Capítulo 1

97 8 1
                                    

O que posso dizer sobre Gojo Satoru? Desde que o conheci, ele sempre foi uma figura enigmática. Poderoso, arrogante, mas de certa forma, encantador. Eu nunca soube ao certo como lidar com ele — não que isso me incomodasse. Estar na mesma equipe que o “feiticeiro mais forte” é tanto uma bênção quanto uma maldição. Trabalhamos juntos, sim, mas nossa relação nunca passou de algo estritamente profissional. Nunca houve qualquer necessidade de ultrapassar essa barreira... até agora.

***

Era mais um dia normal na Escola Técnica de Jujutsu de Tóquio, ou pelo menos o que se poderia considerar normal nesse lugar. Eu estava absorta em meus próprios pensamentos, revisando mentalmente as instruções da missão que nos aguardava. No entanto, meus devaneios foram rapidamente interrompidos por uma presença que eu já conhecia bem demais.

— Você está concentrada demais, sabia? — A voz de Gojo soou despreocupada, e quando levantei o olhar, lá estava ele, com aquele típico sorriso provocador nos lábios. Seus óculos escuros escondiam seus olhos, mas eu sabia que eles estavam observando cada movimento meu, como sempre.

— Alguém tem que estar, não é? — Respondi, sem conseguir conter o tom irônico. Gojo e sua despreocupação quase infantil sempre me deixaram irritada, mas ao mesmo tempo, eu sabia que era essa confiança excessiva que o fazia ser quem era.

Ele riu, aquela risada leve que era tão característica dele.

— Relaxa, tudo vai dar certo, como sempre.

Por mais que eu quisesse retrucar, algo em seu tom me fez hesitar. Gojo era imprevisível, mas também era inegavelmente eficiente. Em pouco tempo, estávamos lado a lado, prontos para mais uma missão. Aquela sensação familiar de antecipação tomava conta de mim, mas dessa vez havia algo mais — uma sensação incômoda, como se algo estivesse mudando, não apenas ao nosso redor, mas entre nós.

Durante a missão, vi Gojo lutar de perto, como tantas outras vezes. Ele era um gênio em batalha, seus movimentos precisos, sua confiança inabalável. Mas havia algo diferente em sua postura, algo que me fez vê-lo sob uma nova perspectiva. E foi nesse momento, no meio do caos, que percebi: a distância que sempre mantivemos estava começando a se desfazer.

Após a missão, de volta à escola, ficamos sozinhos na sala de descanso. O silêncio entre nós era quase palpável, mas não desconfortável. Pelo contrário, havia uma estranha sensação de proximidade. Gojo, que normalmente falava sem parar, parecia estar esperando por algo, algo que nem ele sabia o que era.

— Bom trabalho hoje — ele disse finalmente, sua voz um pouco mais suave do que o habitual. Nossos olhares se cruzaram, e naquele momento, senti como se algo invisível tivesse se quebrado entre nós. A linha que sempre mantivemos firmemente no lugar começava a desaparecer, e pela primeira vez, senti que talvez estivéssemos indo além de simples colegas.

Eu não sabia o que viria a seguir, mas algo me dizia que o caminho à frente seria tudo menos previsível.

Gojo Satoru sempre teve um jeito peculiar de se aproximar. Apesar de toda a sua extroversão e constante sorriso, ele nunca foi exatamente alguém com quem eu me sentisse verdadeiramente próxima. Ainda assim, ele parecia fazer questão de iniciar conversas, mesmo que fossem curtas e superficiais. Talvez fosse o jeito dele de tentar construir alguma conexão, ou talvez ele só estivesse entediado. Nunca me dei ao trabalho de descobrir.

Quando ele elogiou meu desempenho na missão, agradeci da maneira que sempre fazia quando se tratava dele:

— Melhor que você impossível. — Era uma resposta automática, quase sem pensar, mas funcionava. Ele parecia se divertir com isso, o que provavelmente era a única coisa que importava para ele.

Conexões - Satoru GojoOnde histórias criam vida. Descubra agora