O Caminho do Caos

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{"Quando o mundo ao seu redor se dissolve em caos, é fácil ceder ao desespero, mas a sobrevivência exige mais do que força ou velocidade. Exige astúcia. O verdadeiro combate é travado primeiro na mente; cada decisão, cada movimento, podem mudar seu destino. Não importa o quão difícil a situação pareça, lembre-se: a vitória pertence a quem consegue manter a cabeça fria, mesmo quando o fogo arde em sua volta."}

Ainda de joelhos, eu sentia o chão vibrando, como se o próprio tecido da realidade estivesse sendo dilacerado. A náusea era sufocante, mas eu sabia que não podia ficar parado. Respirei fundo, tentando domar o turbilhão de emoções dentro de mim. Sentia o gosto ácido da bile na garganta, mas segurei firme.
(Levanta, Farlier. Não é hora de desmoronar.)

Com a mão trêmula, puxei uma das minhas facas de caça, sentindo o peso reconfortante da lâmina em minha mão. Mas a confiança que ela deveria trazer foi rapidamente esmagada pelos sons que começaram a inundar o ambiente: gritos de agonia, pedidos de ajuda, o estalo de vidros se estilhaçando, e o som seco de algo pesado sendo destruído. Estava acontecendo. O Desastre havia começado.

Meu primeiro instinto foi pensar nos meus amigos, mas a realidade era cruel.
(Eu estou sozinho aqui, e eles estão juntos. Não há tempo para heroísmos idiotas. Se eu quiser sobreviver, preciso focar em mim mesmo agora.)

A casa do Nalta estava a pouco mais de três quilômetros de distância. Em circunstâncias normais, seria uma caminhada de 40 minutos, talvez menos se eu apressasse o passo. Mas essas não eram condições normais. Do lado de fora, o mundo era agora um campo de batalha, e eu sabia que cada segundo de hesitação me colocava mais perto de me tornar uma das vítimas. Eu tinha que decidir rápido.

(Eu poderia seguir direto para a casa do Nalta...) pensei, mas rapidamente descartei a ideia. Se as ruas estavam infestadas de monstros, eu seria um alvo fácil. A cidade era agora uma armadilha, com cada esquina possivelmente ocultando algum pesadelo à espreita. Não, isso seria suicídio.

Minha mente então se voltou para a floresta. Ela estava a poucos minutos de onde eu estava, no final da rua. Talvez fosse uma rota mais segura.
(Os monstros provavelmente vão se concentrar na cidade, onde há mais pessoas... Mais caos...) Era uma suposição, claro, mas era tudo o que eu tinha.

Eu estava lutando contra o tempo. Quanto mais eu esperasse, mais pessoas morreriam, e os monstros perderiam as distrações humanas, começando a caçar qualquer coisa que se movesse. Eu tinha que agir agora, antes que o caos diminuísse e o foco dos monstros se voltasse totalmente para os sobreviventes isolados.

(Eu tenho que sair agora. Aproveitar o caos.)

Decidi que o melhor plano seria tentar chegar até meus amigos, mas não direto. Usaria a floresta para contornar a cidade, evitando o máximo possível das ruas principais. Era uma aposta, mas era a melhor chance que eu tinha de chegar até eles vivo.

Levantei-me com dificuldade, ainda sentindo o peso do mundo distorcido ao meu redor. Minha respiração estava rápida, minha mente correndo com possíveis cenários, mas forcei-me a focar.
(Uma coisa de cada vez, Farlier. Primeiro, sair de casa. Depois, sobreviver.)

Caminhei até o portão da minha casa, cada passo pesado com a incerteza do que eu encontraria lá fora. Quando finalmente empurrei o portão e olhei para a rua, fui recebido por um silêncio estranho. Minha rua estava vazia, sem sinais de vida. Os gritos vinham de algumas ruas de distância, mas aqui, tudo estava quieto.
(Talvez por ser uma área mais afastada...) pensei. Mas essa quietude me preocupava mais do que o caos. Era o tipo de silêncio que precede algo terrível.

Farlier - O DesgraçadoOnde histórias criam vida. Descubra agora