Capítulo 13

31 6 0
                                    

Depois daquela noite, tudo mudou drasticamente. Chamar Gojo de "Satoru" se tornou natural para mim, algo que não passou despercebido pelos outros. Sempre que me questionavam, eu fingia não entender, mantendo a fachada. Mas Satoru? Ele não fazia o menor esforço para disfarçar. Às vezes, o flagrava me observando de longe, ou sentia seus toques sutis quando estávamos próximos. Era como se uma linha invisível nos unisse, e ninguém poderia negar o que estava acontecendo, nem mesmo nós.

Recebemos uma missão importante, daquelas que não podíamos errar. Satoru, teimoso como sempre, insistia que não precisava de ajuda, mesmo quando claramente estava lidando com mais do que deveria.

A missão estava intensa desde o começo, e mesmo que eu tentasse manter minha mente focada, era impossível não me preocupar com Satoru. Ele se jogava de cabeça em cada batalha, sem medir consequências, como se fosse invencível. Mas dessa vez, as coisas estavam saindo de controle. Eu o observava enquanto lutávamos lado a lado, percebendo como ele resistia, mesmo com os ferimentos aumentando.

Eu me machuquei, sim, mas nada que me impedisse de continuar. Satoru, por outro lado, ignorava as próprias dores. Seus golpes eram poderosos, mas havia algo diferente. Sua respiração estava mais pesada, os movimentos um pouco mais lentos. Ele estava se desgastando, e eu sabia que ele estava no limite. Cada ataque parecia consumir mais energia do que ele poderia aguentar.

No momento final, quando vencemos, eu estava aliviada, mas a tensão no ar ainda não tinha desaparecido. Eu o vi cambalear, o que me fez largar tudo e correr até ele. Não importava o quão forte Satoru fosse, naquele instante, ele não conseguiu segurar o peso do próprio corpo. Suas pernas cederam, e eu o segurei antes que ele desabasse no chão.

Meu coração estava acelerado, e a imagem dele, tão forte e sempre no controle, agora se desmoronando em meus braços, me atingiu em cheio. Satoru estava exausto, ferido, e vulnerável como nunca o tinha visto antes. Seus olhos, sempre cheios de confiança e malícia, agora estavam semicerrados, e sua respiração irregular.

Abaixei-me com ele, segurando-o com cuidado, e meu corpo todo se tensionou ao senti-lo mais pesado, como se a energia dele tivesse sido drenada. Eu não sabia o que dizer. Minha voz estava presa na garganta, e meu único instinto era segurá-lo firme, como se assim eu pudesse protegê-lo de tudo.

— Satoru, você precisa descansar... — sussurrei, com a voz embargada.

Ele tentou abrir os olhos, um leve sorriso cansado nos lábios, mas logo sua cabeça recaiu no meu ombro, e eu senti o peso do seu corpo completamente relaxar contra o meu.

Eu ainda estava ali, com Satoru desabado em meus braços, sentindo o calor de seu corpo cada vez mais pesado e sua respiração ainda irregular. A adrenalina da luta começava a se dissipar, mas o medo que se instalava no meu peito não ia embora. Ele parecia tão... indefeso. Algo que eu jamais tinha imaginado presenciar vindo dele.

Minha mente tentava processar tudo o que estava acontecendo. Não era só o fato de ele estar ferido, mas também a ideia de que, pela primeira vez, ele precisou de mim. Não só para lutar, mas para cuidar dele, para ser seu apoio. Não pude evitar sentir uma estranha mistura de medo e afeto crescente.

— Você é sempre assim, né? — murmurei, quase para mim mesma, enquanto acariciava os cabelos dele com suavidade. — Sempre quer fazer tudo sozinho...

Satoru não respondeu. Ele mal tinha forças para se manter acordado, e isso era um sinal mais claro do que qualquer coisa. O homem que parecia carregar o mundo nas costas, agora, precisava de alguém para segurá-lo.

Abracei-o mais apertado, tentando não perder a calma. Eu precisava ser forte, pelo menos por nós dois naquele momento. Eu sabia que não adiantava falar com ele agora, ele estava exausto demais para me ouvir. Tudo o que eu podia fazer era ficar ali, segurá-lo e esperar que alguém viesse nos ajudar.

Conexões - Satoru GojoOnde histórias criam vida. Descubra agora