e guiar os que ama. Às vezes, a maior prova de força é admitir que precisamos de ajuda e unir forças para enfrentar o que está por vir.}

Eu finalmente tinha um plano. Pela primeira vez desde que aquela ficha de personagem se materializou na minha frente, eu sabia exatamente o que precisava fazer. Convencer meus amigos. Não havia mais espaço para hesitação. O Desastre era real, e eu não podia enfrentar isso sozinho.

Peguei meu celular com a mão trêmula, ainda me acostumando com a sensação de poder que começava a fluir dentro de mim. Abri o grupo de mensagens e, com uma determinação renovada, comecei a digitar.

"Hoje à noite, Kombi do Nalta. Preciso mostrar algo pra vocês."

Enviei a mensagem para cada um dos três. Faby e May responderam quase que imediatamente, suas respostas misturando curiosidade e surpresa.

"O que aconteceu pra VOCÊ marcar de sair?" perguntou Faby, com aquele toque de humor que sempre conseguia aliviar qualquer tensão.

May, sempre direta, apenas mandou um emoji de "olhos arregalados", o que me fez rir baixo. Já Nalta, ocupado como sempre com o trabalho na Kombi, não respondeu, mas eu sabia que ele estaria lá. Afinal, ele não tinha escolha.

Respondi que tinha algo importante para mostrar, algo que não podia ser explicado por mensagens. Faby se ofereceu para me buscar, como fazia às vezes, mas eu recusei.

"Vou a pé hoje" escrevi.

Ela respondeu com uma última provocação:
"Ok, não sei como você gosta tanto de andar a pé."

Mas eu gostava. Havia algo de reconfortante em caminhar pelas ruas antigas da cidade, com suas casas no estilo colonial que pareciam estar paradas no tempo. Essas caminhadas sempre foram uma forma de escapar, de pensar, de encontrar uma paz que muitas vezes parecia inalcançável.

Mas agora... agora a tranquilidade era uma lembrança distante. Desde que o sistema entrou na minha vida, tudo virou de cabeça para baixo. E, em breve, o mundo também.

Quando o sol começou a se pôr, fui para o banheiro, tomei outro banho e me vesti. O nervosismo começava a crescer dentro de mim, mas eu não podia deixar que isso me paralisasse. Eu tinha que agir.

Peguei um isqueiro na cozinha, coloquei meus fones de ouvido, e deixei a música me acompanhar enquanto caminhava pelas ruas da cidade, tentando aproveitar o pouco de normalidade que ainda restava na minha vida.

As ruas que tanto amava agora pareciam diferentes, quase distantes. Era como se eu estivesse caminhando por um cenário, algo construído para enganar, para esconder a verdade do que estava por vir. Aquela era a calmaria antes da tempestade. Eu sabia disso.

Cheguei à Kombi do Nalta, que já estava cercada de gente como sempre. Meus amigos já estavam lá, esperando por mim. Desde que me viram à distância, percebi a curiosidade estampada em seus rostos, aquele desejo de entender o que eu tinha para dizer. Afinal, era raro eu marcar de sair assim, do nada.

Nalta, como sempre bem-humorado, foi direto ao ponto quando me aproximei.

"Fala, Farlier! O que você tem pra mostrar que é tão importante? " Ele sorria, mas havia um tom de seriedade em sua voz.

Farlier - O DesgraçadoOnde histórias criam vida. Descubra agora