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De que diabo você está falando? Seu nariz não é bisonhamente grande.

— carta de Jeon Jaehyun para o irmão, Jungkook.

Taehyung disse que só precisaria de dez minutos, mas Jungkook acabou esperando 25 antes de voltar ao quarto de número 17. O ômega planejou demorar meia hora, mas então começou a ficar preocupado – afinal, ele ainda estava muito fraco. E se não conseguisse sair sozinho da banheira?

Àquela altura, a água já estaria gelada. Taehyung poderia acabar pegando um resfriado. Ele merecia um tempo a sós e o mais novo não queria negar-lhe um pouco de privacidade, desde que não causasse nenhum prejuízo à saúde dele.

Era verdade que, enquanto cuidava dele no hospital, Jungkook viu o corpo de Taehyung de um modo deveras impróprio, mas não tinha visto tudo. Desenvolveu maneiras muito criativas de usar o lençol. Amarrava-o assim ou assado, sempre preservando a dignidade dele.

E a sua pureza.

Toda a cidade de Nova York podia acreditar que ele era um ômega casado, mas Jungkook ainda era um rapaz inocente – por mais que um único beijo do capitão Kim Taehyung o tivesse deixado sem ar.

Sem ar?

Estava mais para sem juízo.

Devia ser proibido existir um homem com aquele olhar. Um olhar tão marcante, semelhante a um felino prestes a devorá-lo. Sim, ele tinha fechado os olhos ao beijá-lo, mas isso era irrelevante: o ômega não conseguia parar de pensar no instante que antecedeu o beijo, quando ele achou que fosse se afogar na imensidão do olhar do alfa.

Jungkook sempre gostou dos próprios olhos, mas os olhos de Taehyung…

Ele era um alfa lindo, não tinha como negar. E poderia estar tremendo de frio naquele momento. Pior: poderia estar prestes a pegar um resfriado na água, que já devia estar gelada, e só Luna sabe como um resfriado podia ser perigoso no seu estado de saúde.

Ele correu escada acima.

Tae? — chamou, batendo de leve à porta. “Por que está tão quieto aí dentro?”, pensou alarmado. — Taehyung!

Nenhuma resposta.

Um arrepio de medo percorreu o corpo de Jungkook. Ele agarrou a maçaneta e abriu a porta. Enquanto entrava no quarto, desviando os olhos para o chão, chamou o nome dele outra vez. Como ele não respondeu, finalmente olhou na direção da banheira.

— Você dormiu mesmo!

As palavras se atropelaram boca afora antes mesmo que ele pudesse pensar que não seria uma boa ideia acordá-lo com um sobressalto.

— Aaaah!

Taehyung despertou assustado, espalhando água para todo lado, e Jungkook correu para o outro lado do quarto, sem saber bem o porquê. Mas não podia simplesmente ficar parado ali, na frente dele.

Ele estava nu.

— Você disse que não ia dormir! — acusou indignado, de costas para a banheira.

— Não, você disse que eu não ia dormir. — retrucou ele. Droga, ele estava certo.

— Bem, imagino que a água já esteja fria — falou em um tom que deixava muito claro que ele não fazia ideia de como se portar naquele momento.

— Está tolerável.

Jungkook se remexeu sem sair do lugar, desconfortável, e então cruzou os braços com força. Não estava bravo; na verdade, parecia que o corpo dele não sabia como agir.

Esposo de faz de conta | taekook versionOnde histórias criam vida. Descubra agora