Capítulo 8

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Na manhã seguinte, acordei com uma mistura de ansiedade e nervosismo. A missão estava programada para acabar com uma alergia persistente, e o fato de que Gojo estaria ao meu lado novamente me fazia sentir um turbilhão de emoções. O universo parecia estar brincando com a gente, como se quisesse que ficássemos juntos de qualquer forma.

Ainda um pouco atordoada pelo que havia acontecido na noite anterior, tentei me concentrar na missão que nos aguardava. A necessidade de manter a compostura e a normalidade era maior do que nunca. Fiquei me perguntando se Gojo também estava lidando com a mesma sensação de desconforto e expectativa, mas, ao vê-lo, parecia que ele estava lidando com tudo com a mesma calma habitual.

— Bom dia — eu disse, tentando manter um tom leve e despreocupado enquanto me aproximava de onde ele estava.

— Bom dia — Gojo respondeu com um sorriso relaxado, sem dar sinais visíveis de que algo estava diferente entre nós. Sua atitude era tão descontraída quanto sempre, e isso me fez sentir uma pequena onda de alívio. No entanto, o calor do beijo ainda pairava entre nós, e eu não consegui esquecer a sensação dos seus lábios.

Durante a preparação para a missão, mantivemos a conversa casual, discutindo detalhes técnicos e fazendo piadas como se nada tivesse acontecido. A maneira como ele falava, como se o beijo não tivesse mudado nada, me ajudou a manter a compostura também.

— Pronta para a missão? — Gojo perguntou, com aquele sorriso confiante no rosto.

— Pronta — respondi, tentando esconder o nervosismo em minha voz. Eu sabia que precisava estar focada, não apenas por causa da missão, mas também para não deixar que o que aconteceu entre nós afetasse nosso trabalho.

Enquanto íamos para o local da missão, a atmosfera entre nós continuava a ser leve e amigável, mas eu estava constantemente ciente da proximidade dele. Era como se o beijo tivesse deixado uma marca invisível que ainda nos ligava, mesmo que tentássemos agir normalmente.

A missão em si foi complicada, como sempre, mas a presença de Gojo ao meu lado parecia ter um efeito calmante. O trabalho em equipe fluiu de maneira natural, e a conexão entre nós — agora, mais forte do que nunca — parecia tornar tudo um pouco mais suportável.

Ao final da missão, enquanto retornávamos para a base, olhei para Gojo e vi o mesmo sorriso despreocupado no rosto dele. A sensação de que algo estava mudado ainda estava presente, mas, por enquanto, parecia que estávamos conseguindo lidar com isso da melhor maneira possível.

A verdade era que, apesar de todo o desconforto e confusão, algo dentro de mim estava começando a gostar da nova dinâmica entre nós. O que o futuro reservava ainda era incerto, mas por agora, parecia que o universo tinha seus próprios planos para nós, e eu estava começando a me acostumar com isso.

Enquanto eu estava deitada na cama, absorvida na leitura de um livro, o som de batidas na porta me tirou da concentração. Levantei-me e fui até a porta para encontrar Gojo lá, segurando uma pequena encomenda.

— Oi, Gojo — eu disse, abrindo a porta. — Entre, por favor.

Ele entrou, e, ao se aproximar, o sorriso relaxado dele me fez sentir uma mistura de nervosismo e excitação. Sentei-me de volta na cama, enquanto ele se acomodava ao meu lado, observando-me com uma expressão de curiosidade.

— Recebi uma encomenda com seu nome e pensei em entregar pessoalmente — ele disse, com um tom casual que parecia esconder uma leve ansiedade.

Eu peguei a caixa e comecei a abri-la, tentando manter a concentração. Dentro, estava mais um livro que eu havia comprado recentemente. Ao ver o título e a capa, um sorriso automático se espalhou pelo meu rosto. Livros sempre foram uma paixão minha, e aquele era particularmente especial.

— Que bom que você trouxe isso — eu disse, ainda sorrindo. — Estava ansiosa para lê-lo.

Gojo, observando minha reação, pareceu um pouco aliviado, mas sua postura era relaxada, quase como se ele estivesse tentando parecer despretensioso. De repente, ele se levantou e se espichou, como se quisesse se alongar após o esforço de trazer a encomenda. Seus movimentos eram graciosos e desinibidos, mas, ao fazer isso, a barra de sua camisa subiu ligeiramente, revelando um vislumbre de seu abdômen.

Sem querer, meus olhos foram atraídos para aquela pequena parte exposta, e eu senti um leve rubor se espalhar pelo meu rosto. Era uma visão inesperada e, de certa forma, íntima.

— Você está bem? — Gojo perguntou, voltando a se sentar na cama, notando talvez minha distração.

— Sim, só... só estava admirando o livro — respondi, tentando desviar o olhar e recuperar a compostura. — Muito obrigada por entregar.

Ele sorriu novamente, um pouco mais naturalmente desta vez, e continuou a me observar, como se esperando por algo mais. O ambiente entre nós estava carregado de uma tensão sutil, mas a familiaridade e a proximidade eram evidentes. Mesmo que tentássemos agir normalmente, havia algo palpável no ar que não podíamos ignorar.

— Eu deveria ir agora? — Gojo perguntou, levantando-se lentamente.

— Se você quiser — eu respondi, ainda com um sorriso no rosto, tentando manter a situação leve.

Ele hesitou por um momento, e eu pude ver que ele estava pensando em algo mais. Mas, finalmente, deu um aceno de cabeça e começou a se dirigir para a porta.

— Nos vemos mais tarde, então —disse ele, com um tom de voz que parecia carregar um significado mais profundo do que as palavras poderiam expressar.

— Sim, até mais — respondi, observando-o sair. Assim que a porta se fechou, voltei a olhar para o livro em minhas mãos, sentindo o calor em minhas bochechas. O momento tinha sido breve, mas tinha deixado uma marca, e eu sabia que nossa conexão estava se tornando cada vez mais complexa e interessante.

Conexões - Satoru GojoOnde histórias criam vida. Descubra agora