O Sombrio

Serial killer

15 de Novembro de 1982

Meados anos 80 enquanto o rock dominava as paradas de sucesso e as drogas estavam no auge da contemplação jovial, Marco Antônio tinha em seus braços o pai morto, todo ensangüentado e sua mãe nua ao seu lado, violentada, fora estrangulada com uma peça de suas roupas intimas.

Marco não conseguiu se mexer, nem se importou com o frio que o seu pequeno corpo sentiu enquanto o sangue do seu progenitor secava devagar em si, a visão embaçada pelas lágrimas que teimava em cair constantemente não o impediu de ver que a sua família havia acabado, o pobre garoto perdeu-se na ideia fixa de vingança.

Ele não percebeu a policia chegando, não percebeu as vizinhas curiosas comentando enquanto tentavam ver mais detalhes do lado de fora da janela, só se moveu quando um oficial o puxou a força pra longe, primeiro para o carro da policia, depois para uma delegacia, então uma assistente social o levou para uma instituição, ele acompanhou dia após dia os noticiários sobre o crime, mas o assassino nunca fora encontrado... Pelo menos naquela época...

14 de Abril de 2006

- Por você ser um excelente advogado é que me caso com você!

- Só por isso Kátia?

- Claro que não... – A mulher sorriu abraçando o rapaz - Seu bobo, eu te amo.

Quando Ricardo saiu da casa de Kátia não percebeu que já havia alguém do lado de fora observando tudo silenciosamente, depois de meia hora naquela vigilância o estranho subiu as escadas e bateu na porta...

No meio do caminho Ricardo se lembrou de ter esquecido o celular e resolveu voltar, estranhou que a porta de Kátia estava entreaberta e estranhou mais o fato de não escutar a voz da noiva quando a chamou, somente ouvira os latidos do cachorro da mulher que pareciam mais agressivos que o normal.

Quando entrou na sala viu uma mancha de sangue que se estendia por todo corredor e ele a seguiu até o final, Ricardo temeu pelo pior, mas segurou a ansiedade e o medo, ele lentamente seguiu o rastro que o conduziu até o quarto dela, colocou a cabeça pra dentro do cômodo e a viu sentada de cabeça baixa ao lado da cama, sem roupa, Ricardo se aproximou para tocá-la e percebeu que sangue escorria de sua face, ele sentiu receio em erguer a cabeça e deu um grito de horror quando viu que ela estava morta, que o rosto estava dilacerado por algum objeto cortante e que haviam amarrado um pano sobre o seu pescoço, ele não tinha percebido que se tratava de uma das peças intimas dela.

Ricardo deu um pulo pra trás apavorado, soltou outro grito e ficou em choque, o grito dele alertou um dos vizinhos que entrou na casa, vendo a cena, o vizinho ligou para a polícia, depois tentou reanimar Ricardo, mas o mesmo continuava em choque, chorando como uma criança abandonada, os dois foram para a sala enquanto esperavam pelo auxílio policial.

A viatura chegou depois de vinte minutos, dois homens saíram do carro, um deles ficou na sala ouvindo as testemunhas do ocorrido, o outro entrou e saiu com menos de dois minutos, fez uma chamada formal pela viatura e esperou no carro, depois de alguns minutos três carros pararam de frente com a casa e o policial da primeira chamada fez um gesto, entraram oito homens no recinto, um trazia uma câmera fotográfica e outros aparelhos para uma primeira analise, o último que entrou não trazia nada, não usava nenhum uniforme, se apresentou como chefe da investigação da homicídios e entrou no quarto.

Voltou meia hora depois com um bloco de notas, tentou tirar um breve depoimento de Ricardo, mas o encaminhou a um médico, esperou até a ambulância chegar e levar o corpo, depois entrou novamente na cena do crime, o vizinho voltou pra casa dele e contou tudo o que tinha acontecido para a mulher, o investigador notou que não havia marcas de luta em nenhum cômodo, a vitima não fora morta na porta como pensou logo de cara, ela havia sido morta no quarto, arrastada da sala para o quarto, havia pegadas no sangue, o que ele não soube distinguir se eram de Ricardo ou do assassino, cinzas de cigarro sem bitucas, não tinha como fazer nenhuma analise do DNA, livros velhos jogados da estante.