Corações unidos

Capítulo 8

Quando a classe 1-A retornou aos dormitórios após a intensa reunião, o clima estava pesado, como se cada aluno carregasse o peso do mundo em seus ombros. O corredor, que normalmente era preenchido por risadas e conversas, agora estava silencioso, quebrado apenas pelos passos arrastados dos estudantes que ainda processavam as ordens de Aizawa.

Midoriya, sempre sensível às emoções dos outros, olhou para seus colegas. Ele podia ver a determinação nos olhos deles, mas também a sombra do medo e da incerteza. Sabia que todos estavam cientes do que estava em jogo — o próximo confronto poderia ser decisivo, não só para eles, mas para todo o mundo.

Bakugou, que geralmente liderava o grupo com seu tom autoritário e energia explosiva, caminhava mais à frente, seus punhos cerrados. Ele estava em silêncio, mas a raiva e a frustração eram palpáveis ao seu redor. As palavras de Aizawa ecoavam em sua mente, a ideia de usar a arrogância do All for One contra ele, uma estratégia ousada que exigiria que cada um deles estivesse no seu melhor.

"Vamos acabar com eles, Izuko" disse Bakugou abruptamente, sem olhar para trás, mas sabendo que Midoriya estava logo atrás dele. "Não vamos dar a eles nenhuma chance de se reerguer. Vamos esmagá-los antes que possam reagir."

Midoriya assentiu, determinado. "Sim, Kacchan. Faremos o que for necessário."

Mais atrás, Uraraka e Iida trocavam olhares preocupados. Ela tentava sorrir para ele, mas a expressão em seu rosto era tensa. "Temos que confiar uns nos outros, como sempre fizemos. Isso é o que nos trouxe até aqui," ela disse, tentando infundir coragem em suas palavras.

Iida assentiu firmemente. "Vamos fazer isso pelo nosso futuro. Por tudo o que lutamos. Não podemos falhar agora."

Shoto Todoroki, calado, seguiu ao lado dos dois, seus olhos mirando o vazio à frente. Ele sabia que o plano era arriscado, mas não havia outra escolha. "Se mantivermos o foco e agirmos em conjunto, poderemos surpreendê-los. Precisamos fazer isso funcionar."

Kirishima foi até Kaminari e Sero, tentando animá-los com sua habitual positividade, mas até ele estava visivelmente abalado.

Momo Yaoyorozu, por sua vez, já planejava em sua mente como poderia maximizar a eficácia de suas criações para o confronto, enquanto Tokoyami murmurava baixinho para Dark Shadow, reforçando o vínculo que seria crucial para sua luta.

Izuku caminhava lentamente em direção à mesa da área comum do dormitório, seus pensamentos vagando longe enquanto ponderava os próximos passos que deveria tomar. Com a mão apoiada no queixo, começou a murmurar sobre as novas melhorias que precisaria fazer em seu traje de herói, tão absorto em suas ideias que não percebeu quando se sentou ao lado de Katsuki, Iida e Todoroki.

Bakugou estalou a língua no céu da boca, irritado. "Ei, nerd, para de murmurar. Já falei que isso é muito chato."

O comentário fez Izuku interromper o falatório, sorrindo constrangido. "Desculpa, Kacchan. Eu não percebi que estava pensando em voz alta." Ele olhou fixamente para Bakugou, visivelmente desconcertado.

"Tá, tá, já entendi. Mas, se me lembro bem, você não vai precisar de melhorias no seu traje." O comentário fez Izuku olhar confuso. "Não?"

Katsuki lançou um sorriso malicioso. "Aquele trapo devia ir direto para o lixo. Você vai precisar de um novo."

Izuku coçou a nuca, envergonhado, lembrando-se do estado em que retornou à escola. "Verdade, Kacchan. Depois vou falar com a Hatsume."

Todoroki alternava o olhar entre os dois amigos, tentando entender a atmosfera diferente que pairava sobre eles. Bakugou franziu o cenho e fez uma careta ao ouvir a menção à excêntrica inventora. "Aquela maluca deve estar ainda mais pirada."