05. despedida

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O dia da mudança de Giovanna chegou, trazendo com ele uma mistura de emoções intensas. O céu nublado parecia refletir o clima de despedida que pairava no ar. Embora todos estivessem felizes por ela e pela nova oportunidade, o peso da partida era inegável.

Caixas empilhadas junto à porta, móveis cobertos por lençóis brancos, e malas prontas para serem carregadas no carro. Cada canto do apartamento, que antes estava cheio de vida e risadas, agora parecia vazio e melancólico. Giovanna, de pé no meio da sala, olhava em volta, absorvendo pela última vez o lugar que havia chamado de lar.

Nicole foi a primeira a se aproximar. Com os olhos brilhando de lágrimas, ela deu um longo abraço em Giovanna.

— Eu ainda não acredito que você está indo embora — disse Nicole, tentando sorrir apesar da tristeza evidente em sua voz. — Mas estou tão orgulhosa de você. Vai arrasar no Rio!

Ana Clara e Agatha também se aproximaram, cada uma oferecendo um abraço apertado e palavras de encorajamento. O sentimento de perda era palpável, mas também havia um alívio discreto, como se todos soubessem que essa mudança era um passo necessário para o crescimento de Giovanna.

Larissa, que sempre fora a mais expressiva do grupo, segurou as mãos de Giovanna por um momento mais longo, como se não quisesse soltar. Seus olhos estavam vermelhos, e ela parecia estar lutando para encontrar as palavras certas.

— Não sei como vai ser sem você por perto — Larissa admitiu, a voz embargada. — Mas eu sei que essa é a sua chance de brilhar. Só... não esquece da gente, tá?

Giovanna sorriu com dificuldade, tentando segurar as próprias lágrimas.

— Nunca, Larissa. Eu vou voltar sempre que puder.

Por último, Maya se aproximou. Ao contrário dos outros, ela não disse nada de imediato. Seus olhos encontraram os de Giovanna, e por um momento, parecia que o mundo havia parado ao redor delas. A conexão que compartilharam durante o tempo juntas estava ali, forte e inegável.

— Então, é isso — Maya finalmente murmurou, sua voz baixa e contida.

Giovanna assentiu, sentindo o peso do momento. Ela queria dizer algo que expressasse tudo o que sentia, mas as palavras pareciam insuficientes. Então, em vez disso, ela deu um passo à frente e envolveu Maya em um abraço apertado.

Maya a segurou firme, como se não quisesse deixá-la partir. Quando finalmente se afastaram, seus olhos estavam brilhando com emoções não ditas.

— Cuide-se, Giovanna — Maya disse suavemente. — E... boa sorte.

Giovanna deu um último olhar para todos na sala, seus amigos que se tornaram sua família ao longo dos anos. Com um aceno final, ela pegou sua bolsa e seguiu para a porta, tentando manter a compostura.

Enquanto o carro de mudança se afastava, deixando para trás o apartamento e seus amigos, Giovanna sentiu um misto de alívio e tristeza. A nova etapa de sua vida estava começando, e, embora o futuro fosse incerto, ela sabia que estava pronta para enfrentar o que viesse pela frente.

Enquanto o carro seguia pela estrada rumo ao Rio de Janeiro, a mente de Giovanna estava longe, perdida em pensamentos. Ela ainda estava processando a mudança em sua vida e tudo o que havia deixado para trás. O sentimento de despedida pesava em seu peito, mas havia algo específico que não conseguia tirar da cabeça: Maya.

No meio da viagem, com a paisagem passando rapidamente pela janela, ela pegou o celular, sentindo uma necessidade urgente de expressar o que estava sentindo. Mesmo que as palavras não fossem suficientes, elas precisavam ser ditas.

*"Eu queria que nossa história tivesse sido diferente, mas quem sabe em outra vida, né?"*

Giovanna olhou para a mensagem que havia acabado de escrever, seus dedos hesitando sobre o botão de "enviar". Era uma frase simples, mas carregada de toda a complexidade do que ela sentia. Ela sabia que estava deixando algo importante para trás, algo que poderia ter sido, mas nunca foi.

Com um suspiro, ela finalmente enviou a mensagem, observando a tela do celular até que o ícone de confirmação de envio apareceu. O silêncio que se seguiu parecia ecoar suas próprias incertezas.

Não esperava uma resposta imediata, e talvez nem mesmo uma resposta de Maya. Mas, naquele momento, era como se tivesse finalmente colocado um ponto final na confusão que sentia. Ao mesmo tempo, a mensagem era uma despedida e uma forma de lidar com a dor que carregava.

Enquanto o carro avançava rumo ao Rio de Janeiro, Giovanna tentou se concentrar na nova etapa que a aguardava. Mas, mesmo com a cidade se aproximando no horizonte, ela sabia que uma parte de seu coração ainda estava em São Paulo, com Maya e todos os sentimentos não resolvidos que deixou para trás.

Após várias horas na estrada, o carro de Giovanna finalmente começou a se aproximar do Rio de Janeiro. O céu, antes encoberto por nuvens pesadas, começava a clarear, revelando os primeiros raios de sol que despontavam no horizonte. O calor da cidade já podia ser sentido, mesmo antes de ela avistar os contornos familiares dos prédios e das montanhas ao longe.

A viagem havia sido longa, mas não apenas em termos de distância. Cada quilômetro percorrido parecia ter trazido à tona uma nova onda de pensamentos e sentimentos, que se misturavam e se entrelaçavam como as curvas da estrada. Agora, com o Rio à vista, uma sensação de alívio misturada com nervosismo começava a tomar conta dela.

Giovanna respirou fundo, tentando se preparar mentalmente para o que a esperava. O Rio era sua cidade natal, um lugar cheio de memórias e histórias. Contudo, retornar agora, com uma nova fase da vida pela frente e deixando tantas coisas para trás, dava à cidade um ar diferente, quase como se estivesse redescobrindo-a.

As ruas começaram a se encher de vida enquanto ela se aproximava do centro. O trânsito, o barulho das pessoas, os vendedores ambulantes – tudo estava ali, como sempre, mas para Giovanna, tudo parecia ligeiramente diferente, como se uma nova camada de significado tivesse sido acrescentada a cada detalhe.

Finalmente, o carro entrou em um bairro familiar. As fachadas das casas, as árvores antigas e os pequenos comércios ao longo das calçadas traziam um misto de conforto e nostalgia. Giovanna sabia que, apesar de todas as mudanças, o Rio sempre seria o seu lar.

Ela estacionou o carro em frente ao prédio onde passaria a morar. Ao descer, esticou as pernas cansadas pela longa viagem e olhou ao redor, sentindo o sol quente sobre sua pele. Pegou suas malas no porta-malas, respirando fundo enquanto encarava a entrada do prédio. Aquilo marcava o início de uma nova etapa, uma nova vida, e ela estava decidida a encarar tudo de frente.

Com as malas ao seu lado, Giovanna deu o primeiro passo em direção ao seu novo lar, sentindo que, embora a viagem tivesse acabado, sua jornada estava apenas começando.

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