Capítulo 2

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A luz suave da casa envolveu Lara como um cobertor acolhedor quando ela entrou pela porta. O aroma familiar de café e a madeira antiga traziam uma sensação de tranquilidade, um refúgio do mundo lá fora. A casa, com seus móveis confortáveis e prateleiras repletas de livros, sempre fora um lugar de paz para ela, e hoje não era diferente. O ambiente silencioso a fazia sentir-se em casa de verdade, especialmente quando seu pai estava por perto.

Os passos de seu pai ecoaram pelo corredor antes de ele aparecer, o sorriso no rosto já presente, mas com uma leve preocupação que ela sempre via quando ele a aguardava.

— Quer me matar do coração? — disse ele, mas com um toque de humor que ela sempre apreciava.

Ela sorriu, sentindo o calor do abraço apertado que veio em seguida. O abraço do pai era como um porto seguro, e Lara sabia o quanto ele se importava. Ele sempre fora o tipo de pai que estava por perto, não de forma sufocante, mas como um amigo, alguém com quem ela podia contar em qualquer situação.

— Já reclamando? O que aconteceu? — perguntou, sem imaginar que ele estava preocupado de verdade.

Ele se afastou só o suficiente para olhá-la nos olhos, o cenho levemente franzido.

— Eu liguei muitas vezes. Seu celular nem chamava.

Ela puxou o celular do bolso e viu a tela apagada. Tinha esquecido completamente que a bateria havia acabado durante o pôr do sol, enquanto estava com os novos amigos.

— Foi mal, o celular descarregou. Eu esqueci.

Seu pai soltou um suspiro, mas logo disfarçou, tentando manter o tom descontraído.

— Onde você tava? — perguntou ele, a voz curiosa, sem soar inquisitiva.

— Eu saí com uns colegas — respondeu Lara, tranquilamente.

Ele ergueu uma sobrancelha, mantendo o tom leve. A pergunta veio com um sorriso que ela conhecia bem, um daqueles que ele usava quando queria saber mais detalhes.

— Uns colegas? Que legal, filha. Quem são eles?

Lara sabia que ele gostava de estar por dentro de sua vida social, como quem quer fazer parte do que é importante para ela.

— Ah, a Maíra, Diego, Aurora, Ícaro... São da minha turma — disse ela, mencionando os nomes casualmente, sem perceber o interesse particular que ele demonstrava ao ouvir a lista.

Ele sorriu, mas havia algo a mais naquele sorriso. Uma leve preocupação, talvez. Mas Lara não notou. Para ela, seu pai era só curioso.

— Algum... namoradinho? — perguntou ele, num tom brincalhão, como se quisesse quebrar qualquer tensão no ar.

Lara riu, balançando a cabeça.

— Não! Definitivamente não.

Ele relaxou, soltando uma risada também, mas ainda com aquela leveza que sempre marcava suas conversas. Para Lara, aquilo era comum. Eles eram próximos, riam juntos, e ela não via nas perguntas dele algo além de um interesse genuíno em sua vida.

— Desculpa, Larinha, é só que... é seu último ano e você sempre se dedicou tanto. Eu me preocupo, sabe? É fácil se distrair... — Ele falava de um jeito cuidadoso, como quem quer oferecer conselhos sem parecer insistente.

Lara sorriu. Ela sabia que seu pai sempre a via como alguém responsável e dedicada, e ele só queria que ela continuasse assim. Para ela, aquela era apenas mais uma conversa entre dois amigos próximos, onde ele demonstrava cuidado, mas também confiança.

— Não precisa se preocupar, pai. Eu tô bem. — sorriu, querendo aliviar qualquer preocupação que ele pudesse ter. — Aliás, combinei de ir pra casa da Maíra na sexta à noite. Vamos estudar pra um trabalho da escola. Vai ser bom, fazer novas amizades, né?

Por Isso Tudo Acabou AssimOnde histórias criam vida. Descubra agora