Capítulo 10: Corpos

3 1 0
                                    

A pequena expedição saiu da segurança da tenda e enfrentou o ambiente hostil da Antártica. O vento parecia rugir em seus ouvidos, apesar dos fones antirruídos, e a neve levantada formava redemoinhos ao redor deles. Cada passo na neve profunda era uma luta, o frio cortante se infiltrando mesmo através dos trajes de proteção.

Sarah, na liderança, mantinha um ritmo constante. Atrás dela, Robert a seguia de perto, os olhos vigilantes para qualquer sinal de perigo. Sofia e Lara, logo atrás, moviam-se com cuidado, os soldados ao redor formando um anel protetor.

- Sarah, onde está seu Ipad? - Robert quase entrou em pânico quando a viu com as mão vazias.

- Não preciso dele. Decorei o mapa quando estávamos no helicóptero. Aliás, tivemos sorte do artefato não estar em um lugar elevado, senão jamais conseguiríamos. - dizia Sarah de forma pausada e com respirações profundas.

O vento aumentava de intensidade, agredindo os membros da equipe e tornando a caminhada ainda mais difícil.

De repente, uma rajada de vento atingiu o grupo. Lara desequilibrou-se sendo arremessada ao chão. Seu grito foi ouvido por todos da equipe, que imediatamente pararam alarmados. A queda foi rápida, e o impacto a deixou atordoada por um momento. Um dos soldados próximos rapidamente se postou ao seu lado para ajudá-la a se erguer.

Sofia se aproxima de Lara e a segura pelos ombros

- Lara, meu Deus, você está bem?

- Estou, só um pouco tonta. Podemos seguir.

- Tudo bem, vamos continuar. - Robert fez sinal para que o grupo prossiga.

Apesar de estarem próximos do artefato, a caminhada parecia interminável. Cada passo exigia um esforço enorme, e o frio implacável testava os limites de resistência. O silêncio era apenas quebrado pelo uivo do vento e a respiração pesada de todos.

Finalmente, Sarah parou e levantou a mão, sinalizando para que o grupo fizesse o mesmo. Diante deles, uma visão macabra se revelou. Vários corpos estavam espalhados ao redor de um objeto parcialmente enterrado no gelo. Lá estava ele, o esférico artefato, estranho e inquietante.

- Meu Deus... - murmurou Robert, a voz embargada pelo rádio.

O objeto era uma esfera perfeitamente lisa, com cerca de um metro de diâmetro. Sua superfície lisa era marcada por símbolos esculpidos. E curiosamente, havia uma pequena rachadura nele.

- Aquilo é o artefato? - perguntou Lara, ainda recuperando-se da queda.

- Sim - respondeu Robert, com seus olhos fixos na esfera. - E aqueles... são as vítimas.

Os corpos, rígidos e cobertos de neve, eram um lembrete sombrio dos perigos que enfrentavam. A cena era surreal, como um pesadelo congelado no tempo.

- O que aconteceu com eles? - perguntou Sarah, a voz tremendo levemente.

- Não sei - respondeu Robert, virando-se para encarar o grupo. - Precisaremos que Lara os examine, mas é quase certo que estão mortos.

Um helicóptero corta os céus acima da expedição parando no local onde o objeto está. Um container está amarrado à extremidade de uma corda pendendo do helicóptero. O container é descido até tocar no solo próximo do artefato.

- Sofia, somos eu e você agora.

Robert e Sofia caminham pausadamente lado a lado enquanto os soldados os seguem logo atrás com suas armas sempre apontadas em direção ao artefato. Sarah e Lara estavam atrás do grupo.

- Lara, me dê sua mão, vamos andar juntas. Não aguento mais esse frio.

Lara no mesmo momento apegou-se ao braço de Sarah e ambas andaram juntas a fim de superar o frio e o vento.

As pernas trêmulas de Sofia não pararam até alcançar o artefato. Ao tocá-lo, não pôde sentir sua textura, pois seu traje a impedia. Viu de perto a pequena rachadura na lateral da esfera lisa. Robert abriu o container e voltou para perto de Sofia.

- Certo, vamos erguê-lo com cuidado.

O artefato não era pesado, mas o vento intenso dificultava o transporte. Enquanto se aproximavam do container, Sofia percebeu o grupo de soldados apontando suas armas para eles.

- Se eles atirarem nesse objeto nós seremos atingidos.

Robert não respondeu. Sabia que todos haviam escutado, afinal o canal de comunicação era compartilhado. Apesar disso, os soldados nada disseram. Fariam o que fosse preciso.

SOMBRASOnde histórias criam vida. Descubra agora