A sala de aula era fria e metódica. As paredes brancas, com algumas rachaduras discretas e quadros de avisos repletos de recados presos por tachinhas, eram como ecos que reafirmaram as responsabilidades estudantis.
O relógio, no topo da parede, marcava as horas com uma precisão irritante e seu tique-taque ecoando pela sala reforçava a sensação de que o tempo estava congelado.
Os alunos, presos naquela detenção forçada, estavam vestidos de forma impecável — ou quase. O uniforme da escola impunha uma formalidade que poucos ali se preocupavam em respeitar. As camisas brancas sociais estavam alinhadas sobre os corpos, contrastando com o vinho profundo dos paletós, coletes e gravatas.
Lara sentia a pressão crescente no ambiente, mas sua postura permanecia firme, sentada à mesa da professora como a monitora responsável. Seus longos cabelos estavam presos em um rabo de cavalo e passavam uma imagem de controle que ela nem sempre sentia por dentro.
Os outros alunos estavam dispersos pela sala, também em detenção, mas enquanto Lara se esforçava para manter a ordem, eles pareciam seguir suas próprias agendas.
Eros, sempre desleixado, destacava-se pela sua postura descontraída.. O cabelo castanho estava bagunçado e o sorriso fácil escondia mais do que revelava.
Ao seu lado, Ícaro, com seu charme casual que parecia relaxado. Ele compartilhava a tela do celular com Eros, ambos rindo de algo que viam.
— Eu preciso saber quem é essa garota — murmurou Eros, sem sequer tentar esconder o interesse. O tom cômico, mas vazio.
Diego, sempre moralista, se remexeu em sua cadeira, ajeitando o paletó de maneira meticulosa e lançou um olhar de julgamento, a sobrancelha arqueada, enquanto comentava:
— Tem mesmo necessidade disso, Eros? — perguntou, a voz carregada de um ceticismo suave, mas evidente.
Ícaro riu, mas sua risada tinha uma leveza que o diferenciava. Ele balançou a cabeça, jogando um braço por cima do ombro de Eros em camaradagem.
— Eros, qual foi? Tu não aguentaria 10 minutos com uma garota dessas — provocou, mas o tom era mais brincalhão do que acusatório.
Eros fingiu um aborrecimento, mas seus olhos brilharam com a provocação. Ele empurrou Ícaro levemente, mas o gesto era mais uma reafirmação da amizade entre eles.
Hugo, o mais introspectivo do grupo, ergueu-se da primeira fileira. Ele era alto, os ombros largos, e havia um toque de gentileza em seus movimentos. Mesmo em momentos tensos, Hugo mantinha uma paciência rara. Seus olhos focaram em Eros e Ícaro, a voz gentil, mas firme:
— Parou com a palhaçada, pessoal! — disse, aproximando-se com passos leves. — O que vocês estavam vendo aí?
Ícaro, sem hesitar, inclinou o celular para Hugo, que olhou para a tela com uma expressão de surpresa, recuando ligeiramente.
— O que é isso? — perguntou, mas havia uma hesitação em sua voz, como se já soubesse a resposta.
Lara, sentada à mesa, observava a cena com olhos atentos. Seu papel de monitora exigia que mantivesse a calma, mas por dentro, ela sentia uma crescente impaciência. Ela não queria estar ali, vigiando seus colegas, mas era o que esperavam dela. Ajustando os papeis diante de si, ela interveio:
— Guarda esse celular — disse, sem elevar a voz, mas com uma autoridade que raramente falhava.
Maíra, sentada mais atrás, levantou-se da cadeira, ajustando sua saia plissada com um gesto automático. Seus olhos castanhos estavam fixos em Eros e Ícaro.
— Todo mundo já viu o nude dessa garota, — disse Maíra, com um tom crítico. — Vocês deviam saber o quanto é errado continuar compartilhando isso.
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Por Isso Tudo Acabou Assim
Teen FictionLara sempre foi moldada para ser a melhor - uma aluna exemplar, filha perfeita e o futuro brilhante que seus pais tanto sonharam. Agora, no último ano do ensino médio no Colégio Método, uma instituição de elite onde apenas os mais promissores sobrev...