Capítulo IX

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Esses últimos tempos com o Tyler me ensinaram muitas coisas, uma deles era que ele é uma pessoa extremamente inconstante, comecei a perceber isso com suas mudanças de humor de um dia para o outro.

— O que você tem? — Questionei uma noite ao perceber que ele estava bem distante do nosso momento pós-sexo, sua expressão era séria, como se estivesse com raiva.

— Nada, só aqui pensando em algumas coisas. —

— Sabe, às vezes faz muito bem se abrir com outras pessoas, ainda mais comigo. —

— Matteo, meus problemas são meus problemas, não seus, você precisa entender isso. — Não toquei mais no assunto, mas depois que ele ele foi embora fiquei pensando um bom tempo sobre o que lhe acontecia, no que ele insistia em esconder de mim. No dia seguinte, ele estava tão diferente, estava mais concentrado no momento, sorria com mais intensidade, estava inclusive mais afetuoso. Isso me deixava extremamente inseguro com tantas coisas, pensava tantas coisas.

— Você está bem? — Questionei.

— Por que não estaria? Estou aqui com você, com minha cabeça sob sua coxa, com você fazendo carinho em minha cabeça. —

— É que você não me fala muita coisa da sua vida, então não sei o que te acontece, por isso sempre pergunto, pois tenho medo de não saber quando você está bem. —

— Estou bem, estou com você. —

— Então é apenas isso que importa. — Com aquela resposta vazia, fiquei apenas um pouco decepcionado, afinal ele não confiava em mim para dividir suas angústias, sempre com seus mistérios, como se não quisesse que eu soubesse de qualquer coisa sobre sua vida.

— Você está com raiva, não está? — Ele percebeu minha mudança de humor e então levantou sua cabeça e ficou sentado bem a minha frente.

— Não, só estou um pouco pensativo. —

— Porra, Matteo, estávamos em um momento tão bom, por que você tem que  trazer esse assunto de novo e de novo? —

— Está dizendo que estraguei o momento, é isso? —

— Não estou dizendo isso, estou falando que o momento está bom demais para colocar meus problemas em questão. —

— Esquece, Tyler, esquece, não ter perguntei nada, não quero saber de nada. — Naquele instante realmente fiquei com raiva, já estava um pouco cansado daquele mistério todo, estava cansado de ele me excluir de sua vida.

— Matteo, me escuta, você é tão perfeito,  tão doce, você não precisa ficar se preocupando comigo, sou eu quem devo me preocupar com você, me preocupar com seu bem-estar. —

— Tyler, só pensa um pouco, o que de tão ruim você poderia me esconder além de ter invadido minha casa, colocado uma faca em minha garganta, usado drogas? —

— Em vez de falar sobre mim, por que não falamos de você? Não sei muito coisa sobre você também. —

— Não mude a conversa, você sabe muita coisa a meu respeito. —

— O que quer saber de mim? — Ele inesperadamente cedeu.

— Você tem irmãos? —

— Não, sou filho único. —

— Já quis ter irmãos? —

— Já, mas só quando era criança. —

— Com quem você mora? —

— Com minha mãe. —

— E o seu pai? —

— Eles são divorciados. — Percebi que aquele era um tema delicado para ele então desviei o rumo das perguntas.

Compulsivo e obsessivo - [Dark romance]Onde histórias criam vida. Descubra agora