12. um erro?

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O crepúsculo invadia o horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e púrpura, quando Giovanna saiu da sala de reuniões. Seu corpo, ainda tenso após a intensa conversa com Maya, parecia carregar o peso do que não havia sido dito. O beijo que quase aconteceu permanecia como uma sombra persistente em sua mente, ecoando repetidamente como um lembrete tentador.

Ela caminhava pelos corredores da delegacia, suas botas pesadas ressoando no chão de azulejo, enquanto seus ombros estavam tensos, refletindo a confusão interna que a consumia. O prédio estava em sua habitual agitação, com policiais trabalhando em silêncio, concentrados em suas respectivas investigações. O som de teclados sendo pressionados, telefones tocando, e murmúrios discretos enchiam o ambiente. Porém, para Giovanna, tudo aquilo era um borrão distante. Tudo o que conseguia pensar era no olhar de Maya, em suas palavras carregadas de insinuações, e no modo como o coração de Giovanna acelerava sempre que ela se aproximava.

Ao chegar ao bebedouro, Giovanna parou e tomou um longo gole de água. Seus pensamentos estavam caóticos, e ela sabia que precisava se recompor, encontrar seu equilíbrio. O caso que estava investigando exigia total concentração, mas Maya estava tornando isso impossível. Ela soltou o ar lentamente, tentando aliviar a tensão acumulada. Em seguida, decidiu caminhar até a sala de descanso, um pequeno espaço reservado para os policiais relaxarem entre os turnos. Talvez alguns minutos sozinha pudessem ajudá-la a organizar os pensamentos.

Quando abriu a porta da sala de descanso, porém, foi surpreendida ao ver Maya sentada descontraidamente no sofá de couro desgastado. As pernas cruzadas e a postura despreocupada deixavam claro que Maya não estava ali por acaso. Seus olhos brilhavam com uma curiosidade maliciosa, como se soubesse exatamente o que se passava na mente de Giovanna.

- Você me seguiu, Giovanna? - Maya perguntou com um sorriso travesso, inclinando a cabeça para o lado enquanto seus olhos percorriam o corpo da delegada com uma confiança desafiadora.

Giovanna parou por um momento, sua mão ainda na maçaneta da porta, sentindo o estômago se apertar. Ela estava perdendo o controle, algo que odiava admitir. Normalmente, ela era quem mantinha a compostura, quem comandava a situação. Mas com Maya, tudo parecia diferente. Maya tinha essa habilidade de inverter os papéis, de colocar Giovanna à mercê de suas provocações, e isso a deixava desconfortável e, ao mesmo tempo, completamente cativada.

- Nós precisamos conversar, Maya. - Giovanna tentou soar firme, mas sua voz vacilou ligeiramente.

Maya arqueou uma sobrancelha, um sinal claro de que estava gostando do rumo que a conversa tomava. Com um movimento gracioso, ela descruzou as pernas e se levantou, seus movimentos fluidos e calculados. Cada passo que dava em direção a Giovanna era como uma dança, cada movimento cuidadosamente orquestrado para provocar uma reação.

- Conversar sobre o quê? - perguntou Maya, sua voz suave e provocante. - Sobre o que aconteceu na sala de reuniões? Ou sobre o que você finalmente está pronta para admitir?

Giovanna engoliu em seco. As palavras de Maya a atingiram em cheio, mas o que mais a afetava era a proximidade crescente entre as duas. Maya estava perto o suficiente para que Giovanna sentisse o perfume delicado que ela usava, uma fragrância sutil que mexia com seus sentidos.

- Maya, não podemos... - começou a dizer, mas as palavras morreram em sua garganta quando seus olhos encontraram os de Maya.

O olhar de Maya era intenso, seus olhos brilhavam com uma mistura de desejo e desafio. Havia algo ali que puxava Giovanna, como se estivesse presa em um redemoinho de emoções que não conseguia controlar. Ela sabia que aquilo era errado, sabia que estavam ultrapassando uma linha perigosa. Mas naquele momento, tudo parecia se apagar ao redor. O mundo exterior deixou de existir. Só restavam elas duas, e o desejo que pairava entre elas como uma chama prestes a incendiar tudo.

