No more tears

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~ Maverick

Um mês antes
O vento frio do fim de tarde de Los Angeles chocando-se contra meu rosto é como uma dose de adrenalina com uma pitada de quero mais. Era mais uma sexta-feira como as outras. No more tears toca no meu fone sem fio por dentro do capacete e é andando por essa orla de Santa Mônica que eu me sinto como um rei andando à cavalo para se livrar dos estresses de sua vida.
Os raios de sol reluzem as ondas do mar, as pessoas se divertem na areia e assim fazem a alegria genuína de seus bons corações palpitarem sobre toda Los Angeles. Simplesmente o tudo aquilo que um coração amargurado pela vida tortuosa inveja profundamente.
O relógio em meu pulso marca cinco e quarenta da tarde, o horário que Aaron Salvatore, vulgo meu pai,  solicitou a minha presença em sua residência. Girei o acelerador da kawazaki e segui a estrada de volta para Bervely Hills.

...

Todos sentados à mesa comendo em silêncio o saboroso salmão grelhado feito por Joey, o melhor cozinheiro da casa. Lisa também estava presente, e por mais que ela tivesse idade para ser minha irmã mais nova, ela é apenas a atual namorada no nosso pai, Aaron — o que era ridiculamente estranho para uma mulher de vinte e sete anos.
Vincent comia como se estivesse acabado de sair da prisão. Suas bochechas preenchidas pela comida fazia com que ele parecesse até mesmo um esquilo estocando nozes.

— E então, o que aconteceu com o processo? Soube que o veredito final foi hoje. — Diz Aaron quebrando o silêncio.

— Ocorreu tudo bem. — Digo mexendo com o garfo no prato pra lá e pra cá. Meu apetite havia ido totalmente embora diante daquela namorada no meu pai. Ela estava vestida como se fosse uma prostituta. Que nojo.

— Que seco, achei que estivesse animado para ver o seu pai. — Ironizou.

— Achei que só nos víssemos como capangas ao invés de filhos que você quase abandonou. — Retruquei.

— O que você disse seu pirralho?! — O mais velho bateu com o punho sobre a mesa, se inclinando sobre ela na tentativa de me intimidar como se eu tivesse cinco anos de idade.

Sem alterar a voz ou o comportamento, apenas permaneci com os olhos fixados aos seus. Eu era bom naquilo então ele não conseguia me tirar a postura agindo como se eu ainda fosse o filho na qual ele seria forçado a criar.

— Amor, não grite com o seu filho dessa maneira. Vamos apenas aproveitar o jantar em família e dar a notícia. — Lisa tenta amenizar a tensão da situação enquanto Vincent continua comendo como se o mundo estivesse prestes a acabar.

Aaron descansou as costas na cadeira e suspirou.

— Espera, que notícia? Vocês vão se casar? — Vincent finalmente diz algo e para de mastigar.

O olhar de Vincent oscilou entre Lisa e nosso pai. Eles dois fizeram o mesmo e logo voltaram seus olhos para nós.

— Eu os chamei aqui para dizer que estarei voltando para a Itália na próxima semana. Não pretendo continuar vivendo longe do meu país então quero que façam um bom aproveito não só desta casa, mas sim de todos os meus bens que ficarão aqui em território americano.

Voltar pra Itália? De onde ele tirou essa?
O meu pai não viaja pra Itália desde que trouxe eu e Vincent para morar com ele aqui em Los Angeles. As merdas que ele fez lá resultou na má reputação de toda a família que ainda resta em território Italiano, por que caralhos ele quer voltar?

— Agora eu fiquei curioso. — coloquei os talheres ao lado do prato e voltei os olhos para ele — Não foi você que disse que não pisaria na Itália nem morto?

Aaron bufou um riso sarcástico e me olhou seriamente.

— Eu fui obrigado a criar vocês. Acredito que já não precisam mais dos ensinamentos do papai pra viver então esta na hora de voltar para minha terra e descansar até que eu morra.

SeñoritaOnde histórias criam vida. Descubra agora