Stupid Wife - Bishova

Sonho ou...?

Kate

Dois dias se passaram. Yelena continua me evitando ao máximo, acredita? Eu deveria estar fazendo isso.

Afinal, foi eu quem perdi a memória, eu descobri estar casada com alguém que nunca suportei, eu tenho um filho gerado por mim e não me lembro, estou numa casa estranha, todas as pessoas que eu conhecia hoje em dia são casadas e completamente diferentes.

Por que ninguém se põe no meu lugar ao menos um pouco? Por que as pessoas não conseguem entender que estou com medo disso? Estou vivendo a minha vida como se fosse outra pessoa.

Eu sou uma jovem de 24 anos que na verdade não é jovem mais.

O único lado bom nisso tudo até hoje sem sobra de dúvidas é o Ethan, o pequeno é incrível. Ele é tão inteligente, cativante, um amor de garoto. Um filho exemplar, ele nunca responde e sempre obedece quando lhe mandam fazer alguma coisa. Quando ele volta da escola eu grudo nele como se minha vida dependesse disso, somente com ele me sinto a vontade nessa casa.

Yelena nos observa de longe, eu sinto seus olhares, vejo seus sorrisos. Mesmo sem querer demonstrar é nítido o quão ela fica feliz ao ver eu e o Eth interagindo. Acho que ela gosta disso, as únicas vezes que a vejo sorrir são nessas horas ou então quando ela está com o Ethan.

Mesmo sem perceber, eu também tenho a observado, ela parece cansada, suas olheiras — Antes invisíveis, hoje estão bem visíveis, bolsas enormes e escuras se formaram embaixo dos olhos. Yelena parece exausta, eu diria que ela não tem dormido bem durante a noite. Mas eu não faço ideia se a culpa é minha ou de toda essa situação, ou das duas razões juntas.

As vezes penso se não seria melhor para ela eu ir ficar com os vingadores na base ou até mesmo com a minha mãe logo de vez, semana que vem irei fazer  exames para saber mais do que houve comigo e se isso tem volta. Mas e se não tiver? Como vamos viver assim?

Ela parece estar sofrendo enquanto eu continuo a odiando internamente, mesmo que um pouco menos. Não consigo despertar outro sentimento por ela.

Ninguém consegue viver assim por tanto tempo, penso que uma hora ela irá se cansar da minha frieza e irá embora, e se ela decidir levar o Ethan com ela? Eu não aguentaria viver sem ele. Não mais. Eu aprendi a amar esse garoto.

Meu filho!

Meu.

Rezo todos os dias para que se caso ela decida ir embora, que deixe pelo menos ele.

É tão confuso e estranho pensar nisso, um filho, eu tenho um filho, eu sou casada com ela, a pessoa que eu odiei desde muito tempo atrás. Isso é algum tipo de piada da vida? Piadinha muito sem graça.

–Mãe!

Volto a realidade ao ouvir o chamado do Ethan e suas puxadas frenéticas na barra da minha enorme blusa de basquete dos Lakers que ele me fez usar. Yelena também está usando uma, de cor amarela, assim como a do próprio Ethan. Yelena disse que é um tipo de ritual que costumávamos fazer nos dias de jogo, ela contou que a Natasha e o Clint viciaram o Eth em basquete e desde então ele tenta nos fazer gostar também. Agora entendi porque tem várias coisas dos Los Angeles Lakers espalhadas pela casa. Sério, no quarto do Eth então tem vários acessórios dos Lakers, como ele mesmo chama o time. Sem contar os diversos moletons deles espalhados por aí.

–Oi, Eth. Me distraí um pouco aqui. — Sorri sem jeito para ele e acaricio seus cabelos. Seus olhos verdes estão mais brilhantes hoje. — O jogo começou?

–Ainda não. — Ele responde animado, saltitando ele me puxa pela mão em direção ao sofá. Ethan fica imperativo em dias de jogos dos Lakers, anoto mentalmente. — A mamãe foi buscar nossos nachos.