Capítulo 5

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A sala de dança do colégio Método era ampla, cercada de espelhos que refletiam cada canto do espaço e as grandes janelas permitiam que a luz do final de tarde entrasse suavemente, preenchendo o ambiente com um brilho dourado. O piso de madeira clara rangia levemente sob os pés de Diego, que, vestido apenas com uma saia longa de dança, movia-se com fluidez ao som de uma música baixa e ritmada.

A sala, geralmente vazia àquela hora, era o santuário do jovem. Ele se sentia livre ali, protegido das expectativas externas, das cobranças diárias. As paredes pareciam segurar suas ansiedades, e a dança, naquele espaço íntimo, era sua forma de liberação. Cada movimento de seus braços, cada deslizar de seus pés no chão, era uma fuga silenciosa, uma expressão de quem ele realmente era. Ali, ele não precisava se esconder.

Os olhos de Diego estavam fechados, concentrados na música que guiava seus passos. Seus movimentos eram precisos, mas soltos, como se ele estivesse se despindo de qualquer amarra que o mundo lá fora lhe impunha. A dança era o momento em que ele podia ser completamente honesto consigo mesmo.

Ele não percebeu quando Eros entrou na sala.

Eros ficou à porta, silencioso, observando o colega com uma intensidade que ele mesmo não conseguia controlar. A forma como Diego se movia, com tanta liberdade e confiança, contrastava com a rigidez e as paredes que ele mesmo havia construído ao seu redor. O corpo de Eros estava tenso, as mãos nos bolsos, mas seus olhos não desviavam um segundo de Diego.

Era nítido na maneira como Eros o olhava que havia muito mais ali do que apenas admiração. Ele não sabia como lidar com o turbilhão de sentimentos que tomava conta de si. Cada passo de Diego parecia mexer em algo profundo dentro dele, algo que ele se esforçava para esconder, mas que, naquele momento, era impossível ignorar.

Quando Diego finalmente o notou, parou de dançar bruscamente, os olhos arregalados.

— Há quanto tempo você tá aí? — perguntou Diego, ofegante, surpreso e incomodado com a presença de Eros.

— Eu sabia que você vinha ensaiar depois da aula — respondeu Eros, a voz baixa, quase envergonhada. Ele não conseguia articular bem o que estava fazendo ali.

Diego franziu a testa, ainda tentando controlar a respiração, o coração acelerado pela dança e pelo susto.

— O que você tá fazendo aqui? — perguntou Diego, agora mais firme, sentindo que havia algo fora do lugar.

Eros ficou em silêncio por um momento, evitando o olhar de Diego. Ele sabia que precisava de uma desculpa, mas as palavras não vinham com facilidade. Diego, no entanto, não iria deixá-lo escapar tão facilmente.

— O que você tá fazendo aqui, Eros? — repetiu Diego, mais alto, a tensão crescendo no ar.

Eros finalmente ergueu os olhos, o rosto fechado, mas os olhos expressando algo que ele tentava esconder.

— Eu fui idiota — disse ele, quase como um sussurro.

Diego riu, mas não de diversão, e sim de exasperação.

— E daí? Qual a novidade nisso? — retrucou ele, cruzando os braços, impaciente.

Eros desviou o olhar, claramente desconfortável.

— Os meninos não foram bem no trabalho. O professor deixou a gente refazer, mas eu preciso de você — disse Eros, suas palavras soando forçadas, como se a desculpa fosse apenas uma parte do que realmente queria dizer.

Diego riu de novo, desta vez com ironia, uma risada curta e amarga.

— Você precisa de mim? — perguntou Diego, descrente.

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⏰ Última atualização: Sep 23 ⏰

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