Capítulo I

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A luz rasgou o tecido das sombras,

Do vazio percebi que aqui estava,

Depois do eterno inexistir eu existia,

Do vazio nasceu alguém com o peito cheio de dor.



Viver é uma droga, existir é pior ainda, mas eu tinha que sobreviver em meio a tantas incertezas, ser forte não era uma opção ou uma qualidade, era extremamente necessário, ou então o mundo me esmagaria com seu gigantesco peso.

Todo santo dia eu me levantava bem cedo para estudar e me arrumar para ir ao colégio, isso que dava estudar em uma escola da elite, isso além de ser constantemente humilhado por aqueles riquinhos metidos a bestas.

Bem, falando agora sobre mim, me chamo Matteo, sou brasileiro, mas vivo em Los Angeles, nos Estados Unidos, há alguns anos. Tenho cabelos pretos e ondulados, pele parda, macia e lisa. Olhos escuros, um rosto bochechudo, um corpo baixinho, de menos de um e setenta de altura e um corpo com curvas.

Me considero uma pessoa bem realista, focada e um pouco inteligente, mentira, sou bem inteligente, do tipo que aprendeu a tabela periódica aos sete anos, sabe de muita coisa. Entretanto tenho uma grande fobia social, o que resulta em quase nenhum amigo, desde que comecei a estudar no Colégio dos Ricos.

Moro com minha mãe, alugamos um pequeno apartamento nos subúrbios, ela trabalha o dia inteiro, às vezes até durante a noite, sinto muita pena dela, mas ela não aceita minha ajuda de forma alguma. Isso apenas me dá forças para que eu consiga lhe dar em dobro tudo o que ela merece.

Bem, mas não quero contar aqui a história de como a minha vida é sofrida. Na verdade, estou aqui escrevendo como uma forma de desabafar, afinal aconteceram muitas coisas bem estranhas comigo desde que entrei para o colégio, e muitas dessas coisas não foram nada boas.

Acho que posso começar esse relato dizendo como minha adaptação entre aqueles riquinhos foi difícil, afinal eu era muito pobre, eles sempre me olhavam com desdém, como se eu fosse um leproso e a qualquer momento eu fosse lhes passar alguma doença. Sem falar que a maioria esmagadora deles eram de pessoas brancas, então é presumível que esses olhares estejam carregados de racismo.

Por sorte na minha sala havia outra aluna que também era bolsista, então sempre éramos nós dois para tudo, já que nossos colegas jamais nos aceitariam em qualquer coisa. Sendo bem realista eu nem esperava que fosse bem aceito, mas assim como minha mãe fez muitos sacrifícios por mim, eu deveria também fazer minhas concessões, afinal tudo o que eu fizesse ainda seria pouco.

Mas entrando na grande questão que quer expor aqui, é melhor dar nomes a esse problema, ele se chama Tyler, é também aluno do colégio, o vi pela primeira vez exatamente no primeiro dia de aula, lembro-me que estava bastante entusiasmado com tudo o que eu via no prédio, mesmo com aquela apreensão. Depois de uma aula, no intervalo de almoço, que durava duas horas, fui caminhando até a biblioteca, no meio do caminho acabei o vendo no corredor caminhando em minha direção, ele usava um moletom com um capuz preto sobre a cabeça, seu olhar era extremamente sombrio, mas ele era assustadoramente bonito, o rosto bem desenhado e com um par de olhos cuja coloração parecia uma mistura entre azul e verde.

Fiquei um pouco hipnotizado com o que vi, eu era assim, um pouco estúpido às vezes, sempre que via alguém bonito eu não sabia como agir, ele percebeu meu olhar fixo e falou em um tom seco:

Compulsivo e obsessivo - [Dark romance]Onde histórias criam vida. Descubra agora