Capítulo 3: Verdades Ocultas

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Peter acordou no dia seguinte com a luz do sol penetrando pelas cortinas do seu quarto. Por um breve momento, ele se esqueceu do que o esperava do outro lado da porta, e seu coração quase acreditou que o pesadelo havia terminado. Mas quando se levantou da cama, a realidade voltou a se impor, pesada como sempre.

Desceu as escadas com cuidado, esperando não encontrar May pela casa. Sentia-se como um intruso na própria vida, movendo-se nas sombras para evitar confrontos. A cozinha estava silenciosa, e ele rapidamente preparou algo para comer, antes de sair para a escola.

O dia transcorreu como de costume, mas Peter mal conseguia se concentrar nas aulas. Seus pensamentos estavam divididos entre as recentes suspeitas de Tony e o que o aguardava em casa. Sua mente criava cenários cada vez mais terríveis, e ele tentava afastá-los, concentrando-se em qualquer outra coisa.

Quando finalmente o último sinal do dia tocou, Peter pegou suas coisas e se apressou para sair da escola. Ele sabia que não poderia voltar diretamente para casa, então decidiu ir até a Torre Stark. O ambiente lá era muito mais seguro e reconfortante do que qualquer outro lugar. Tony e os outros Vingadores eram sua verdadeira família, mesmo que ele ainda não tivesse coragem de admitir isso em voz alta.

Ao chegar na Torre, foi direto para o laboratório, onde encontrou Tony concentrado em alguns projetos. A visão do seu mentor, tão focado e ao mesmo tempo acessível, sempre o acalmava um pouco. Tony levantou os olhos e sorriu quando viu Peter entrar.

-Ei, garoto! Como foi na escola?

Peter forçou um sorriso, tentando parecer mais animado do que realmente estava.

-Foi tudo bem. Nada de mais.

Tony assentiu, observando o garoto por alguns segundos. Ele sabia que Peter não estava sendo totalmente honesto, mas decidiu não pressioná-lo por enquanto.

-Que tal a gente dar uma olhada no traje? Talvez fazer algumas melhorias?

Peter ficou aliviado pela mudança de assunto e rapidamente se envolveu no trabalho. Eles passaram horas ajustando e testando as novas modificações, e por alguns momentos, Peter conseguiu esquecer os problemas que o atormentavam. Mas, à medida que a noite caía, uma sensação crescente de ansiedade tomou conta dele.

Quando eles terminaram, Tony guardou as ferramentas e virou-se para Peter.

-Você está bem, garoto? Pareceu um pouco distante hoje.

Peter hesitou, o nervosismo tomando conta. Ele não queria preocupar Tony, mas ao mesmo tempo, sentia que não poderia continuar escondendo o que estava acontecendo.

-Eu... estou bem. Só algumas coisas na cabeça.

Tony estudou Peter por um momento antes de se aproximar e colocar a mão no ombro do garoto.

-Sabe, Peter, você pode falar comigo sobre qualquer coisa. Não importa o que seja.

O garoto abaixou o olhar, sentindo as lágrimas começarem a se formar. Ele queria tanto contar a verdade, mas o medo o paralisava. Como ele poderia expor tudo aquilo sem que sua vida desmoronasse de vez?

-Eu... estou um pouco cansado, só isso. Talvez eu devesse ir para casa descansar.

Tony olhou para Peter, sabendo que algo estava muito errado. Mas, ao ver o estado emocional do garoto, ele decidiu não pressioná-lo mais por hoje.

-Ok, mas se precisar de qualquer coisa, me liga. Qualquer coisa, Peter.

Peter assentiu, murmurando um agradecimento antes de sair. Ele sabia que estava adiando o inevitável, mas não tinha certeza de como poderia enfrentar tudo isso.

[...]

Ao chegar em casa, o coração de Peter afundou ao ver que as luzes estavam acesas. Ele entrou com cuidado, esperando não chamar atenção. Mas, como sempre, a sorte não estava ao seu lado.

-Peter, venha aqui.- a voz de May soou da sala. Ela parecia calma, mas Peter sabia o que isso significava.

Com o coração acelerado, ele foi até onde ela estava. May estava sentada no sofá, segurando um copo de vinho. Ela olhou para ele, seus olhos cheios de algo que Peter não conseguia decifrar, mas que sempre o fazia sentir-se ainda menor do que já se sentia.

-Eu soube que você passou o dia na casa daquele homem, Tony Stark.- disse ela, com uma calma assustadora.

-Eu estava... ajudando com algumas coisas.-Peter respondeu, a voz quase um sussurro.

-Você passa muito tempo lá, não é?- May se levantou e deu alguns passos em direção a ele. 

-Você sabe que isso pode acabar, não sabe?

Peter congelou. Havia algo de ameaçador na maneira como ela falava, e ele sentiu a familiar onda de pânico começar a se formar.

-May, eu... eu só quero ajudar.- ele tentou explicar, mas ela já estava próxima demais, sua mão agarrando o braço dele com força.

-Você pertence a esta casa, Peter. Não ao mundo dele.- ela disse com um tom de voz que parecia mais uma sentença do que uma simples afirmação.

Ele tentou se soltar, mas May era mais forte do que parecia. A noite estava apenas começando, e Peter sabia que seria mais uma batalha silenciosa e dolorosa que ele teria que enfrentar sozinho.

O tempo passava lentamente, cada segundo uma eternidade. Mas, no fundo, Peter sabia que algo estava mudando dentro dele. Ele não poderia continuar suportando tudo isso sozinho por muito mais tempo. Algo tinha que ceder, e quando isso acontecesse, o mundo de Peter Parker nunca mais seria o mesmo.

My little avenger - irondad & spiderson Onde histórias criam vida. Descubra agora