Num impulso que Giovanna não conseguiu conter, ela avançou, encurtando a distância que as separava. Sua mão envolveu a cintura de Maya com firmeza, puxando-a para si. Maya não resistiu, pelo contrário, permitiu que Giovanna a segurasse, seus olhos brilhando com excitação. O ar ao redor delas parecia eletrizado, e o tempo desacelerou, como se aquele momento fosse o único que importava.

Então, sem mais hesitar, Giovanna inclinou-se e a beijou.

O toque de seus lábios foi suave no início, hesitante. Mas logo o beijo se tornou mais intenso, cheio de urgência e emoção reprimida. Maya retribuiu com a mesma intensidade, puxando Giovanna ainda mais para perto, suas mãos deslizando pelas costas da delegada. O beijo delas era como uma explosão, um ato de pura libertação, como se todas as emoções contidas finalmente encontrassem uma saída.

O mundo ao redor desapareceu completamente. Giovanna perdeu a noção de tempo e espaço, seus sentidos dominados pelo calor do corpo de Maya, pelo sabor do beijo, pelo toque de seus lábios. Seus corações batiam em uníssono, e, por um momento, nada mais importava além daquele instante.

De repente, o som de passos no corredor próximo fez Giovanna despertar da névoa que as envolvia. Ela afastou-se rapidamente de Maya, sua respiração ofegante, seu corpo ainda tremendo com a adrenalina do momento. Maya, por outro lado, parecia perfeitamente calma, um sorriso de pura satisfação brincando em seus lábios.

- Você sempre sabe a hora certa de parar, não é? - Maya sussurrou, sua voz suave e cheia de malícia, enquanto seus olhos brilhavam de diversão.

Giovanna não teve tempo de responder. A porta da sala de descanso se abriu com um ruído brusco, e Ricardo, um dos colegas de Giovanna, entrou, segurando um arquivo volumoso nas mãos. Ele parecia distraído, lendo o documento e nem se deu conta da tensão palpável no ar.

- Giovanna, preciso da sua assinatura aqui. - Ricardo disse sem levantar os olhos, completamente alheio ao que quase testemunhou.

Giovanna ainda estava tentando recuperar o fôlego. Sentiu o calor subir em suas bochechas, mas fez um esforço para manter a compostura. Caminhou até Ricardo, pegou a caneta de sua mão e assinou o documento rapidamente, evitando o olhar de Maya, que ainda parecia se divertir com a situação.

- Aqui está. - disse Giovanna, entregando o documento de volta a Ricardo.

Ricardo finalmente ergueu o olhar e notou a presença de Maya na sala. Ele sorriu educadamente para ela, sem qualquer suspeita.

- Ah, Maya! Não sabia que você estava por aqui. - Ele comentou casualmente, ainda sem perceber o que acabara de acontecer.

- Estou esperando o final do expediente. - Maya respondeu com um tom casual, seu rosto perfeitamente sereno.

Ricardo assentiu, aparentemente satisfeito com a explicação, e saiu da sala logo depois, deixando as duas sozinhas novamente.

Quando a porta se fechou, Giovanna soltou um suspiro profundo, tentando acalmar o turbilhão de emoções dentro de si. Ela se sentia dividida entre o desejo e a necessidade de manter o controle. Maya era um enigma, um furacão que arrastava tudo em seu caminho, e Giovanna estava sendo levada junto, querendo ou não.

- Você quase nos colocou em apuros. - murmurou Giovanna, cruzando os braços, como se tentar se fechar pudesse protegê-la de tudo o que sentia.

Maya deu de ombros, um sorriso travesso dançando em seus lábios.

- A adrenalina é o que torna tudo mais interessante, Gi. - Ela respondeu suavemente, aproximando-se novamente. Seus dedos roçaram o braço de Giovanna levemente, o toque suave, mas repleto de promessas.

- Isso não pode acontecer de novo. - Giovanna tentou soar firme, mas até ela mesma duvidava de suas palavras.

Maya sorriu, seus olhos ainda brilhando com aquele olhar sedutor.

- Veremos.

E, com isso, saiu da sala, deixando Giovanna sozinha, seu corpo ainda elétrico com o toque de Maya e sua mente uma confusão de desejos e obrigações.

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